Questão 1692295

• Banca: Instituto Acesso
• Órgão: Colégio Pedro II
• Ano: 2015
• Provas: Instituto Acesso - 2015 - Colégio Pedro II - Assistente em Administração
• Disciplina: Português
• Assuntos: Interpretação de Textos

A questão abaixo tomará por base o seguinte texto, de Ferreira Gullar (Folha de S.Paulo: 25/03/2012):

Desconfio que, depois de desfrutar durante quase toda a vida da fama de rebelde, estou sendo tido, por certa gente, como conservador e reacionário. Não ligo para isso e até me divirto, lembrando a célebre frase de Millôr Fernandes, segundo o qual “todo mundo começa Rimbaud e acaba Olegário Mariano”.

Divirto-me porque sei que a coisa é mais complicada do que parece e, fiel ao que sempre fui, não aceito nada sem antes pesar e examinar. Hoje é comum ser a favor de tudo o que, ontem, era contestado. Por exemplo, quando ser de esquerda dava cadeia, só alguns poucos assumiam essa posição; já agora, quando dá até emprego, todo mundo se diz de esquerda.

De minha parte, pouco se me dá se o que afirmo merece essa ou aquela qualificação, pois o que me importa é se é correto e verdadeiro. Posso estar errado ou certo, claro, mas não por conveniência. Está, portanto, implícito que não me considero dono da verdade, que nem sempre tenho razão porque há questões complexas demais para meu entendimento. Por isso, às vezes, se não concordo, fico em dúvida, a me perguntar se estou certo ou não.

Cito um exemplo. Outro dia, ouvi um professor de português afirmar que, em matéria de idioma, não existe certo nem errado, ou seja, tudo está certo. Tanto faz dizer “nós vamos” como “nós vai”. Ouço isso e penso: que sujeito bacana, tão modesto que é capaz de sugerir que seu saber de nada vale. Mas logo me indago: será que ele pensa isso mesmo ou está posando de bacana, de avançadinho?

Assinale o item em que há exemplo de uma figura de pensamento:

• A. Não me considero dono da verdade.
• B. Nem sempre tenho razão.
• C. Posso estar certo ou errado, claro.
• D. Hoje é comum ser a favor de tudo.
• E. Ouvi um professor de português afirmar.

Gabarito: A

Comentários

• Que figura de pensamento, neste caso, a alternativa a) representa? Antítese, paradoxo ou eufemismo? Identifico a alternativa c) como antítese, mas não consigo enquadrar a primeira alternativa em qualquer dos tipos mais comuns...
  

• Também fiquei na mesma...

• Não consegui identificar a figura de linguagem, mas como esta banca é uma zona, eu acredito que o gabarito está errado.

• Gabarito A

  
  

  A metáfora consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende entre elas certas semelhanças.
  

  http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.php
  

  
  

  Não me considero dono da verdade.

  Entendo que não tem como a pessoa ser DONA da verdade, é só pensar o seguinte: você pode comprar a verdade, como você compra um celular?? Claro que não, isso é apenas um exemplo para esclarecer.

  
  

• Creio que se trata da figura de pensamento hipérbole ao afirmar ser o dono da verdade. Se encaixa também como metáfora, porém a metáfora é figura de palavra.

• Pensei o mesmo que a Samara.

   

• Gente!!! Até agora só letra A, não é possível que separaram as questões por gabarito. Procede??

• Concordo com a Samara. 

  Pior que  quanto mais estudo, mais eu erro as questões dessa banca.

  Marquei a "c" achando que era um paradoxo...

   

   

   

• A questão é no mínimo controversa, logo no início usa o termo "figura de pensamento" o que me remete as figuras: antítese, eufemismo, hipérbole, ironia, personificação (ou prosopopeia) e onomatopeia, que pelos meus estudos seria um subgrupo das FIGURAS DE LIGUAGEM. No entando, foi dado como gabarito uma  METÁFORA que se enquadra, segundo CELSO CUNHA, como figura de palavra: comparação, metáfora, catacrese, perífrase e sinestesia.

  Mas vamos lá.... 

  A questão  (A) traz claramente uma METÁFORA "não da para descutir", pois "a verdade" não é um objeto ou algo concreto para possuir um dono. A verdade é abstrata e de fato não pode possuir um dono. 

  Já a letra (C) apesar de trazer duas palavras contrárias criando uma possível ANTÍTESE  "certo ou errado" usa uma conjunção alternativa "ou"  trazendo a ideia clara de alternativa, desfazendo assim, no meu entedimento, a ANTÌTESE.

  Então como temos que escolher devemos ir pela menos errada (vamos rir pra não chorar LETRA A). Espero ter ajudado! 

• euem...

• "Não me considero dono da verdade" não é uma metáfora, mas um paradoxo, pois afirma ideias incompatíveis entre si: se não sou dono da verdade, minto; se minto, o que disse é mentira; então sou dono da verdade. Essa frase está enfatizando um paradoxo, que é uma figura de pensamento. Além disso, todas as outras alternativas não recorrem a figurações aparentes, são "cruas". Lembrem-se de que toda metáfora é uma comparação implícita, portanto deve ser relida com o advérbio de modo "como".

• Excelente explicação da professora!

  Trata-se de metáfora, pois a verdade não tem dono, ela informa também que a letra C poderia estar correta, poderia ser antítese, mas que entre as duas opções a mais correta é a letra A.

  Não desista!