- ID
- 1709350
- Banca
- Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ
- Órgão
- Câmara Municipal do Rio de Janeiro
- Ano
- 2015
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Texto I - Clarisse
Clarisse, cidade gloriosa, tem uma história atribulada.
Diversas vezes decaiu e refloresceu, mantendo sempre
a primeira Clarisse como inigualável modelo de todos
os esplendores, a qual comparada com o atual estado
da cidade, não deixa de suscitar suspiros a cada
giro de estrelas. Nos séculos de degradação, a cidade,
esvaziada por causa das pestilências, reduzida em estatura
por causa do desabamento de traves e cornijas e
do desmoronamento de terras, repovoava-se lentamente
com hordas de sobreviventes emersos de sótãos e
covas como férvidos ratos movidos pelo afã de revolver e
roer e que ao mesmo tempo se reuniam e se ajeitavam
como passarinhos num ninho. Agarravam-se a tudo o
que podia ser retirado de onde estava e colocado em
outro lugar com outra utilidade [...] Montada com os
pedaços avulsos da Clarisse imprestável, tomava forma
uma Clarisse da sobrevivência, repleta de covis e casebres,
córregos infectados, gaiolas de coelhos. Todavia
não se perdera quase nada do antigo esplendor de
Clarisse, estava tudo ali apenas disposto de maneira
diversa mas não menos adequada às exigências dos
seus habitantes.Os tempos de indigência eram sucedidos
por épocas mais alegres: uma suntuosa Clarisse-borboleta
saía da mísera Clarisse-crisálida...
Ítalo Calvino. “As cidades e o nome 4" In: As cidades invisíveis. RJ:
O
Globo, 2003. Páginas 102-103. Fragmento.
“Todavia não se perdera quase nada do antigo esplendor de Clarisse" O sentido da frase iniciada pelo conector em destaque modifica-se, caso este seja substituído por: