As narrativas indígenas se sustentam e se
perpetuam por uma tradição de transmissão
oral (sejam as histórias verdadeiras dos seus
antepassados, dos fatos e guerras recentes ou
antigos; sejam as histórias de ficção, como aquelas
da onça e do macaco). De fato, as comunidades
indígenas nas chamadas “terras baixas da América
do Sul" (o que exclui as montanhas dos Andes, por
exemplo) não desenvolveram sistemas de escrita como
os que conhecemos, sejam alfabéticos (como a escrita
do português), sejam ideogramáticos (como a escrita
dos chineses) ou outros. Somente nas sociedades
indígenas com estratificação social (ou seja, já divididas
em classes), como foram os astecas e os maias, é que
surgiu algum tipo de escrita. A história da escrita parece
mesmo mostrar claramente isso: que ela surge e se
desenvolve - em qualquer das formas - apenas em
sociedades estratificadas (sumérios, egípcios, chineses,
gregos etc.). O fato é que os povos indígenas no Brasil,
por exemplo, não empregavam um sistema de escrita,
mas garantiram a conservação e continuidade dos
conhecimentos acumulados, das histórias passadas e,
também, das narrativas que sua tradição criou, através
da transmissão oral. Todas as tecnologias indígenas se
transmitiram e se desenvolveram assim. E não foram
poucas: por exemplo, foram os índios que domesticaram
plantas silvestres e, muitas vezes, venenosas, criando
o milho, a mandioca (ou macaxeira), o amendoim,
as morangas e muitas outras mais (e também as
desenvolveram muito; por exemplo, somente do milho
criaram cerca de 250 variedades diferentes em toda
a América).
D'ANGELIS, W. R. Histórias dos índios lá em casa: narrativas indígenas e tradição oral popular
no Brasil. Disponível em: www.portalkaingang.org. Acesso em: 5 dez. 2012.
A escrita e a oralidade, nas diversas culturas,
cumprem diferentes objetivos. O fragmento aponta
que, nas sociedades indígenas brasileiras, a oralidade
possibilitou