SóProvas


ID
1727143
Banca
FCC
Órgão
TRE-AP
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. Para nós, entretanto, a memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão menos ilustre. Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática.

      Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire", diz ele, “leem-se aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram." E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas.

      Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás.

      Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde percorreu as regiões mal-afamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas!

      Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-Hilaire o “nosso" Saint-Hilaire.

      Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso".

      Precisamos ler muitos homens como Auguste SaintHilaire.

          (Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso" Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202) 

De acordo com o texto,

Alternativas
Comentários
  • a) a grande importância de Auguste Saint-Hilaire para os brasileiros vincula-se ao fato de ter sido um estrangeiro que se esforçou enormemente para conhecer o Brasil e poder assim avaliá-lo com justeza.CORRETA (Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás)

    b) Auguste Saint-Hilaire deve ser lembrado por suas qualidades pessoais, como a simpatia e a bondade, já que do ponto de vista científico a sua obra é bem menos consistente do que a do irmão Geoffroy. No texto não fala que a obra de Saint-Hilaire é bem menos consistente do que a do irmão.

    c) a pouca valorização da obra de Auguste Saint-Hilaire advém do fato de que seus livros, a despeito do caráter científico, são lidos com alguma frequência como pitorescos romances de aventura. A obra dele não teve PROJEÇÃO como a do irmão, mas tem muito valor, principalmente, aos brasileiros.

    d) Auguste Saint-Hilaire sempre demonstrou grande simpatia pelo Brasil, mas não deixou de criticar asperamente as condições de nossas estradas e o que havia de inóspito em muitas regiões que teve de atravessar. Ele pôde até ter criticado as estradas, mas, no texto, não há evidências suficientes para acreditar que foi asperamente. Ele fez muitas críticas, dentre elas, talvez às estradas.

    e) há uma grande injustiça no fato de nem todas as enciclopédias mencionarem o nome de Auguste Saint-Hilaire, quando nunca deixam de mencionar o nome de seu irmão Geoffroy, que é muito menos importante do que ele.Essa é a alternativa absurda, anulável no início da análise. Porque  Geoffroy foi também importante, isso é citado no início do texto.

  • Complementando...


    Trecho que confirma a letra a)

    “Os livros de Auguste Saint-Hilaire”, diz ele, “leem-se aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram.” E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas.
  • b. em lugar algum do texto se fala que o trabalho dele é menos consistente; pelo contrário, até.

    c. quem leu o livro de forma pitoresca foi Roquete Pinto, mencionado no texto. Além disso, o texto não fala que a obra de Saint é pouco valorizada: diz que a obra não teve a mesma projeção.

    d. em nenhum momento se falou em 'críticas ásperas'.

    e. item maluco.