SóProvas


ID
1727161
Banca
FCC
Órgão
TRE-AP
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      A fama de Auguste Saint-Hilaire não teve a projeção da de seu irmão Geoffroy, o continuador de Lamarck; o seu nome não figura, como o do outro, em todas as enciclopédias. Para nós, entretanto, a memória que importa, a que nos deve ser sobremodo cara é a do irmão menos ilustre. Nenhum estrangeiro deixou entre nós lembrança mais simpática.

      Roquete Pinto narra o encantado interesse com que na fazenda dos seus avós devorava, adolescente, as páginas das Viagens. “Os livros de Auguste Saint-Hilaire", diz ele, “leem-se aos quinze anos como se fossem romances de aventuras, tão pitorescos são os aspectos e a linguagem que neles se encontram." E assinala o grande carinho, a bondade, a tão justa medida no louvor e na crítica das nossas coisas.

      Essa obra formidável do sábio francês representa seis anos de viagens pelo nosso interior através de regiões muitas vezes inóspitas. Pelo desconforto dos nossos dias, apesar das estradas de ferro e do automóvel, podemos avaliar as dificuldades e fadigas de uma jornada a Goiás em 1816. Em dezembro de 1816 Saint-Hilaire partiu para Minas, que atravessou de sul a norte, furando depois até Boa Vista, então capital de Goiás.

      Três vezes voltou Saint-Hilaire ao interior do Brasil: em 1818 ao Espírito Santo, onde percorreu as regiões mal-afamadas do rio Doce; em 1819 através de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, até a Cisplatina; finalmente em 1822 a São Paulo por uma larga digressão ao sul de Minas. Ao todo 2.500 léguas!

      Por tudo isso, por tantos trabalhos, por tanta abnegação, tão lúcido afeto e simpatia, e para diferenciá-lo do irmão, mais mundialmente glorioso, podemos chamar Auguste Saint-Hilaire o “nosso" Saint-Hilaire.

      Escrevia sem sombra de ênfase nem pedantismo. A propósito de suas Lições de morfologia vegetal, escreveu Payer, citado pelo sr. Tobias Monteiro: “Um dos característicos da obra de Saint-Hilaire é ser exposta com tanta clareza e simplicidade que a profundeza do julgamento parece apenas bom senso".

      Precisamos ler muitos homens como Auguste SaintHilaire.

          (Adaptado de: BANDEIRA, Manuel. O “nosso" Saint-Hilaire. Crônicas da província do Brasil. 2.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.199-202) 

Ao se reescrever livremente um segmento do texto, a frase cuja REDAÇÃO se manteve inteiramente clara e correta é:

Alternativas
Comentários
  • A) que precisa de (não exige preposição antes do pronome)

    B)  tento em vista o desconforto que experimentamos  (quem experimenta - experimenta algo - não pede preposição VTD)

    C) a ver

    D) gabarito

    E) cujas estão ( não pode ter verbo depois de cujo só substantivo)

  • na verdade, a A está totalmente truncada dificultando a clareza.

  • A letra "a" está padrão Dilma Roussef.

  • Erro da letra C.

    Uma característica fundamental da obra de Saint-Hilaire tem haver com a exposição particularmente clara e simples, cuja profundidade do julgamento se assemelha à simples bom senso.

       

    Como pronome relativo, equivalente a "do que", "do qual", a forma "cujo" (bem como as suas flexões "cuja", "cujos", "cujas", equivalentes respectivamente a "da qual", "dos quais", "das quais") inicia orações de valor adjetivo. Por isso, visto que os adjetivos não devem ser separados por vírgulas dos substantivos que qualificam ou determinam, em princípio a forma "cujo" (bem como as respectivas flexões), pronome relativo, não deve ser precedida de vírgula, embora ela inicie orações. Não obstante isso, quando uma oração relativa de "cujo" constitui uma expressão intercalada, a forma "cujo" é precedida de vírgula. Ex.: "Vi o homem cujo filho é bom"; "o homem, cujo filho é bom, partiu ontem para o Porto".

        

    Espero ter ajudado

  • https://www.youtube.com/watch?v=4lmTXnLHEe8

  • João, o erro da letra C é constar HAVER invés de A VER. 

  • Outro erro da alternativa B é o verbo dever.

     

    Gabarito D.

     

    ----

    "Mesmo desacreditado por todos, eu não vou desistir...Porque vencer é não desistir.

  • Vou a Goiás, Volto DE Goiás... 

    Vou a volto DA, crase há! Vou a volto DE crase pra que?

  • ERRO DA "C" DA TAMBÉM É "à simples" - A NO SINGULAR, PALAVRA NO PLURAL, CRASE NEM A PAU!

  • Creio que outro erro da letra E, além dos já apontados pelos colegas, é a locução por meio de. O correto seria através de.

    Veja o vídeo sobre o assunto: https://www.youtube.com/watch?v=T-gU9kutDNc

     

     e) Seis anos de viagens pelo interior do país por meio de regiões frequentemente inóspitas, cujas estão representadas nessa obra iminente do sábio francês.

     

    Bons estudos.

  • a. essa deve ter sido a redação menos clara que eu já li nesse tipo de item da FCC.

    b. o v. está flexionado errado: deveria ser 'tenhamos'

    c. 'tem a ver' e não 'haver'.

    e. 'cujas' deixa a frase completamente sem sentido.

  • Ele faz uma enumeração de termos deslocados, justificando o emprego de cada vírgula, até chegar na oração que interessa de fato. Oberve a sequência;

    1. Não apenas devido a seus muitos trabalhos e devotamento, [separando termos mesmo valor sintático] lúcida afeição e simpatia,2. mas também com o objetivo de distingui-lo do irmão,3. muito mais ilustre em todo o mundo,[oração principal] podemos nos referir a Auguste Saint-Hilaire como o “nosso" Saint-Hilaire.

  • Mari, a letra C está errada, também, pelo uso indevido da crase em "à simples bom senso" por não se utilizar crase antes de nomes masculinos.

    Embora existam exceções, por exemplo: Usar sapatos à Luís XV. Tem crase porque são sapatos "à moda de Luís XV" - o termo "moda" está implícito na oração.