Errado. Não houve investimento de políticas industriais. Pelo contrário:
Países "periféricos" em razão da grande dependência econômica, financeira e tecnológica, acabam perdendo o poder de manobra da política monetária, além de acuar a política fiscal pelo crescimento dos encargos financeiros nos orçamentos públicos. Do ponto de vista comercial, a "inserção internacional" dos países corresponde a padrões muitos distintos. Enquanto uns são protagonistas ativos na expansão do comércio internacional, mantendo taxas de crescimento de suas exportações acima da média mundial, outros ajustam-se passivamente, perdendo participação nos mercados.
Neste sentido, segundo BRAGA (1997), desdobra-se uma perversa globalização capitalista no sentido de que os países avançados constituiriam entre si uma economia mundial cada vez mais integrada pela ação dos grupos multinacionais e suas estratégias "técnico-financeiras", ensejando investimentos voltados para estes mesmos países que constituiriam o espaço "dinâmico" de consolidação da demanda efetiva mundial. Os países periféricos estariam submetidos a sucessivas rodadas de ajustes fiscais, cambiais e de balanço de pagamentos (em função dos déficits em conta corrente) ao longo dos quais o dinamismo de suas economias seria posto em questão.
Fonte: A RELAÇÃO ESTADO x MERCADO E O TIPO DE DEFINIÇÃO DA ORDEM GLOBAL* Raquel Lorensini Alberti
Os Estados nacionais têm dificuldades em desenvolver políticas industriais,restringindo‐se a tornar os territórios nacionais mais atrativos às inversões estrangeiras.Os Estados locais convertem‐se em ponto de apoio das empresas.Para Husson (1999),uma das funções econômicas do Estado – a qual Mandel (1982) caracteriza como sendo de assegurar as condições gerais de produção – passou a ser a garantia dessa atratividade,a partir de novas relações entre este e grupos mundiais,onde o Estado tem um lugar cada vez mais subordinado e paradoxalmente estrutural.Dentro disso,os Estados nacionais restringem‐se a:cobrir o custo de algumas infra‐estruturas(sobre as quais não há interesse de investimento privado),aplicar incentivos fiscais,garantir escoamentos suficientes e institucionalizar processos de liberalização e desregulamentação,em nome da competitividade.Nesse sentido último,são decisivas as liberalizações,desregulamentações e flexibilidades no âmbito das relações de trabalho – diminuição da parte dos salários na renda nacional,segmentação do mercado de trabalho e diminuição das contribuições sociais para a seguridade e do fluxo de capitais,na forma de Investimento Externo Direto (IED) e de investimentos financeiros em portfólio. Aqui,têm destaque os processos de privatização,reduzindo a sdimensões do setor público,para livrar‐se de empresas endividadas,mas principalmente para dar “guarida” aos investidores, em especial ao IED (CHESNAIS, 1996; GONÇALVES, 1999). (p.82)
(...)
Daí decorre que “[...] o Estado, que supostamente representa o interesse geral, dispõe a partir de agora de uma base mais estreita [de ação e poder decisório] que a empresa mundializada cujos interesses orientam a ação deste mesmo Estado” (HUSSON, 1999, p. 121), com destaque aqui para o capital financeiro e o papel das dívidas públicas como instrumento de pressão político‐econômica e chantagem sobre os Estados nacionais, para que implementem suas políticas e não exerçam a soberania.(p.83)
Fonte: BEHRING, Elaine Rossetti. As novas configurações do Estado e da Sociedade Civil no contexto da crise do capital, in:“Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais” (CFESS, 2009)