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ID
1752559
Banca
FCC
Órgão
TRT - 9ª REGIÃO (PR)
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

                                                     Questão de ênfase

A ênfase é um modo suspeito de expressão. Se há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema, na maioria das vezes é um artifício do superficial que se deseja profundo, do lateral que aspira ao centro, do insignificante que se pretende substancial. É a fala em voz gritada, o gargalhar sistemático, a cadeia de interjeições, a produção de caretas, o insistente franzir do cenho, o repetitivo arquear de sobrancelhas, a pronúncia caprichosa de palavras e frases que se querem sentenciosas e inesquecíveis.
Na escrita, a ênfase acusa-se na profusão de exclamações, na sistemática caixa alta, nos grafismos espaçosos. Na expressão oral, a ênfase compromete a verdade de um sentimento já de si enfático: despeja risadas antecipando o final da própria piada, força o tom compungido antes de dar a má notícia e se marca no uso indiscriminado de termos como “com certeza" e “literalmente", por exemplo: “Esse aluno está literalmente dando o sangue na prova de Física." Com a ênfase, todos os gestos compõem uma dramaturgia descontrolada.
A ênfase também parece desconfiar do alcance de nossa percepção usual, e nos acusa, se reclamamos do enfático. Este sempre acha que ficaremos encantados com a medida do seu exagero, e nos atribui insensibilidade se não o admiramos. Em suma: o enfático é um chato que se vê a si mesmo como um superlativo. Machado de Assis, por exemplo, não suportava gente que dissesse “Morro por doce de abóbora!". Por sua vez, o poeta Manuel Bandeira enaltecia a “paixão dos suicidas que se matam sem explicação". Já o enfático vive exclamando o quão decisivo é ele ser muito mais vital do que todos os outros seres humanos.

(Augusto Tolentino, inédito)

Entre os recursos adotados na elaboração do texto, o autor:

Alternativas
Comentários
  • Resposta item C, pois o autor exemplifica que nossa fala se deixar contaminar pelo uso indevido de expressões como "com certeza" e "literalmente". Trecho abaixo transcrito:

    Na expressão oral, a ênfase compromete a verdade de um sentimento já de si enfático: despeja risadas antecipando o final da própria piada, força o tom compungido antes de dar a má notícia e se marca no uso indiscriminado de termos como “com certeza" e “literalmente", por exemplo: “Esse aluno está literalmente dando o sangue na prova de Física." Com a ênfase, todos os gestos compõem uma dramaturgia descontrolada.

  • b) errada - a palavra superficial não é oposto de lateral. 

    d) o autor não diz que a ênfase é um atributo, e sim que "o enfático é um chato que se vê a si mesmo como um superlativo". Ele diz que ser enfático não é um atributo e sim um defeito. 

    e) a primeira parte da frase está correta "se vale de elementos descritivos, como arquear de sobrancelhas ou franzir do cenho (1º parágrafo). Todavia, a segunda parte: "para realçar as reações de alguém diante do enfático" está errada. O autor não quer realçar as reações da pessoa que está diante do enfático e sim do próprio enfático ! 

  • Quanto à alternativa "se vale de Machado de Assis e de Manuel Bandeira para ilustrar casos em que os excessos da ênfase saltam à vista", creio que o erro esteja no fato de que Machado de Assis "não suporte" a ênfase.

  • não entendi na letra C o porquê de essas expressões serem consideradas indevidas na alternativa. Alguém sabe explicar?

    exemplifica casos em que nossa fala se deixa contaminar pelo uso indevido de certas expressões.

  • Livia, no 2º parágrafo, ele exemplifica, em tom de crítica, que, em certas situações, o uso de ênfase contamina o real sentido de sentimentos e expressões, comprometendo a veracidade das mesmas. Deste modo, a letra C é a alternativa correta.

  • Com a ênfase, todos os gestos compõem uma dramaturgia descontrolada.     gab C

  • c)

    exemplifica casos em que nossa fala se deixa contaminar pelo uso indevido de certas expressões.

  • b) errada - a palavra superficial não é oposto de lateral. 

  • Sobre a alternativa a):

     

    O enunciado traz:

     

     

    "Entre os recursos adotados na elaboração do texto, o autor:

     

    a) se vale de Machado de Assis e de Manuel Bandeira para ilustrar casos (ou seja, exemplificar) em que os excessos da ênfase saltam à vista."

     

    Vamos ao texto e encontramos:

     

    "(...) Em suma: o enfático é um chato que se vê a si mesmo como um superlativo. Machado de Assis, por exemplo, não suportava gente que dissesse Morro por doce de abóbora!". Por sua vez, o poeta Manuel Bandeira enaltecia a “paixão dos suicidas que se matam sem explicação". "

     

    Conclusão que me resta:

     

    A FCC acha que, nos exemplos do texto, não está tão clara a ênfase. "Não saltou aos olhos"... Ah, vá... Como é que eu vou analisar isso. Para mim está evidente (e, portanto, correta também).

     

    O "morro por doce ..." nem vou comentar. E, quanto ao trecho "suicidas se matam": ora, o verbo é suicidar-se. O suicídio não se separa da ideia de que alguém "se matou", "matou ele mesmo" e não outra pessoa (aí seria homicídio). Logo, a frase é enfática, pois repete que eles "se matam". Sem a ênfase poderia ser "paixão dos suicidas que assim agem sem explicação". "Matar a si" e "suicidar-se" possuem o mesmo conteúdo, portanto, nota-se a ênfase.

     

    Essas são as minhas considerações. Alguém entendeu de forma diferente? O suposto erro seria outro?

    Quem puder ajudar eu agradeço. Alguém recorreu?

    Abraço

     

     

     

  • Quanto 'a letra A, o erro esta' em dizer que o autor se utiliza de Manuel Bandeira para ''ilustrar casos em que o excesso de enfase salta a vista''. Na verdade, o autor cita um caso em que Manuel Bandeira valoriza, justamente, o comportamento nao enfatico de um suicida. O suicida se mata sem ser enfatico, sem dramaturgia desnecessaria, sequer explica porque se matou.

     

    Portanto, esta errado dizer que esse caso ilustraria o excesso de enfase. Pelo contrario, ilustra sua falta.

  • Gabarito: C.

     

    Fundamento:

     

     a) se vale de Machado de Assis e de Manuel Bandeira para ilustrar casos em que os excessos da ênfase saltam à vista. incorreto: essa alternativa me trouxe um pouco de dúvida, mas, ao analisar a estrutra, concluí que estava incorreta:

     

    "Em suma: o enfático é um chato que se vê a si mesmo como um superlativo. Machado de Assis, por exemplo, não suportava gente que dissesse “Morro por doce de abóbora!". Por sua vez, o poeta Manuel Bandeira enaltecia a “paixão dos suicidas que se matam sem explicação".[Já o enfático vive exclamando o quão decisivo é ele ser muito mais vital do que todos os outros seres humanos."]

    O autor, ao falar "Já o enfático (...)", compara (diferenciando) com a situação imediatamente anterior. Logo, a construção anterior não é ênfase.

     

     b) emprega palavras de sentido oposto ou antitético, como ocorre entre superficial e lateral (1º parágrafo). incorreto: o autor diz no texto que o oposto de superficial é profundo e de lateral é central. "Se há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema, na maioria das vezes é um artifício do superficial que se deseja profundo, do lateral que aspira ao centro (...)"

     

     c) exemplifica casos em que nossa fala se deixa contaminar pelo uso indevido de certas expressõescorreto: "Na expressão oral, a ênfase compromete a verdade de um sentimento já de si enfático: despeja risadas antecipando o final da própria piada, força o tom compungido antes de dar a má notícia e se marca no uso indiscriminado de termos como “com certeza" e “literalmente", por exemplo: 'Esse aluno está literalmente dando o sangue na prova de Física'."

     

     d) emprega o termo superlativo (3º parágrafo) como um atributo que faz justiça ao talento de quem emprega a ênfase oportunamente. incorreto: pelo contrário! Não faz justiça - o enfático se "acha" indevidamente, sem motivo para tanto! "A ênfase também parece desconfiar do alcance de nossa percepção usual, e nos acusa, se reclamamos do enfático. Este sempre acha que ficaremos encantados com a medida do seu exagero, e nos atribui insensibilidade se não o admiramos. Em suma: o enfático é um chato que se vê a si mesmo como um superlativo."

     

     e) se vale de elementos descritivos, como arquear de sobrancelhas ou franzir do cenho (1º parágrafo), para realçar as reações de alguém diante do enfáticoincorreto: realça as reações do próprio enfático: "Se há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema, na maioria das vezes é um artifício do superficial que se deseja profundo, do lateral que aspira ao centro, do insignificante que se pretende substancial. É a fala em voz gritada, o gargalhar sistemático, a cadeia de interjeições, a produção de caretas, o insistente franzir do cenho, o repetitivo arquear de sobrancelhas, a pronúncia caprichosa de palavras e frases que se querem sentenciosas e inesquecíveis."

  •  c)

    exemplifica casos em que nossa fala se deixa contaminar pelo uso indevido de certas expressões. - morro por doce (texto). correta.

  • Uso indevido e uso indiscriminado pra mim são coisas completamente diferentes...

     

    O autor fala em uso indiscriminado, ou seja, uso descontrolado. Já alternativa fala em uso indevido, ou seja, uso errado...

  • Concordo 100% com a colega Arielly Brito. Também assinalei a alternativa A. 

    É péssimo errar com pura convicção de estar acertando. O jeito é fazer várias questões até entender como pensa a Fundação Cuidado Comigo UAHDUA

  • O erro da letra A provavelmente se refere ao significado do trecho do Manuel Bandeira, que é um elogio a uma forma de expressão não enfática. Ou seja, é o oposto do que a assertiva A afirma ("ilustra um caso em que o excesso de ênfase salta salta à vista"). aqui tem uma análise do poema do qual foi retirado trecho:

     “A paixão dos suicidas que se matam sem explicação”, e por último, o eu-lírico deseja um poema que tenha habilidade de deter os mais intensos sentimentos sem, contudo, ser sentimental, por isso não compete a ele anunciar de forma dramática a intensidade das emoções, enfim o que autor deseja de fato é guardar o mistério que enaltece a alma humana.

    FONTE: tirei de um blog chamado "faciletrando", mas quando posto o comentário não vai o site :/ ("análise: o último poema"

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