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ID
1752562
Banca
FCC
Órgão
TRT - 9ª REGIÃO (PR)
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.

                                                     Questão de ênfase

A ênfase é um modo suspeito de expressão. Se há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema, na maioria das vezes é um artifício do superficial que se deseja profundo, do lateral que aspira ao centro, do insignificante que se pretende substancial. É a fala em voz gritada, o gargalhar sistemático, a cadeia de interjeições, a produção de caretas, o insistente franzir do cenho, o repetitivo arquear de sobrancelhas, a pronúncia caprichosa de palavras e frases que se querem sentenciosas e inesquecíveis.
Na escrita, a ênfase acusa-se na profusão de exclamações, na sistemática caixa alta, nos grafismos espaçosos. Na expressão oral, a ênfase compromete a verdade de um sentimento já de si enfático: despeja risadas antecipando o final da própria piada, força o tom compungido antes de dar a má notícia e se marca no uso indiscriminado de termos como “com certeza" e “literalmente", por exemplo: “Esse aluno está literalmente dando o sangue na prova de Física." Com a ênfase, todos os gestos compõem uma dramaturgia descontrolada.
A ênfase também parece desconfiar do alcance de nossa percepção usual, e nos acusa, se reclamamos do enfático. Este sempre acha que ficaremos encantados com a medida do seu exagero, e nos atribui insensibilidade se não o admiramos. Em suma: o enfático é um chato que se vê a si mesmo como um superlativo. Machado de Assis, por exemplo, não suportava gente que dissesse “Morro por doce de abóbora!". Por sua vez, o poeta Manuel Bandeira enaltecia a “paixão dos suicidas que se matam sem explicação". Já o enfático vive exclamando o quão decisivo é ele ser muito mais vital do que todos os outros seres humanos.

(Augusto Tolentino, inédito)

Na frase A ênfase é um modo suspeito de expressão, que abre o texto, justifica-se o emprego do termo sublinhado porque:

Alternativas
Comentários
  • Letra a

    Se há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema, na maioria das vezes é um artifício do superficial que se deseja profundo, do lateral que aspira ao centro, do insignificante que se pretende substancial".

  • a) "Se há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema, na maioria das vezes ..."Ou seja, quando você for falar de alguma tragédia ou de algo cômico, usar a ênfase pode ser algo necessário/ importante. Depois, o autor diz os casos em que o ênfase é exagerada, não condiz com a realidade: " na maioria das vezes é um artifício do superficial que se deseja profundo, do lateral que aspira ao centro, do insignificante que se pretende substancial". 

    b) o autor não diz que o enfático suspeita de suas ênfases, ao contrário disso, ele afirma no terceiro parágrafo que o "enfático é um chato que se vê a sim mesmo como um superlativo" e "que sempre achar que ficaremos encantados com a medida de seu exagero.."
    c) o autor não diz isso 
    e) o autor diz que em alguns casos a ênfase é necessária (ver explicação letra "a "..) 
  • O adjetivo suspeito é utilizado quando há grandes possibilidades de confirmação da situação imaginada, mas não se tem a certeza dela. 

    Nesse sentido, coloca o autor que a ênfase é um modo suspeito de expressão porque não se pode afirmar, com certeza, e de forma generalizada, que ela é desnecessária. Afinal, "há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema".

    Mas, de maneira geral, a ênfase merece desconfiança, sendo, portanto, suspeita.

  • Erro da E:

    "é patente o reconhecimento de que toda ênfase acentua, por princípio, um exagero inadmissível."

    Pela leitura do 3º parágrafo do texto, nota-se que Manuel Bandeira enaltece a ênfase empregada na "paixão dos suicidas que se matam sem explicação". Ou seja, considerando a opinião de Manuel Bandeira, NEM TODA ÊNFASE ACENTUA UM EXAGERO INADMISSÍVEL. Portanto, este não é um reconhecimento patente (evidente).

  • complementando o erro da letra E:

    A questão diz que "a ênfase é um modo suspeito".

    Suspeito não quer dizer inadimissível. É algo admissível,mas com ressalva.

  • Não entendi essa questão.

    "(...)o emprego da ênfase não se confirme como um excesso indesejável". Não seria mais adequado a palavra "desejável"?

     

    Ou seja, não se confirme  desejável?! 

     

    Pq ninguém deseja esse excesso que traz "na maioria das vezes é um artifício do superficial que se deseja profundo, do lateral que aspira ao centro, do insignificante que se pretende substancial. "

  • a)

    podem ocorrer casos em que o emprego da ênfase não se confirme como um excesso indesejável. = QUESTAO QUE GENERALIZA DEMAIS GERALMENTE ESTÁ CERTA.

  • a)

    podem ocorrer casos em que o emprego da ênfase não se confirme como um excesso indesejável.

  • a) podem ocorrer casos em que o emprego da ênfase não se confirme como um excesso indesejável.= CORRETA: "e há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema, na maioria das vezes é um artifício do superficial..." OU SEJA, HÁ CASOS EM QUE ELA NÃO É INDESEJÁVEL, MAS ATÉ INDISPENSÁVEL.

     

     b) é próprio do indivíduo enfático que ele mesmo venha a suspeitar da eficácia de suas ênfases.= ERRADA: "enfático. Este sempre acha que ficaremos encantados com a medida do seu exagero, e nos atribui insensibilidade se não o admiramos.[...] Já o enfático vive exclamando o quão decisivo é ele ser muito mais vital do que todos os outros seres humanos." OU SEJA, O ÊNFÁTICO ACHA QUE O USO DA ÊNFASE É O MÁXIMO.

     

    c) não se pode admitir a inocência ou a ingenuidade de quem recorre sistematicamente à ênfase.= ERRADA: O texto não diz nada sobre inocência e ingenuidade, ou seja, o uso do termo "suspeito" no texto não poderia estar justificado por algo que nem está no texto.

     

    d) a intolerância que cerca o emprego da ênfase não se justifica na maioria dos casos. = ERRADA: Ocorre extamente o contrário. O autor do texto entende que a intolerância ao uso da ênfase justifica-se porque vê a ênfase, na maioria dos casos, como um exagero desnecessário.

     

    e) é patente o reconhecimento de que toda ênfase acentua, por princípio, um exagero inadmissível.= ERRADA: traz o mesmo erro da "a", já que o autor não vê TODA a ênfase como exagerada, destacando ser indispensável em alguns casos.  "e há casos em que ela se torna indispensável, como nas tragédias ou na comicidade extrema, na maioria das vezes é um artifício do superficial..." 

  • Em 12/05/2017, às 14:19:42, você respondeu a opção A. Certa!

    Em 15/11/2016, às 12:55:45, você respondeu a opção A. Certa!

    Em 14/11/2016, às 17:39:19, você respondeu a opção B.

  • é a alternativa menos ruim

     

  • Bem, eu errei a questão, mas analisando a alternativa correta "podem ocorrer casos em que o emprego da ênfase não se confirme como um excesso indesejável.", percebe-se que, apesar de a questão nos fazer crer que a maioria das pessoas que usam a ênfase a utlizam de forma inadequada, isso não exclui as pessoas que a utilizam de forma correta. Tudo bem que o texto todo vai contramão disso, mas ele não exclui definitivamente a possibilidade dos que usam de forma adequada, ele só diz que na maioria dos casos, ela é usada de forma errada. Daí a palavra "podem" salva o item e torna correto. Parece as questões de Direito Administrativo e Direito Constitucional que o podem salva tudo.

  • O jeito foi marcar por eliminação, porque para soar correta mesmo, na minha opinião deveria ser:

    ''podem ocorrer casos em que o emprego da ênfase [retira o não] se confirme como um excesso indesejável.''

    A exceção seria o emprego com excesso, não a regra.