Muitos transtornos psiquiátricos diferentes podem culminar
em uma evolução trágica para o suicídio. O suicídio está associado de forma mais
importante aos transtornos depressivos maiores, sendo, em conseqüência,
considerado em detalhes no contexto deste capítulo. Em muitos casos, a
psicoterapia isolada não é suficiente para pacientes seriamente suicidas. As motivações para o suicídio são altamente
variadas e, com freqüência, obscuras (Meissner, 1986). Em conseqüência disso, o
clínico deve escutar cuidadosamente cada paciente, observando os
desenvolvimentos transferenciais-contratransferenciais antes de chegar a
qualquer conclusão sobre os fundamentos dinâmicos do suicídio. A visão de Karl
Menninger do suicídio era um pouco mais complexa. Ele acreditava que pelo menos
três desejos devem contribuir para o ato suicida: o desejo de matar, o desejo
de ser morto e o desejo de morrer. O desejo de matar pode ser dirigido não
apenas ao objeto interno. A experiência clínica confirma novamente que, em
geral, o suicídio é destinado a destruir a vida dos sobreviventes. Os pacientes
deprimidos freqüentemente sentem, por exemplo, que o suicídio é a única
vingança satisfatória contra seus pais. O cônjuge do paciente pode, da mesma
forma, ser o “alvo” de um suicídio.
Psiquiatria psicodinâmica na prática clínica / Glen 0. Gabbard; tradução Maria Rita Secco Hofmeister. - 4.ed. - Porto Alegre: Artmed, 2006