SóProvas


ID
1756078
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
EBSERH
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                A CHAVE

                    Ela abre mais do que uma porta, inaugura um novo tempo

                                                                                                                   IVAN MARTINS

     Certos objetos dão a exata medida de um relacionamento. A chave, por exemplo. Embora caiba no bolso, ela tem importância gigantesca na vida dos casais. O momento em que você oferece a chave da sua casa é aquele em que você renuncia à sua privacidade, por amor. Quando pede a chave de volta - ou troca a fechadura da porta - está retomando aquilo que havia oferecido, por que o amor acabou. O primeiro momento é de exaltação e esperança. O segundo é sombrio.

      Quem já passou pela experiência sabe como é gostoso carregar no bolso - ou na bolsa - aquela cópia de cinco reais que vai dar início à nova vida. Carregada de expectativas e temores, a chave será entregue de forma tímida e casual, como se não fosse importante, ou pode vir embalada em vinho e flores, pondo violinos na ocasião. Qualquer que seja a cena, não cabe engano: foi dado um passo gigantesco. Alguém pôs na mão de outro alguém um totem de confiança.

      Não interessa se você dá ou ganha a chave, a sensação é a mesma. Ou quase.

      Quem a recebe se enche de orgulho. No auge da paixão, e a pessoa que provoca seus melhores sentimentos (a pessoa mais legal do mundo, evidentemente) põe no seu chaveiro a cópia discreta que abre a casa dela. Você só nota mais tarde, quando chega à sua própria casa e vai abrir a porta. Primeiro, estranha a cor e o formato da chave nova, mas logo entende a delicadeza da situação. Percebe, com um sorriso nos lábios, que suas emoções são compartilhadas. Compreende que está sendo convidado a participar de outra vida. Sente, com enorme alívio, que foi aceito, e que uma nova etapa tem início, mais intensa e mais profunda que anterior. Aquela chave abre mais do que uma porta. Abre um novo tempo.

      O momento de entregar a chave sempre foi para mim o momento de máximo otimismo.

      [...]

      Você tem certeza de que a outra pessoa ficará feliz e comovida, mas ao mesmo tempo teme, secretamente, ser recusado. Então vê nos olhos dela a alegria que havia antecipado e desejado. O rosto querido se abre num sorriso sem reservas, que você não ganharia se tivesse lhe dado uma joia ou uma aliança. (Uma não vale nada; para a outra ela não está pronta). Por isto ela esperava, e retribui com um olhar cheio de amor. Esse é um instante que viverá na sua alma para sempre. Nele, tudo parece perfeito. É como estar no início de um sonho em que nada pode dar errado. A gente se sente adulto e moderno, herdeiro dos melhores sonhos da adolescência, parte da espécie feliz dos adultos livres que são amados e correspondidos - os que acharam uma alma gêmea, aqueles que jamais estarão sozinhos.

      Se as chaves de despedida parecem a pior coisa do mundo, não são.

      [...]

      A gente sabe que essas coisas, às vezes, são efêmeras, mas é tão bonito.

      Pode ser que dentro de três meses ou três anos a chave inútil e esquecida seja encontrada no bolso de uma calça ou no fundo de uma bolsa. Ela já não abrirá porta alguma exceto a da memória, que poderá ser boa ou ruim. O mais provável é que o tato e a visão daquela ferramenta sem propósito provoquem um sorriso agridoce, grisalho de nostalgia. Essa chave do adeus não dói, ela constata e encerra.

      Nestes tempos de arrogante independência, em que a solidão virou estandarte exibido como prova de força, a doação de chaves ganhou uma solenidade inesperada. Com ela, homens e mulheres sinalizam a disposição de renunciar a um pedaço da sua sagrada liberdade pessoal. Sugerem ao outro que precisam dele e o desejam próximo. Cedem o seu terreno, correm o risco. É uma forma moderna e eloquente de dizer “eu te amo”. E, assim como a outra, dispensa “eu também”. Oferece a chave quem está pronto, aceita a chave quem a deseja, reciproca, oferecendo a sua, quem sente que é o caso, verdadeiramente. Nada mais triste que uma chave falsa. Ela parece abrir uma esperança, mas abre somente uma ilusão.

Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noticia/2015/04/chave.html

Em “... quando chega à sua própria casa e vai abrir a porta.”, a crase

Alternativas
Comentários
  • Letra A a crase é facultativa diante do pronome "SUA"

  • Casos de crase facultativa:

    1. Antes de pronomes possessivos femininos no singular (minha, sua, tua)

    2. Após a preposição ATÉ (de um ponto a outro). Obs: Se o ATÉ estiver indicando "inclusive", é advérbio, neste caso a crase é proibida.

    3. Antes de nomes próprios femininos sem sobrenome. ex: Entregue isso à Maria. Obs: Se o nome próprio for célebre, com sobrenome, mesmo se for masculino a crase é obrigatória. ex: à Manual Bandeira.

  • CRASES FACULTATIVAS

    1) Antes de pronomes possessivos adjetivos femininos (minha, tua, sua, nossa, vossa);
    2) Depois da locução prepositiva "até a";
    3) Antes de nomes próprios femininos.
  • Quem chega, chega a algum lugar, Pontanto precisará da preposição.

     

    Casos facultativos da Crase:

    Diante de palavras "Até"   OBS. Até pode ou não pedir preposição.

    Diante de Pronome Possessivos feminino.    Ex. Minha, sua etc.

    Diante de nomes próprio com um grau bem íntimo.

     

    Gabarito:A

     

  • Pronome possessivo feminino: neste caso, a crase fica facultativa porque também o uso do artigo é dispensável. Veja os exemplos.

     

    Diga a sua irmã que estou esperando por ela.                      Diga a seu irmão que estou esperando por ele.

     

    Diga à sua irmã que estou esperando por ela.                      Diga ao seu irmão que estou esperando por ele.

  • A crase antes de pronomes possessivos é FACULTATIVA, pois o uso do artigo antes do pronome possevisso é facultativo.

  • LETRA

  • FACULTATIVA

    “quando chega à sua própria casa e vai abrir a porta.”  |  "Quando chega ao seu próprio apartamento e vai abrir a porta" (aqui, o pronome possessivo pede artigo 'o')           

    “quando chega a sua própria casa e vai abrir a porta.”  | "Quando chega a seu próprio apartamento e vai abrir a porta" (aqui, o pronome possessivo não pede artigo 'o')

     

  • Quando chega à sua(pronome possessivo)própria(nome feminino) casa e vai abrir a porta.

    GABARITO A

  • Gab, A

    DICA: ATÉ SUA MARIA

    CRASES FACULTATIVAS

    ATÉ - Depois da locução prepositiva "até a"

    SUA - Antes de pronomes possessivos adjetivos femininos (minha, tua, sua, nossa, vossa); 

     

    MARIA - Antes de nomes próprios femininos. 

  • Gab, A

    DICA: ATÉ SUA MARIA

    CRASES FACULTATIVAS

    ATÉ - Depois da locução prepositiva "até a"

    SUA - Antes de pronomes possessivos adjetivos femininos (minha, tua, sua, nossa, vossa); 

     

    MARIA - Antes de nomes próprios femininos. 

  • GABARITO: LETRA A

    Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA

    - Diante de nomes próprios femininos:

    Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

    Entreguei o cartão Paula.

    Entreguei o cartão à Paula.

    Contei Laura o que havia ocorrido na noite passada.

    Contei à Laura o que havia ocorrido na noite passada.

    - Diante de pronome possessivo feminino:

    Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

    Cedi o lugar minha avó.

    Cedi o lugar à minha avó.

    Diga a sua irmã que estou esperando por ela.

    Diga à sua irmã que estou esperando por ela.

    - Depois da preposição até:

    Fui até a praia.

    ou

    Fui até à praia.

    Acompanhe-o até porta.

    ou

    Acompanhe-o até à porta.

    FONTE: SÓPORTUGUÊS.COM.BR

  • GABARITO: LETRA A

    ☸É facultativo o uso da Crase:

    ☉Diante de pronome possessivo.

    ↪Ex: Assistirei à sua apresentação.

           Assistirei a sua apresentação.

                                           

    ☉Diante de nomes próprios de pessoas do sexo feminino, quando não se costuma usar artigo não ocorre crase.

    ↪Ex: Esse vestido é de Maria.

          Entregue-o a Maria.

    - Quando há intimidade entre as pessoas e costuma-se usar artigo, há crase.

    ↪Ex: Esse vestido é da Maria.

          Entregue-o à Maria.

    ⇛ MEU RESUMO DO LIVRO: GRAMÁTICA - ERNANI & FLORIANA.

  • Para responder a esta questão, exige-se conhecimento em crase. Vejamos o conceito de crase:

    Crase é a fusão de A + A, sendo que o primeiro é sempre a preposição, o segundo pode ser artigo definido "a" ou pronome "aquela, aquele, aquilo..."

    Após vermos o conceito, iremos assinalar a assertiva que possui a obrigatoriedade ou não  do emprego de crase corretamente. Analisemos:

    Em “... quando chega à sua própria casa e vai abrir a porta.”

    O verbo "chegar" é de locomoção, isto é, indica movimento. Dessa forma, exige a preposição A, por sua vez, o pronome possessivo feminino "sua" aceita o artigo A de forma facultativa. Assim, pode ser feita a união entre vogais idênticas (A + A= À) ou empregar somente a preposição A.

    Portanto, o emprego da crase é facultativo

    Gabarito: A