Um efeito perverso disso é a prática de transformar "certos" autores de crimes e de atos violentos – sim, porque não se aplica a todos – em personagens cuja rotulação de "criminoso", "bandido", "violento" ou "psicopata" qualifica não tanto as ações quanto o seu ser. Uma prática que nos transposta ao século XIX, ao tempo de L'uomo criminale (1876) de C. Lombroso (1835-1909), que encontrava o "ser criminoso" nas formas anatômicas dos condenados por crime.
Uma última dificuldade é o fato do fenômeno da violência apresentar diversas dimensões, como ocorre na divisão que se faz entre violência expressiva, aquela cujo objetivo é infligir algum tipo de mal a alguém, e violência instrumental, vista como um simples meio normal para atingir um determinado fim social (estima, status, poder etc.), de forma que o mal que ela pode ocasionar é considerado uma mera consequência e não um objetivo da ação. Enquanto a primeira é considerada ilegal e socialmente inaceitável, a segunda é considerada legal e socialmente aceitável (Ball-Rokeach, 1980, p. 45-82).