“Não descreverei catástrofes pessoais de alguns dias
infelizes, mas a destruição de toda a humanidade, pois é com
horror que meu espírito segue o quadro das ruínas da nossa
época. Há vinte e poucos anos que, entre Constantinopla e
os Alpes Julianos, o sangue romano vem sendo diariamente
vertido. A Cítia, Trácia, Macedônia, Tessália, Dardânia, Dácia,
Épiro, Dalmácia, Panônia são devastadas pelos godos, sármatas,
quedos, alanos (...); deportam e pilham tudo.
Quantas senhoras, quantas virgens consagradas a Deus,
quantos homens livres e nobres ficaram na mão dessas bestas!
Os bispos são capturados, os padres assassinados, todo
tipo de religioso perseguido; as igrejas são demolidas, os
cavalos pastam junto aos antigos altares de Cristo (…)."
(São Jerônimo, Cartas apud Pedro Paulo Abreu Funari, Roma:
vida pública e vida privada. 2000)
O excerto, de 396, remete a um contexto da história romana
marcado pela