SóProvas


ID
1774567
Banca
FUNCAB
Órgão
ANS
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                   Arquimedes, o bom repórter

      Faz parte do meu ofício inventar. Mentir, sem qualquer consideração teológica. Preencher as páginas em branco, esforçando-me por criar heróis mesquinhos e sublimes. Um ofício que se funde com as adversidades do cotidiano e que, pautado por uma estética insubordinada, comporta todas as escalas morais, afugenta os ideários uniformizadores.

      A literatura brota de todos os homens, de todas as épocas. Sua ambígua natureza determina que os escritores integrem uma raça fadada a exceder-se. Seus membros, como uma seita, vivem na franja e no âmago da realidade, que constrange e ilumina ao mesmo tempo. E sem a qual a criação fenece. A arte dos escritores arregimenta a sucata e o sublime, o que se oxida em meio aos horrores, o que se regenera sob o impulso dos suspiros de amor. Apalpa a matéria secreta que sangra e aloja-se nos porões da alma.

      Há muito sei que a escrita não poupa o escritor. E que, ao ser um martírio diário, coloca-o a serviço do real. E enquanto este mero exercício de acumular palavras, de dar-lhes sentido, for um ato de fé no humano, a literatura seguirá sendo protagonista do enigma que envolve vida e morte. Uma arte que geme, emite sinais, desenha signos, e que constitui uma salvaguarda civilizadora perante a barbárie. Em cujas páginas batalha-se pelo provável entendimento entre seres e situações intoleráveis. Como se por meio de certos recursos estéticos fosse possível conciliar antagonismos, praticar a tolerância, ativar sentimentos, testar os limites da linguagem e da ambiguidade da solidão humana. Salvar, enfim, os seres trágicos que somos.

      Não sei ser outra coisa que escritora. Já pelas manhãs, enquanto crio, apalpo emoções benfazejas, sentimentos instáveis, a substância sob o abrigo do sinistro e da esperança. Tudo o que a realidade abusiva refuta. É mister, contudo, combater os expurgos estéticos para narrara história jamais contada.

      A criação literária, porém, que se faz à sombra da comunidade humana, aproximou-me sempre daqueles cujas experiências pessoais eram vizinhas no ato de escrever. Por isso, desde a infância, senti-me irmanada aos jornalistas no uso das palavras e na maneira de captar o mundo. E a tal ponto vinculada aos jornais que nos vinham a casa, já pelas manhãs, que disputava com o pai o privilégio de lê-los antes dele. De aproximar-me destas páginas vivazes que, arrancando-me da sonolência, proclamavam que a vida despertara antes de mim. O drama humano não tinha instante para começar, precedera-me há horas, há milênios.

PIÑON, Nélida. Aprendiz de Homero. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008, p. 81-82, fragmento. 

“vinculado aos jornais que nos vinham A casa, já pelas manhãs"

A respeito do vocábulo em caixa alta no trecho transcrito, pode-se afirmar que está grafado: 

Alternativas
Comentários
  • Antes de CASA, TERRA, DISTÂNCIA: se houver determinação usa crase, se não houver determinação não usa crase!

  • Mas a casa não está determinada com sendo da enunciadora? E outra, a letra E diz que não se usa artigo antes do vocábulo "casa", o que não é sempre verdade. 

  • "vinculado aos jornais que nos vinham a casa, já pelas manhãs"

    que: palavra atrativa.: nos: próclise
    nos = vinham a nós - OI
    a casa =  OD 
    "a" apenas artigo... alguém sabe onde errei no raciocínio?
  • não entendi...a palavra CASA, aqui, está determinada....a sua casa, a casa da enunciadora...logo, não deveria haver crase?

  • "a casa" não está determinada.

    pressupõe-se que a casa seja da enunciadora, como afirmaram ai, mas a frase em si não traz nenhum termo que efetivamente especifique a casa determinando-a.

    para melhor elucidação um exemplo de determinação:

    ex.: vinculado aos jornais que nos vinham à casa da praia

    aqui sim "a casa" está determinada por "da praia", caso contrário Antes de CASA, TERRA, DISTÂNCIA: se houver determinação usa crase, se não houver determinação não usa crase.


    FFFMS p/ tds

  • Gabarito: E

    corretamente, pois não é resultado de crase, mas apenas preposição, porquanto não se usa artigo antes do vocábulo “casa" no sentido de “lar", domicílio": no texto, a casa é da enunciadora.
  • Antes da palavra CASA, significando lar, residência, domicílio (próprio), não ocorre crase.

    Nesta questão a casa é da enunciadora, ou seja, ta no sentido de domicilio próprio.

    Só haveria crase no caso de estar determinada, como por exemplo: "Vou à casa dos meus pais".

    Se for determinada tem crase, se não, não.

  • Eu sei que existe a tal regra de que "Antes de CASA, se não houver determinação não se usa crase".  Só que essa assertiva de alguns linguistas não tem suporte algum na lógica, num estudo mais aprofundado, e nós "leigos" ficamos dizendo amém, amém.

    “vinculado aos jornais que nos vinham ao lar" > lar aqui também está sem determinação, mas nem por isto dispensa a preposição (a) e o artigo definido (o) > ao lar.  Então não há motivos para se dispensar a crase antes de CASA no exemplo do enunciado.

    Desafio os linguistas e professores deste portal a darem uma explicação lógica, que tenha amparo nas normas da língua portuguesa, e demonstrem qual o fundamento para se omitir a crase no exemplo do enunciado.

  • A Palavra Distância

     

    Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a crase deve ocorrer. Por exemplo:

    Sua casa fica à distância de 100 quilômetros daqui. (A palavra está determinada.)
    Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A palavra está especificada.)

     

    Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não pode ocorrer. Por exemplo:

    Os militares ficaram distância.
    Gostava de fotografar distância.
    Ensinou distância.
    Dizem que aquele médico cura a distância.
    Reconheci o menino a distância.

     

     

     

    " Se tem um sonho...,treine sua mente para protegê-lo "

     

     

     

     

  • GABARITO: LETRA E

    ACRESCENTANDO:

    Tudo o que você precisa para acertar qualquer questão de CRASE:

    I - CASOS PROIBIDOS: (são 15)

    1→ Antes de palavra masculina

    2→ Antes artigo indefinido (Um(ns)/Uma(s))

    3→ Entre expressões c/ palavras repetidas

    4→ Antes de verbos

    5→ Prep. + Palavra plural

    6→ Antes de numeral cardinal (*horas)

    7→ Nome feminino completo

    8→ Antes de Prep. (*Até)

    9→ Em sujeito

    10→ Obj. Direito

    11→ Antes de Dona + Nome próprio (*posse/*figurado)

    12→ Antes pronome pessoalmente

    13→ Antes pronome de tratamento (*senhora/senhorita/própria/outra)

    14→ Antes pronome indefinido

    15→ Antes Pronome demonstrativo(*Aquele/aquela/aquilo)

    II - CASOS ESPECIAIS: (são7)

    1→ Casa/Terra/Distância – C/ especificador – Crase

    2→ Antes de QUE e DE → qnd “A” = Aquela ou Palavra Feminina

    3→ à qual/ às quais → Consequente → Prep. (a)

    4→ Topônimos (gosto de/da_____)

    a) Feminino – C/ crase

    b) Neutro – S/ Crase

    c) Neutro Especificado – C/ Crase

    5→ Paralelismo

    6→ Mudança de sentido (saiu a(`) francesa)

    7→ Loc. Adverbiais de Instrumento (em geral c/ crase)

    III – CASOS FACULTATIVOS (são 3):

    1→ Pron. Possessivo Feminino Sing. + Ñ subentender/substituir palavra feminina

    2→ Após Até

    3→ Antes de nome feminino s/ especificador

    IV – CASOS OBRIGATÓRIOS (são 5):

    1→ Prep. “A” + Artigo “a”

    2→ Prep. + Aquele/Aquela/Aquilo

    3→ Loc. Adverbiais Feminina

    4→ Antes de horas (pode está subentendida)

    5→ A moda de / A maneira de (pode está subentendida)

    FONTE: Português Descomplicado. Professora Flávia Rita