SóProvas


ID
1786660
Banca
VUNESP
Órgão
SAEG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia a crônica “Beijos”, de Ivan Angelo, para responder à questão.

   Beijo era coisa mágica. A bela beijava o sapo e ele virava príncipe. O príncipe beijava a Branca de Neve e ela acordava de seu sono enfeitiçado. A mãe beijava o machucado dos filhos e a dor sumia. O mocinho beijava a mocinha e o filme acabava em final feliz.
   Muitas gerações – não faz tanto tempo assim – incorporaram alguma coisa dessa noção de que o beijo tinha uma força poderosa, misteriosa, e lidavam com ele, principalmente com o primeiro, de um modo carregado de expectativas. Uma sensação imersa na ambiguidade: aquilo podia ser uma coisa benfazeja e ao mesmo tempo podia ser pecado. Dado ou recebido era precedido de dúvidas, suores frios, ansiedade, curiosidade e desejo. E o quase melhor de tudo: era secreto, escondido. Só a melhor amiga ficava sabendo; irmãos, nem pensar; pai, mãe – jamais.
   Os jovens chegavam ao beijo após uma paciente escalada de resistências e manobras envolventes. “Já beijou?” – queriam saber as amigas dela, como quem diz: “capitulou”?; e perguntavam os amigos dele, espírito corporativo, com o sentido de: “venceu a batalha?” Como resultante desse clima, surgiu um atalho, verdadeiro ataque de guerrilha: o beijo  roubado.
   Hoje tudo isso não tem mais sentido. Uma antiga marchinha de Carnaval dizia: “A Lua se escondeu, o guarda bobeou, eu taquei um beijo nela e ela quase desmaiou”. A emoção era
tanta que as moças desfaleciam. Já não é o caso.
   Por quê? Perdeu o segredo. Beija-se por toda parte, e em público. A meninada “fica” nas festas e “ficar” é beijar à vontade, até desconhecidos.
   Isso é bom ou é ruim? Não cabe a pergunta. É como se perguntassem se a evolução das espécies é boa ou não. Cada geração vive seu momento com tudo a que tem direito. Mas existe uma diferença tênue entre naturalidade e exibicionismo. Neste, o estímulo é o olhar dos outros. Cada um sabe qual é a sua.
   Representar variantes e significados do beijo é arte que tem milênios. Uma escultura de Rodin, representando o beijo amoroso de um par desnudo, é apreciada até pelos pudicos. Na época dele era ousada. Hoje...
   No Dia dos Namorados fui passear na internet à procura de curiosidades sobre a data. Encontrei uma pesquisa mostrando que o beijo é a carícia preferida pelos brasileiros. A informação, de certa forma, derrubou meus temores. Nada, nem a facilidade, abala o prestígio mágico do beijo.
(Veja SP, 18.06.2003. Adaptado)

De acordo com a norma-padrão, a colocação pronominal está empregada corretamente em:

Alternativas
Comentários
  • Sobre emprego do pronome oblíquo átono:

    a) ERRADA! Quando é palavra atrativa. O correto seria: Quando SE machucam.b) ERRADA! Não pode usar ÊNCLISE ao particípio. O correto seria: LHE DADO.c) ERRADA! NÃO é palavra atrativa. O correto seria: Não SE UNEM.d) CORRETA! Que é palavra atrativa.e) ERRADA! Não podemos usar ÊNCLISE ao FUTURO. O correto seria: Branca de Neve LIBERTAR-SE-IA.
  • a) Quando se machucam, as crianças recorrem aos cuidados da mãe.
    Verbo no indicativo, o pronome fica antes do verbo

     

    c) Em muitas histórias, a mocinha e o mocinho não se unem no final. 
    Palavra negativa antes do verbo

     

    d) Algumas pessoas apreciam filmes que lhes proporcionem um desfecho impactante.
    Pronome indefinido (algumas)

     

    e) Segundo a lenda, Branca de Neve libertar-se-ia do feitiço se fosse beijada por um príncipe.
    Correto: LIBERTAR-SE-IA (libertaria + se) é uma mesóclise

  • A) "Quando" -> Conjunção subordinativa temporal, próclise.
    B) NUNCA PODE HAVER ÊNCLISE A VERBOS NO PARTICÍPIO.
    C) Palavras ou expressões negativas, próclise.
    D) "que" -> Pronome relativo, próclise. [GABARITO]
    E) Ocorre mesóclise, pois o verbo está no futuro do pretérito.

  • Na Letra E temos um caso facultativo de colocação pronominal, pois temos o sujeito explícito (Branco de Neve).

    Portanto, são admitidas as construções > Branca de Neve libertar-se-ia do feitiço ou Branca de Neve se libertaria do feitiço. A ênclise nesse caso é proibida, POIS JAMAIS SE USA ÊNCLISE QUANDO OS VERBOS ESTIVEREM NO FUTURO DO PRETÉRITO OU NO FUTURO DO PRESENTE DO INDICATIVO.

  • Quando SE machucam, as crianças recorrem aos cuidados da mãe.

    O sapo virava príncipe somente depois de a bela ter LHE dado um beijo. 

    Em muitas histórias, a mocinha e o mocinho não  SE unem no final.

    Algumas pessoas apreciam filmes que lhes proporcionem um desfecho impactante. ( GABARITO )

    Segundo a lenda, Branca de Neve libertar-SE-ia do feitiço se fosse beijada por um príncipe.

  • Quando machucam-se, as crianças recorrem aos cuidados da mãe.

    Conjunção subordinativa temporal > atrai o pronome.

    Quando se machucam, as crianças recorrem aos cuidados da mãe.

    ..........

    O sapo virava príncipe somente depois de a bela ter dado-lhe um beijo.

    NÃO se P.O.A depois do verbo no particípio.

    O sapo virava príncipe somente depois de a bela ter lhe dado um beijo.

    ..........

    Em muitas histórias, a mocinha e o mocinho não unem-se no final.

    Caso OBRIGATÓRIO de próclise > palavras atrativas ( não, jamais, nunca...)

    Em muitas histórias, a mocinha e o mocinho não se unem no final.

    ..........

    Algumas pessoas apreciam filmes que lhes proporcionem um desfecho impactante.CORRETO

    ..........

    Segundo a lenda, Branca de Neve libertaria-se do feitiço se fosse beijada por um príncipe.

    Ocorre mesóclise, pois o verbo está no futuro do pretérito

    Segundo a lenda, Branca de Neve libertar-se-ia do feitiço se fosse beijada por um príncipe.

    ..........

    > a PRÓCLISE com o QUE tem que ocorrer, seja PRONOME ou CONJUNÇÃO

  • Letra D

  • Verbo no particípio

    Futuro do pretérito

    Gabarito: D

  • OBS: não é "ter lhe dado" e sim "lhe ter dado", isso porque trata-se de uma locução verbal que tem termos atrativos e por isso é próclise.

    locuções verbais onde tenha termos atrativos pode ser usado de maneira facultativa o pronome nas extremidades e não entre o verbo auxiliar e o principal, sendo usado próclise ou ênclise desde que o verbo principal não esteja no particípio, caso esteja no particípio somente próclise

  • No caso da E, a regra da mesóclise ganha da regra facultativa ( suj. explícito ). Cuidado em pensar na mesóclise apenas em início de oração ou após pontuação. CUIDADO.