SóProvas


ID
1794607
Banca
FUNCAB
Órgão
SUPEL-RO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Notícia de jornal

       Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome. 
       Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto-Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome. 
       Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome. 
     O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. 
      Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.  
      Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome. 
     E o homem morre de fome. De 30 anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome. 
    E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, um homem morreu de fome. 
     Morreu de fome.

A gramática da língua portuguesa diz que Regência é a parte da Gramática que estuda a relação entre dois termos, verificando se um termo serve de complemento ao outro.

(A BAURRE, Maria Luiza & PONTARA, Marcela. Gramática – Texto: Análise e Construção de Sentido. São Paulo, Moderna, 2007.) 

A alternativa que contém exemplo de frase, formada a partir de ideias do texto, em que a regência atende corretamente a esse conceito é: 


Alternativas
Comentários
  • letra A: errada. acessível a. "O narrador tornou as ideias acessíveis às de todos".

    letra B: errada. desfavorável a. "Todos agiram de modo desfavorável à situação".

    letra C: errada. compaixão de, para com, por. "O narrador sentiu compaixão para com ele".

    letra D: correta. Preferir uma coisa a outra. 

    letra E: errada. certeza de. "O comissário de plantão tinha certeza de que não era o responsável pelo fato".

  • Pessoal, em algumas situações esta preposição "de" pode ser suprimida, certo? Este não é um caso?

  • Letra d ~

    Tiago,


    O "de" não poderia ter sido suprimido, pois quem tem certeza, tem certeza de algo.
  • Tiago, escute Godzilla, ele tem razão.

  • Que enunciado mais confuso.. aff
  • Na aula da professora Raphaela ela diz que quando o objeto indireto é oracional a preposição "de" pode ser suprimida, porém essa oração não é objeto indireto pq está completando o nome e não o verbo.

  • Valeu, Godzilla!

  • acessível a, desfavorável a, compaixão por, certeza de.


  • Letra D)

    Obs: "Preferir" é um verbo transitivo direto e indireto aceitando no objeto indireto somente a preposição "a". Pois quem prefere, prefere alguma coisa a outra. Ex: Todos preferem a banda Guns N Roses à banda Tesla.
  • a) O narrador tornou as ideias acessíveis a todos.

    b) Todos agiram de modo desfavorável à situação.

    c) O narrador sentiu compaixão por ele.

    d) Alguns passantes preferiam não olhar a tomar alguma iniciativa. Gabarito

    e)O comissário de plantão tinha certeza DE que não era o responsável pelo fato.

  • Li uma matéria sobre regência nominal e um dos substantivos que apresentava divergência entre os gramáticos era justamente o "certeza", e a regra diz que quando não há uma consonância, pode-se usar das duas formas. De forma que cabe recurso.

  • aff muito confuso

  • Amigos, existe um livro só de regências? Uma espécie de dicionário da regência. 

  • Colega HM, há sim. Um do Celso Pedro Luft, "Dicionário de Regência", e outro do Fernando Pestana, este em aplicativo para smartphones IOS e Android.

  • Valeu Alisson. Muito obrigado 

  • Para alguns gramáticos, é facultativo o uso de preposição antes de objeto indireto com verbo no infinitivo (1) ou de conjunção integrante após verbo (2)

     

    1 - Eu preciso (de) tomar água.

    2 - Eu preciso (de) que você tome água.

     

    Quando o regente que vem antes da conjunção integrante é um verbo, a preposição pode ser omitida (caso 2). 

     

    Agora, se o regente for um nome (alternativa E), há consenso de que a preposição é obrigatória. 

     

     

  • Explicação do professor serena e objetiva! Ótima explicação do professor

  • Acertei! Letra D pois o verbo PREFERIR exige dois complementos regidos pela preposição A

     

  • Segue as regências:

    a) Acessível a

    b) Desfavorável a

    c) Compaixão de

    d) Preferiaram alguma coisa a outra (bitransitivo) 

    e) Certeza de

  • Gabarito: D.

    Galera, quem tiver com muita dúvida sobre o assunto, sugiro assistir à aula da professora sobre regência (aqui mesmo no QC) é muito boa. :)