SóProvas


ID
1794610
Banca
FUNCAB
Órgão
SUPEL-RO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Notícia de jornal

       Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome. 
       Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto-Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome. 
       Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome. 
     O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. 
      Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.  
      Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome. 
     E o homem morre de fome. De 30 anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome. 
    E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, um homem morreu de fome. 
     Morreu de fome.

Analise as afirmativas a seguir, a respeito do quarto parágrafo.

I. A preposição SEM, no contexto, é um elemento de composição de palavras que indica privação ou negação.

II. A palavra SENÃO estabelece ideia de condição.

III. A preposição DE que antecede a palavra fome, nas duas ocorrências, estabelece sentido de causa.

Está(ão) correta(s) somente a(s) afirmativa(s): 

Alternativas
Comentários
  • Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão. 


    Não há o vocábulo "senão" no quarto parágrafo. Será por isso que o item II é equivocado?

  • se não: condição
    senão: "do contrário"


  • I- A preposição sem, tem relação com ausência, falta. Portanto, o item I está incorreto.

  • O vocábulo senão está no 3 parágrafo 

  • Por que o item III está incorreto?

  • Gustavo,


    A II está incorreta, pois senão não indica condição. Senão é uma conjunção adversativa

    Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. >> (mas, do contrário) <<

    "Nada se sabe, mas sabem que morreu de fome" 

  • Godzilla, compreendo o que você diz. Porém, o enunciado da questão manda-nos avaliar os itens de acordo com o quarto parágrafo, e no referido elemento não há o vocábulo "senão". Eu acertei a questão considerando o item II equivocado pelo simples fato de não haver tal vocábulo no quarto parágrafo. Mas você me ajudou muito com este esclarecimento. Muito obrigado!!

  • O item II tá errado pq nem no texto está...

  • eu acertei fazendo pelo quinto parágrafo :'(

  • A palavra sem tem valor de preposição — indicando falta, carência — e não de elemento de composição como afirma a assertiva I. Se a mesma fosse elemento de composição viria seguida de hífen: sem-cerimônia.

    Pode-se expressar a causa por meio de um adjunto adverbial introduzido por preposição:

    Muitos homens morrem de fome por causa do egoísmo de alguns.

    A alternativa E está correta.


  • Acertei a questão pelo 3º parágrafo, confusa essa questão :/

  • BIZU:

    CONDIÇÃO: hipótese (se, conquanto que, salvo se, desde que, a menos que, anão ser que, caso,...)

    CONCESSÃO: ideia contrária (ainda que, apesar de que, embora, mesmo que, conquanto, se bem que, por mais que, posto que,...)

    CONFORMIDADE: conformidade de um fato com o outro (conforme,como, segundo, consoante,...)

    TEMPORAL: circunstância de tempo (quando, enquanto, assim que, logo que, todas as vezes que, desde que, depois que, sempre que,...)

    FONTE:GRAMÁTICA COMENTADA COM INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS- Adriana Figueiredo e Fernando Figueiredo, pág. 131, 132.

  • Gustavo, acho que o site qconcursos formatou o texto errado. Assim como você, eu também não encontrei o "senão" no quarto parágrafo. Só o encontrei no sexto parágrafo. Talvez no texto original o 4°, 5° e o 6° parágrafos estivessem todos juntos.

  • Gente, a questão não está confusa. O 4º parágrafo é esse:  


    >>O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome.


    Acho que vcs estão fazendo bullying com o 4º parágrafo somente porque ele só tem uma linha. Tadinho gente!!

  • Errei a questão porque pensei que o DE da expressão DE FOME, pensei separado, ele somente fosse uma Preposição, se a banca perguntasse a expressão DE FOME aí sim poderíamos sim mencionar um Adjunto Adverbial de Causa, mas olhando pela semântica neste contexto sim o DE pode expressar causa


  • Godzilla, kkkkkkkkkkk

  • Galera, primeiramente tem que identificar o parágrafo correto.

    Gabarito correto na minha visão.

  • Só não entendi o erro da primeira:

    "foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado"

    A alternativa (A) diz  - palavras que indica privação ou negação.

    Pra mim esta correto pois posso fazer a substituição de - sem ser identificado - por - não foi (sendo) identificado....

  • se = condicional  -------------   senão = adversativa
  • Acho que o pessoal esta se confundindo,o quarto parágrafo só tem uma linha.

     

  • Para aqueles que só querem ver o gabarito:

    LETRA E.

  • Qual o erro da I?

  • Caso houvesse alternativa "I e III" marcaria, pois também achei a letra "e" correta. Mais correta ainda a alternativa "a". Português dos nossos sonhos..... Ainda não achei qual o erro da alternativa "a". Caso alguém saiba enviar para email weverson1@hotmail.com. 

  • "senão" utilizada no 4º parágrafo equivale à "preposição acidental indicando exceção (pode ser substituído por afora, exceto, salvo, a não ser)".

    A Gramática Para Concursos Públicos - Fernando Pestana - 3ª edição.

  • Weverson Cavalcante, segundo o prof. Arenildo, não é elemento de composição de palavras porque ela não forma palavra com outro radical, mas o sentido indica ausência sim.

    Abçs

  • Parece que esse professsor não tem disposição para comentar os erros da questão. Só acho....

  • I. A preposição SEM, no contexto, é um elemento de composição de palavras que indica privação ou negação.

    De fato não está correto o que se afirma no acima, pois no contexto não há ocorrência de PRIVAÇÃO a algo nem negação de ALGO. O que ocorre é apenas a AUSÊNCIA de algo, que é a identificação (a falta de identificação).

  • O erro da assertiva I é dizer que "sem" é elemento de composição. Se não fosse isso, estaria correta.