SóProvas


ID
1796371
Banca
FUNCAB
Órgão
CRF-RO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                          Você sabe com quem está falando?

      Não nos parece uma tarefa fácil conciliar desejos (que geralmente são ilimitados e odeiam controles) e a questão fundamental de cumprir regras, seguir leis e construir espaços públicos seguros e igualitários, válidos para todos, numa sociedade que também tem o seu lado claramente aristocrático e hierárquico. Um sistema que ama a democracia, mas também gosta de usar o “Você sabe com quem está falando?”. O nosso amor simultâneo pela igualdade e, a seu lado, o nosso afeto pelo familismo e pelo partidarismo governados pela ética de condescendência tão nossa conhecida, que diz: nós somos diferentes e temos biografia; para os amigos tudo, aos inimigos (e estranhos, os que não conhecemos) a lei!

      O resultado dessa tomada de posição, básica numa democracia, é simples, mas muitas vezes ignorado entre nós: a minha liberdade teoricamente ilimitada tem de se ajustar à sua, e as duas acabam promovendo uma conformidade voluntária com limites, com fronteiras cívicas que não podem ser ultrapassadas, como a de furar a fila ou a de dar uma carteirada.

      Na sua simplicidade, a fila é um dos melhores, se não for o melhor, exemplos de como operam os limites numa democracia. Seus princípios são simples e reveladores: quem chega primeiro é atendido em primeiro lugar. Numa fila, portanto, não vale o oculto. Ou temos uma clara linha de pessoas, umas atrás das outras, ou a vaca vai para o brejo. Quando eu era menino, lembro-me bem de como era impossível ter uma fila no Brasil.As velhas senhoras e as pessoas importantes (sobretudo os políticos) não se conformavam com suas regras e traziam como argumento para serem atendidos, passando na frente dos outros, ou a idade, ou o cargo, ou conhecimento com quem estava atendendo, ou algum laço de família. Hoje, sabemos que idosos e deficientes não entram em fila. Mas estamos igualmente alertas para o fato de que um cargo ou um laço de amizade não faz de alguém um supercidadão com poderes ilimitados junto aos que estão penando numa fila por algumas horas.

      Do mesmo modo e pela mesma lógica, ninguém pode ser sempre o primeiro da fila (e nem o último), como ninguém pode ser campeão para sempre. Se isso acontece, ou seja, se um time campeão mudar as regras para ser campeão para sempre, então o futebol vai pros quintos dos infernos. Ele simplesmente acaba com o jogo como uma disputa. Na disputa, o adversário não é um inimigo; numa fila, quem está na frente não é um superior. O poder ilimitado e congelado ou fixo em pessoas ou partidos, como ocorre nas ditaduras, liquida a democracia justamente porque ele usurpa os limites nos quais se baseia a fila.

                                                                                                                               DA MATTA, Roberto

                                                                                                      (Adaptado de revistatrip.uol.com.br.)

Considerando o contexto, como se justifica a concordância do termo em destaque feita em: “Mas estamos igualmente ALERTAS para o fato de que um cargo."?

Alternativas
Comentários
  • Estamos - Verbo de ligação

    Alertas- Na frase está dando um sentido de adjetivo para o sujeito "Nós" que está implícito na frase

  • Alerta é adverbio , consequentemente não varia. Questão mal formulada.

  • Neste caso, "alertas" não é advérbio, mas sim adjetivo  ... equivalente a "espertos, conscientes, antenados ..."


    Nota, que já na primeira alternativa o examinador menciona advérbio, mas só pra "pegar" os desatentos...


    Logo, gabarito letra B!!



  • "Mas estamos igualmente ALERTAS para o fato de que um cargo."

    ALERTA, neste caso específico, tem valor de ADJETIVO pois relaciona uma qualidade (ESPERTO, etc) do sujeito oculto (NÓS) proveniente do verbo "ESTAMOS".  
  • ALERTA quando Advérbio = Não varia

    ALERTA quando Adjetivo = Pode variar
  • Gabarito Letra B. Leve a frase para ordem direta do discurso (SUJEITO + PREDICADO + COMPLEMENTOS) e acerte a questão:

    [nós - sujeito desinencial] estamos [verbo de ligação] ALERTAS [predicativo do sujeito - termo adjetivo] (para um determinado fato) complemento nominal, alertar-se com algo, para algo.
  • Se o termo fosse "em alerta", aí sim, seria invariável.

  • Pra nós que resolvemos muitas questões, essa foi uma daquelas que você para e pensa... pô que questão bonita. Você aprende mais com esse tipo e não com outras aí que só exigem decoreba.

  • Quando li essa questão, pensei logo que não existia a palavra ALERTAS,assim como não existe a palavra MENAS.

     

    Fui pesquisar e achei um artigo interessante:

     

    Alerta – Existe no plural?

     

    1) Tradicionalmente se tem considerado alerta apenas um advérbio e, assim, tem-se preconizado seu emprego invariável.

    Ex.: "Estamos todos alerta".

    2) Reforçando esse ensino, observa Evanildo Bechara que "há uma tendência para se usar deste vocábulo como adjetivo, mas a língua padrão recomenda se evite tal prática".

    3) Assim também é a lição de Luiz Antônio Sacconi: "fica invariável, porque não é adjetivo, mas advérbio", muito embora anote tal autor, na língua popular, "uma forte inclinação para a flexão da palavra".

    4) E Luís A. P. Vitória: "Quando alerta for advérbio, manter-se-á invariável: 'As sentinelas mantinham-se alerta' (e não alertas)".

    5) Reiterando a lição de que "não tem cabimento a flexão alertas", apenas excepcionando tal possibilidade quanto se trata de substantivo – "soaram dois alertas" – Sousa e Silva colheu exemplo de erronia em um vespertino: "Os observatórios de todo o mundo estão alertas, e os canhões telescópicos, apontados contra o infinito, aguardam a noite".

    6) Repetindo esse ensino tradicional da Gramática, observam José de Nicola e Ernani Terra , por um lado, que "alerta é advérbio, portanto não deve variar"; por outro lado, atestando o que vem ocorrendo na linguagem coloquial, com os efeitos sendo espraiados para a própria linguagem literária, acrescentam que é "comum, no entanto, mesmo em bons autores, encontrar o emprego dessa palavra como adjetivo, variando, portanto".

    7) E Domingos Paschoal Cegalla anota que "na língua de hoje é mais empregado como adjetivo, portanto variável, no sentido de vigilante, atento". Exs.: a) "Temos de estar alertas..." (Oto Lara Resende); b) "Fingia-se absorvida, porém seus ouvidos estavam alertas" (Menotti Del Picchia); c) "Todos os seus sentidos estão alertas" (Adonias Filho).

     

  • A) Como funciona como advérbio, modifica o sentido do verbo, modificando-o.

    NÃO! POIS ADVÉRBIO É INVARIAVEL; E PELO CONTEXTO PERCEBE-SE QUE NÃO É ADVÉRBIO.

    ex: o menino comeu RAPIDAMENTE;

    o padre, a freira e o concurseiro comeram RAPIDAMENTE;

    B) Funciona como adjetivo, atribuindo característica ao sujeito, concordando com ele.

    Sim! tenta passar para o singular: MAS O RAPAZ ESTÁ IGUALMENTE ALERTA. QUEM É QUE ESTÁ ALERTA? O RAPAZ! aaah é SUJEITO OCULTO. GABARITO!

    C) Essa palavra concorda com o verbo que está no plural e com o substantivo ao qual se refere.

    CONCORDA COM SUJEITO!

    D) A regra afirma que, quando a palavra alerta for procedida por preposições tanto o verbo quanto o adjetivo concordam com ela.

    FUM0U PEDRA NESSA, NADA VÊ! NEM TEM PREPOSIÇÃO!

    E) Assume a mesma função que o sintagma verbal é capaz de exercer e, consequentemente, concorda com o advérbio.

    NÃO! POIS ADVÉRBIO É INVARIAVEL;

    RUMO PMSC!

  • ESTÁ CONCORDANDO COM O SUJEITO OCULTO "NÓS" É UM ADJETIVO MORFOLOGICAMENTE E UM PRED. DO SUJEITO SINTATICAMENTE.

  • B pra rimar com RUMO À PMSC

  • Ai ai! Como eu odeio essa banca. mas.... RUMO À PMSC