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ID
1823878
Banca
CEPERJ
Órgão
CEDERJ
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

MEIO SÉCULO DEPOIS...
Cristovam Buarque, O Globo, 07/09/2013

    A quase totalidade dos discursos de políticos é irrelevante. São logo esquecidos. Mas, nesta semana, comemora-se em todo o mundo os 50 anos do discurso do dr. Martin Luther King em que ele disse que tinha sonhos: de que seus quatro filhos não sofreriam preconceitos por causa da cor da pele; e de que os filhos dos ex-escravos e os filhos dos ex-donos de escravos seriam capazes de sentar juntos na mesma mesa, como irmãos.
   Meio século depois, nós também temos sonhos.
   Sonhamos que um dia nenhum dos filhos do Brasil será privado de uma educação de qualidade que lhes permita entender a lógica do mundo, deslumbrar-se com suas belezas, indignar-se com suas injustiças, falar e escrever seus idiomas, ter uma profissão que lhes permita usufruir e melhorar o mundo onde vivem.
    Para isso, sonhamos fazer com que a mais pobre criança tenha, desde sua primeira infância, uma escola com a qualidade das melhores do mundo, que um dia os filhos dos trabalhadores estudarão nas escolas dos filhos de seus patrões, os filhos das favelas nas escolas dos filhos dos condomínios e, em consequência, o Brasil terá pontes em lugar de muros entre suas classes e seus espaços urbanos.
      Sonhamos que não está distante o dia em que todos os brasileiros acreditarão que isso é preciso e é possível. Deixarão de considerar o sonho como um delírio de utopista ou demagogia de político. Olharão ao redor e verão que muitos outros países já fizeram esta revolução, que chegará tardia ao Brasil, como nos chegou tardiamente a libertação dos escravos. Lembrarão que até 1863, na terra do dr. King, e, por décadas mais no Brasil, a ideia de que os negros um dia seriam livres do cativeiro era vista como estupidez. E hoje o presidente da República deles é negro.
     Sonhamos também que, acreditando nos seus sonhos, o Brasil se levantará para realizá-los. Porque o sonho não se realiza quando ele é solitário, nem tampouco quando os sonhadores continuam deitados em berço esplêndido. Só quando é de todos e todos se levantam é que ele começa a ser realidade.

A alternativa correta quando à função sintática dos termos citados é:

“Sonhamos também que, acreditando nos seus sonhos, o Brasil se levantará para realizá-los. Porque o sonho não se realiza quando ele é solitário, nem tampouco quando os sonhadores continuam deitados em berço esplêndido. Só quando é de todos e todos se levantam é que ele começa a ser realidade".

Alternativas
Comentários
  • Está certo, porque o Brasil é sujeito do verbo levantar-se e o sonho é sujeito do verbo, na voz passiva sintética, realizar. 

  • letra C está errada pq esta no plural e adjunto adverbial é invariável. plural já é variável.

    Arthur de Ramos, bar do Manel

    vem que vem

  • os sonhadores continuam deitados em berço esplêndido.

    Por que esplêndido não é predicativo, Gabriel?

    1) Nesse caso, o verbo deitar é intransitivo, logo não há objeto direto nem indireto para termos um predicativo do objeto;

    2) Não poderia ser predicativo do sujeito, pois deitados já é predicativo do sujeito;

    3) "em berço" é adj. adv. lugar, sendo assim, esplêndido se refere a um advérbio.

    4) O esplêndido é um Complemento nominal, pois apenas se refere a subst.abst, adj ou adverb.

  • Fica entre A e B.

    Gabarito A, pois 1ª se é reflexivo e o sujeito explicito é Brasil, e realiza-se, a pergunta ao verbo "não se realiza, o quê? - o sonho - sujeito.

    Contudo a dúvida é em:

    Ele é solitário ( PS) - nítido, variável.

    x

    Ele Começa a ser realidade.

    (Tem uma ideia de tornar-se - ele tornou-se realidade) sendo PS.

    Sendo assim, como tem funções sintáticas iguais, a alternativa B está errada, pois afirma que tem diferentes.