- ID
- 1825615
- Banca
- NC-UFPR
- Órgão
- SES-PR
- Ano
- 2009
- Provas
-
- NC-UFPR - 2009 - SES-PR - Administrador
- NC-UFPR - 2009 - SES-PR - Assistente Social
- NC-UFPR - 2009 - SES-PR - Enfermeiro
- NC-UFPR - 2009 - SES-PR - Farmacêutico
- NC-UFPR - 2009 - SES-PR - Fisioterapeuta
- NC-UFPR - 2009 - SES-PR - Nutricionista
- NC-UFPR - 2009 - SES-PR - Odontólogo
- NC-UFPR - 2009 - SES-PR - Psicólogo
- Disciplina
- Português
- Assuntos
O texto a seguir é referência para a questão.
Os cursinhos correm para mudar
Camila Pereira e Renata Betti
Os cursinhos que, há seis décadas, preparam os estudantes para o velho vestibular estão diante de um duro desafio: reformular rapidamente seus negócios para adaptar-se ao novo ENEM, prova feita pelo Ministério da Educação (MEC) que, já neste ano, substituirá o vestibular em mais de 500 universidades brasileiras. Para a maioria, as mudanças vão implicar uma verdadeira transformação em duas frentes essenciais do negócio: a produção de material didático e o treinamento dos professores. Juntas, elas representam até 40% dos custos fixos de um cursinho. As adaptações, não há dúvida, vão encarecer ainda mais essa conta. Um grupo como o Objetivo, dono de uma das cinco maiores redes de cursinhos do país, calcula que terá de desembolsar neste ano 10% além do previsto por causa do novo ENEM, uma prova mais voltada para o raciocínio lógico, com questões que entrelaçam diferentes áreas do conhecimento, e menos para a memorização de uma vasta quantidade de conteúdos e fórmulas, como ainda ocorre no vestibular. Outros cursinhos se viram forçados a recrutar dezenas de pessoas para reescrever as apostilas e treinar os professores de modo que consigam preparar os alunos para resolver a nova prova – caso do COC, um dos cinco maiores do setor. "Estamos reformulando nosso sistema de ensino", resume o diretor Tadeu Terra. "Quem não fizer isso será engolido."
Um grande complicador é o tempo exíguo para executar tamanha mudança. Normalmente, um processo como esse – que requer uma reestruturação do plano pedagógico – consome mais de um ano. Como só restam cinco meses até a aplicação da prova e os alunos ainda precisam ser treinados para ela, será necessário fazer o mesmo até julho, em apenas três meses. O prazo curto vai exigir um aumento na carga horária das aulas, para que todo o conteúdo seja passado a tempo. Nessa corrida, levam vantagem aqueles cursinhos que já haviam começado a se reformular antes de o MEC anunciar o novo sistema. "Estamos nessa direção há cinco anos", diz Carlos Eduardo Bindi, diretor da rede Etapa. Ele e outros, como o próprio COC, miravam, na realidade, o velho ENEM, que já é adotado na admissão a cerca de 500 faculdades do país. Também se adaptavam a vestibulares como o da Unicamp, menos afeito à decoreba. Como ambos os exames mantêm semelhanças com o novo ENEM (ao menos conceitualmente, uma vez que falta ao MEC divulgar muitos detalhes sobre a prova), quem já ajustava sua linha pedagógica ficou em situação mais confortável. Diz o consultor Mateus Prado: "Esses são os cursinhos mais bem posicionados para ganhar terreno". Eles estão em melhores condições para brigar por alunos num mercado que é extremamente sensível à novidade. "Para um cursinho prosperar, deve dispor de capacidade para empreender mudanças radicais rapidamente", sintetiza Prado.
No atual cenário, as grandes redes, por uma questão logística, estão mais bem posicionadas para se ajustar à nova realidade. As cinco maiores, com curs inhos esparramados pelo país inteiro, possuem gráfica própria, nas quais o cronograma de impressão já é mensal. Somando-se todo o material produzido numa dessas gráficas por mês, chega-se a meio milhão de apostilas. Os cursinhos menores, que não contam com tal estrutura, recebem o material apenas uma vez por ano. Sem escala para a impressão, não seria economicamente viável fazê-lo mensalmente. "Só vai dar para adaptar nosso material em 2010", admite Jorge Curvelo, diretor do Quanta, cursinho de 250 alunos em Salvador.
Outro fator que pesa em favor dos grandes é o fato de não dependerem de um negócio só. Além de escolas e faculdades, tais grupos ganham muito dinheiro com a venda do que é conhecido no mercado como "pacote pedagógico". Entenda-se por isso material didático, treinamento de professores e consultorias prestadas a cursinhos menores, negócio que já supera a receita proveniente das próprias matrículas. Na prática, significa que, ainda que o lucro com os cursinhos encolha por ora, uma vez que precisarão desembolsar mais dinheiro para dar conta das mudanças, os grandes grupos apresentam condições bastante favoráveis para superar esse momento. Mais capitalizados, podem, por exemplo, bancar a decisão de não repassar o prejuízo para as mensalidades – o que periga acontecer com os concorrentes. Diz Jorge Curvelo, do Quanta, que faz coro com donos de cursinhos médios e pequenos: "A verdade é que estamos com medo de ser extintos". (...)
(Veja, 29 abr. 2009.)
Leia as seguintes afirmações sobre o texto.
1. A expressão “um grande complicador” no início do segundo parágrafo, ao mesmo tempo que remete à situação citada no parágrafo anterior, introduz um elemento novo.
2. “No atual cenário”, no início do terceiro parágrafo, refere-se à legislação atual, na qual a forma de ingresso na universidade é o vestibular.
3. “Outro fator”, que inicia o quarto parágrafo, introduz um argumento que se opõe às informações anteriores.
Assinale a alternativa correta.