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ID
1840462
Banca
FCC
Órgão
TRT - 23ª REGIÃO (MT)
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      O processo impregnado de complexidade, ao qual se sobrepõem ideias de avanço ou expansão intensamente ideologizadas, e que convencionamos chamar pelo nome de progresso, tem, dentre outros, um atributo característico: tornar a organização da vida cada vez mais tortuosa, ao invés de simplificá-la. Progredir é, em certos casos, sinônimo de complicar. Os aparelhos, os sinais, as linguagens e os sons gradativamente incorporados à vida consomem a atenção, os gestos, a capacidade de entender. Além disso, do manual de instruções de um aparelho eletrônico à numeração das linhas de ônibus, passando pelo desenho das vias urbanas, pelos impostos escorchantes e pelas regras que somos obrigados a obedecer – inclusive nos atos mais simples, como o de andar a pé −, há uma evidente arbitrariedade, às vezes melíflua, às vezes violenta, que se insinua no cotidiano.

      Não há espaço melhor para averiguarmos as informações acima do que os principais centros urbanos. Na opinião do geógrafo Milton Santos, um marxista romântico, “a cidade é o lugar em que o mundo se move mais; e os homens também. A co-presença ensina aos homens a diferença. Por isso, a cidade é o lugar da educação e da reeducação. Quanto maior a cidade, mais numeroso e significativo o movimento, mais vasta e densa a co-presença e também maiores as lições de aprendizado".

      Essa linha de pensamento, contudo, não é seguida por nós, os realistas, entre os quais se inclui o narrador de O silenceiro, escrito pelo argentino Antonio di Benedetto. Para nós, o progresso transformou as cidades em confusas aglomerações, nas quais a opressão viceja. O narrador-personagem do romance de Di Benedetto anseia desesperadamente pelo silêncio. Os barulhos, elementos inextricáveis da cidade, intrometem-se no cotidiano desse homem, ganhando existência própria. E a própria espera do barulho, sua antevisão, a certeza de que ele se repetirá, despedaça o narrador. À medida que o barulho deixa de ser exceção para se tornar a norma irrevogável, fracassam todas as soluções possíveis.

A cidade conspira contra o homem. As derivações da tecnologia fugiram, há muito, do nosso controle.

(Adaptado de: GURGEL, Rodrigo. Crítica, literatura e narratofobia. Campinas, Vide Editorial, 2015, p. 121-125) 

E a própria espera do barulho (...) despedaça o narrador.

O verbo que possui, no contexto, o mesmo tipo de complemento do grifado acima está em: 

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: letra D

    O forma verbal ''despedaça'', na frase, pede um objeto direto.

    O verbo haver no sentido de existir não tem sujeito. Entretanto, possui complemento que, no caso em tela, pede um objeto direto.

    ''Há (existe) o quê? Uma evidente arbitrariedade (Objeto Direto)''

    a - Por isso, a cidade é o lugar da educação... (verbo de ligação)

    b - ... nas quais a opressão viceja (aqui é intransitivo)

    c - ... anseia desesperadamente pelo silêncio. (anseia por - objeto indireto)

    e - ... fracassam todas as soluções possíveis. (verbo intransitivo)

    OBS: vicejar no sentido de (Figurado) demonstrar-se ou expor-se de forma vivaz e transbordante. É intransitivo.

  • a)

    Por isso, a cidade é o lugar da educação... =verbo de ligação

    b)

    ... nas quais a opressão viceja. = aqui eu acho que é VERBO TRANSITIVO INDIRETO em virtude do NAS QUAIS AIIIII

    c)

    ... anseia desesperadamente pelo silêncio. =vti

    d)

    ... há uma evidente arbitrariedade... = vtd

    e)

    ... fracassam todas as soluções possíveis.  = aqui é só inverter que fica mais facil

     

    todas as soluções possíveis fracassam

  • Agradeço ao Bruno e Vitor.

    Vamos lá mais uma vez:

     

    Nunca esqueça disso =p

    VERBO HAVER ( sentido de existir, acontecer, tempo transcorrido) - é impessoal ( sem sujeito), mas tem complemento verbal ( objeto direto)

    VERBO EXISTIR : é intransitivo, mas tem sujeito.

     

    Há coisas necesse armário. ( NÃO TEM SUJEITO, MAS TEM OBJETO DIRETO)

    Existem coisas nesse armário. ( TEM SUJEITO, MAS NÃO TEM OBJETO).

     

    GABARITO "D"

  • ...  uma evidente arbitrariedade...

    1) verbo haver no sentido de Existir, ocorrer e acontecer será impessoal.

    2) Verbo haver impessoal pede um Objeto direto.

     

    Gabarito: D

     

  • GABARITO ITEM D

     

    VERBO HAVER -->VERBO IMPESSOAL E TRANSITIVO DIRETO

  • A FCC adora colocar o verbo HAVER, que é impressoal e TD, nesse tipo de questão, que pede verbo TD.

  • Ótima questão, pena que eu errei. Estava com sono e por o verbo "haver" ser impessoal, eu o confudi com intrasitivo. kkkk Mas é isso: Verbo Haver(existir ou ocorrer)= OD

  • Em "despedaça o narrador", se formos analisar a oração, verificamos ao perguntar ao verbo "quem despedaça?", temos a resposta como "o narrador", sendo este então o sujeito. Reorganizando a oração fica-se: O narrador despedaça. Neste contexto, o verbo "despedaça" assume forma de verbo intransitivo, pois não há complemento. Agora julgando as alternativas, opta-se então pela letra E "fracassam todas as soluções possíveis". Reorganizando a oração "Todas as soluções possíveis fracassam", fracassam como verbo intransitivo, assim como "despedaça".

  • Ótima questão, pena que eu errei. Estava com sono e por o verbo "haver" ser impessoal, eu o confudi com intrasitivo. kkkk Mas é isso: Verbo Haver(existir ou ocorrer)= OD

  • "Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo".
    João 16:33

  • O verbo HAVER NO SENTIDO DE "EXISTIR" É IMPESSOAL, MAS PEDE OBJETO DIRETO! Não confunda impessoal com intransitivo; impessoal é: verbo que NÃO TEM SUJEITO, ao passo que intransitivo é o verbo que não pede complemento.

  • Pessoal, verbo haver sempre é impessoal, e não só no sentido "existir"

    ocorrem algumas exceções e a consequente flexão do mesmo, mas sempre é impessoal

    por exemplo:

    haver+particípio, eles haviam chegado...

    haver +preposição +infinitivo, hão de ter meu apoio

    bons estudos

  • Haver no sentido de existir é impessoal, e aquilo que a gente pensar que é o sujeito na verdade é o OBJETO DIRETO.

  • O verbo HAVER no sentido de EXISTIR é VTD e pede complemento OD.

  • Note que o verbo 'despedaça' é um VTD. Quem despedaça, despedaça algo.
    a) E. O verbo 'é' é um verbo de ligação e o termo 'lugar da educação' predicativo do sujeito.
    b) E. O verbo 'viceja' é um VI.
    c) E. Quem anseia, anseia por algo. Logo é um VTI, regido pela preposição 'por'.
    d) C. O verbo 'haver' no sentido de existir, se torna impessoal, logo não há sujeito e ele deve ser flexionado no singular. Logo o termo 'uma evidente arbitrariedade' atua como complemento do verbo 'haver', funcionando como um objeto direto. 
    e) E. O verbo fracassar é VI. Veja que organizando a oração na ordem direta teremos: SUJEITO + VERBO. Todas as soluções possíveis fracassam. 

  • Pegadinha clássica da FCC pra quem procura complemento do verbo fazendo aquele macete:

    Fracassam o que? todas as soluções...

    Eles invertem a ordem e colocam o sujeito depois do verbo, e o Verbo Intransitivo fica com cara de VTD

    e)... fracassam todas as soluções possíveis.

  • Onde houver verbo haver nas questões da FCC abre o olho que quase sempre tá falando de objeto direto.

  • PERCEBI QUE A FCC ADORA ESSE TIPO DE QUESTÃO

  • Há no sentido de existir , o que vem depois e OBJ DIRET , lembrando que na oração não há sujeito.