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ID
1853614
Banca
FEPESE
Órgão
Prefeitura de Florianópolis - SC
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                       

A linguagem poética

Em relação à prosa comum, o poema se define de certas restrições e de certas liberdades. Frequentemente se confunde a poesia com o verso. Na sua origem, o verso tem uma função mneumotécnica (= técnica de memorizar); os textos narrativos, líricos e mesmo históricos e didáticos eram comunicados oralmente, e os versos – repetição de um mesmo número de sílabas ou de um número fixo de acentos tônicos e eventualmente repetição de uma mesma sonoridade (rima) – facilitavam a memorização. Mais tarde o verso se tornou um meio de enfeitar o discurso, meio que se desvalorizou pouco a pouco: a poesia contemporânea é rimada, mas raramente versificada. Na verdade o valor poético do verso decorre de suas relações com o ritmo, com a sintaxe, com as sonoridades, com o sentido das palavras. O poema é um todo.

(…)

Os poetas enfraquecem a sintaxe, fazendo-a ajustar-se às exigências do verso e da expressão poética. Sem se permitir verdadeiras incorreções gramaticais, eles se permitem “licenças poéticas".

Além disso, eles trabalham o sentido das palavras em direções contrárias: seja dando a certos termos uma extensão ou uma indeterminação inusitadas; seja utilizando sentidos raros, em desuso ou novos; seja criando novas palavras.

Tais liberdades aparecem mais particularmente na utilização de imagens. Assim, Jean Cohen, ao estudar o processo de fabricação das comparações poéticas, observa que a linguagem corrente faz espontaneamente apelo a comparações “razoáveis" (pertinentes) do tipo “a terra é redonda como uma laranja" (a redondeza é efetivamente uma qualidade comum à terra e a uma laranja), ao passo que a linguagem poética fabrica comparações inusitadas tais como: “Belo como a coisa nova/Na prateleira até então vazia" (João Cabral de Melo Neto). Ou, então estranhas como: “A terra é azul como uma laranja" (Paul Éluard).

Francis Vanoye

Assinale a alternativa correta quanto à regência verbal.

Alternativas
Comentários
  •  a) Chamaram Jean de poeta. Correto.

     b) "Não obedeço a rima das estrofes”, disse o poeta. Não obedeço à rima.

     c) Todos os escritores preferem o elogio do que a crítica. Preferem o elogio à crítica.

     d) Passou no cinema o filme sobre aquele poeta que gosto muito. Poeta de que gosto muito.

     e) Eu me lembrei os dias da leitura de poesia na escola. Eu me lembrei dos dias OU eu lembrei os dias.

  • Também estaria correta a frase: Chamaram ao Jean (de) poeta. O (de) é facultativo em ambos os casos.

  • gab: A

    a) Chamaram Jean de poeta. ( CORRETO)

     

     b) “Não obedeço a rima das estrofes”, disse o poeta. (Não obedeço à rima das estrofes)

     

     c) Todos os escritores preferem o elogio do que a crítica. (...preferem elogio à crítica)

     

     d) Passou no cinema o filme sobre aquele poeta que gosto muito. (...sobre aquele poeta de que gosto muito)

     

     e) Eu me lembrei os dias da leitura de poesia na escola. (...eu me lembre dos dias...)

  • Na letra E, "lembrei-me" é verbo pronominal, logo exige preposição.

  • Na letra "A" o verbo pode ser usado tanto como VTI, bem como, VTD.

  • Sobre a letra E:

    Os verbos LEMBRAR e ESQUECER só devem vir acompanhados da preposição DE quando forem empregados na sua forma pronominal, ou seja, quando usarmos as formas: eu ME lembro DE, ele SE esquece DE, nós NOS lembramos DE, eles SE esquecem DE. 

    Se usarmos esses verbos desacompanhados dos pronomes ME, SE e NOS, não usamos a preposição DE. Assim, está igualmente correto dizer:

    “Eu sempre lembro o aniversário dos meus amigos” e “Eu sempre ME lembro DO aniversário dos meus amigos”.

    Fonte: