- ID
- 1862806
- Banca
- Nosso Rumo
- Órgão
- Prefeitura de Mairinque - SP
- Ano
- 2011
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
O que não mata faz crescer
A criança precisa exercitar paciência, esforço e outros
pequenos sofrimentos para se desenvolver
Quem tem filhos com idade entre seis e 12 anos,
mais ou menos, precisa pensar seriamente que, nessa
fase da vida, o importante é crescer.
Tem sido muito difícil para essas crianças encontrar
oportunidades que as ajudem durante esse processo,
porque temos escolhido, muitas vezes, impedir que isso
aconteça na hora certa.
Temos atrapalhado o crescimento dos nossos filhos,
esse é o fato.
Tomemos como exemplo uma parte importante da
experiência das crianças nessa fase, e que deveria ser a
sua grande chance de crescimento: a vida escolar.
Primeiramente, vamos entender os motivos disso. É
a partir dos seis, dos sete anos que a criança inicia o
período escolar, um processo que deve possibilitar a ela,
progressivamente, o acesso aos códigos que, por sua vez,
lhe permitirão decifrar o mundo adulto.
Aprender a trabalhar com as letras e os números,
com um grau cada vez maior de complexidade, é o que
oferece à criança a ferramenta necessária para que ela
comece a fazer a sua leitura de mundo, no mais amplo
sentido que essa expressão possa ter.
Mas, ainda, com o necessário apoio dos adultos, é
importante ressaltar.
Essa nova aquisição possibilita, por sua vez, que a
criança ganhe condições de começar a andar com suas
próprias pernas.
Até então, vamos lembrar, seus passos eram
dirigidos por seus pais ou por outros adultos que
acompanhavam de perto sua vida.
Junto com o entendimento mais bem informado do
funcionamento do mundo e da compreensão de como a
vida é, experiências novas surgem, é claro.
Pequenos deveres e responsabilidades, por
exemplo, passam a recair sobre a criança. Novas
dificuldades e exigências também fazem com que a
criança tenha de exercitar o que antes não precisava,
porque cabia ao adulto: paciência, esforço, concentração,
espera, superação, entre outros.
O que fazemos nessas horas? Em vez de apoiar a
criança, encorajá-la nessa sua nova empreitada, ampará-
la em seus inevitáveis, mas ainda pequenos sofrimentos,
achamos necessário fazer tudo isso por ela.
De quem é hoje a responsabilidade pela vida escolar
dessas crianças? Delas? Dificilmente. São os pais quem
tem assumido essa parte da vida por elas, devidamente
incentivados pela escola e pela sociedade de uma
maneira geral.
E por vida escolar vamos entender tudo o que diz
respeito ao período passado na escola: desde a árdua
batalha pela aquisição do conhecimento até o convívio
com colegas e professores naquele espaço.
Tem sido dever dos pais, por exemplo, o
acompanhamento da realização do trabalho escolar que
deve ser feito em casa.
É dos pais também a preocupação com o
rendimento e o desenvolvimento no processo da
aprendizagem do filho, bem como o monitoramento do
comportamento da criança no espaço escolar.
E o que dizer então a respeito da frustração ao não
ser convidado para uma festa ou à experiência de
isolamento na hora do recreio?
Tudo isso e ainda mais os pais querem (ou são
pressionados a) administrar na vida de seus filhos, nessa
segunda e última parte da infância deles. E eles têm
assumido tudo isso com orgulho, vamos reconhecer.
Resultado? A criança permanece aprisionada nesse
mundo ilusório e mágico em que sempre tudo termina
bem, e nunca por sua própria intervenção.
Desse modo, ela não cresce, não desenvolve o seu
potencial, tampouco reconhece esse potencial, enfim: não
se encontra. Melhor dizendo: ela se encontra sempre na
condição de criança, até o dia em que terá de enfrentar o
tédio que isso é.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu
Filho?"
Fonte:(Publifolha)
www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=441
Assinale a alternativa, cujo verbo destacado apresente a
mesma regência do verbo grifado na frase abaixo:
“Tem sido muito difícil para essas crianças encontrar
oportunidades."