SóProvas


ID
1887385
Banca
FCM
Órgão
Prefeitura de Barbacena - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1

                             A “facebookização” do jornalismo

                                                                                                            Cleyton Carlos Torres

      [1º§] A crise que embala o jornalismo não é de hoje. Críticas a aspectos conceituais, morais, editoriais e até financeiros já rondam esse importante pilar da democracia há um bom tempo. O digital, então, acabou surgindo para dar um empurrãozinho – tanto para o bem como para o mal – nas redações mundo afora. Prédios esvaziados, startups revolucionárias, crise existencial e um suposto adversário invisível: o próprio leitor.

      [2º§] O leitor – e suas mídias sociais digitais conectadas em rede – passou a ser visto como um inimigo a ser combatido, um mal necessário para que o jornalismo conseguisse sobreviver. Não mais se fazia jornalismo para a sociedade, mas se fazia um suposto jornalismo dinâmico e frenético para que os grandes nomes da imprensa sobressaíssem diante dos “jornalistas cidadãos”. Esse era um dos primeiros e mais graves erros – dentro de uma sucessão – que seriam seguidos.

      [3º§] As redações continuaram a ser esvaziadas, a crise existencial tornou-se mais aguda e o suposto adversário invisível cada vez se tornava mais forte. Havia um clima de que os “especialistas de Facebook” superariam a imprensa. Não era mais necessário investir em jornalismo, já que as mídias sociais supririam toda a nossa fome por conhecimento e informação. O mito – surgido nas próprias redes sociais – parecia ter sido absorvido de tal maneira que a imprensa não mais reagia. Mesmo com o crescente número de startups sobre jornalismo, o canibalismo jornalístico parecia mais importante.

      [4º§] Agora, outros erros tão graves quanto os citados estão sendo cometidos pela imprensa. O comportamento infantilizado de muitos veículos através das mídias sociais, por exemplo, demonstra imaturidade e desestruturação de pensamento. A aposta em modismos – e não mais em jornalismo – tem causado um efeito em cadeia que faz com que tanto canais grandes como pequenos se comportem de maneira duvidosa – pelo menos perante os conceitos do que se entendia como jornalismo.

      [5º§] O abuso de listas, o uso de “especialistas de Facebook” como fonte, pautas sendo construídas com base em timelines alheias ou o frenesi encantador de likes e shares têm feito com que uma das maiores armadilhas das redes sociais abocanhe o jornalismo. O jornalismo, como instituição e pilar da democracia, agora se comporta como um usuário de internet, jovem, antenado, mas que não tem como privilégio o foco ou a profundidade. A armadilha se revela justamente no momento em que “ser um usuário” passa a valer como entendimento de “dialogar com o usuário”.

      [6º§] As mídias sociais digitais conectadas em rede trouxeram a “midiatização da mídia”, ou a “facebookização do jornalismo”. Quando se falava em jornalismo cidadão e em participação do usuário, muitos pensavam em um jornalismo global-local, com o dinamismo e velocidade que a internet exige. Porém o que temos visto não vai ao encontro desse pensamento, já que o espaço do cidadão no jornalismo é medido apenas pelo seu humor, a participação do usuário é medida em curtidas e o jornalismo, muitas vezes, não é jornalismo, é apenas uma mera isca para likes e shares.


Fonte: Observatório da Imprensa, edição 886 - 19/01/2016. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/a-facebookizacao-do-jornalismo>  . Acesso em 20 jan. 2016. Fragmento de texto adaptado.


VOCABULÁRIO DE APOIO:

1- Startup: iniciar uma empresa e colocá-la em funcionamento.

2- Facebook: é um site e serviço de rede social, lançado em 2004, operado pela Facebook Inc.

3- Facebookização: neologismo (nova palavra) criado a partir de facebook.

4- Timeline: (linha do tempo): espaço para compartilhamento de dados, imagens e ideias nas redes sociais.

5- Like (curtir) e share (compartilhar): opções de interação e compartilhamento disponíveis nas redes sociais

No trecho: “As mídias sociais digitais conectadas em rede trouxeram a midiatização da mídia [...].”, o vocábulo grifado pode ser substituído, sem perdas semânticas, por

Alternativas
Comentários
  • Vulgarização é sinônimo de: publicação, publicidade, rebaixamento, divulgação

    Com fé eu prossigo. 

  • Por meio das redes sociais qualquer pessoa pode "criar notícias". A mídia em si foi popularizada, vulgarizada...

    Gabarito C

  • Vulgarização, por expor ela em facebook e outras redes sociais. 

  • Significado de Midiatização:

    Ação de divulgar algo na mídia, através de diversos meios de comunicação.

     

    Significado de Vulgarização :

    Ato ou efeito de vulgarizar.

     

     

    Significado de Vulgarizar

     

    Fazer com que se torne conhecido pela maioria; ficar comum; popularizar-se: vulgarizar a música clássica; várias óperas vulgarizaram-se com o passar do tempo.
    Fazer com que se torne excessivamente conhecido; propagar-se: uma campanha política bem articulada vulgarizou a vida do presidente; em certos lugares, a música clássica não se vulgarizou

     

     

     

     

    Fontes:

    http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/midiatiza%C3%A7%C3%A3o/12447/

    https://www.dicio.com.br/vulgarizar/

     

     

     

  • letra c

    As mídias sociais digitais conectadas em rede trouxeram a “midiatização da mídia”, ou a “facebookização do jornalismo”. Quando se falava em jornalismo cidadão e participação do usuário, muitos pensavam em um jornalismo global-local, com o dinamismo e velocidade que a internet exige. Porém, o que temos visto não vai ao encontro desse pensamento, já que o espaço do cidadão no jornalismo é medido apenas pelo seu humor, a participação do usuário é medida em curtidas e o jornalismo muitas vezes não é jornalismo, sendo apenas uma mera isca para likes e shares.(http://www.vermelho.org.br/noticia/275373-1)

    Ou seja, as informações básicas sobre os procedimentos científicos e tecnológicos são, geralmente, de domínio restrito, até mesmo em função do uso de códigos específicos a cada área do conhecimento. Por isso, ao ser preparada para divulgação, a informação necessita de adequação nesta operação de substituição sígnica, o que também envolve uma redução, a fim de se adequar aos requisitos da vulgarização (HEBERLÊ, 2004, p.102)

    Pode-se referir, ainda, uma outra percepção desse universo rural, quando se trata do conteúdo das mensagens. Neste sentido, revela-se uma série de dicotomias, justamente quando se trata da vulgarização do conhecimento: ciência/divulgação, enunciação/re-enunciação, discurso de origem/ discurso segundo. Tais dicotomias são atualizadas na midiatização e segundo Glória Kreinz (1999) estão relacionadas a outra dicotomia, ao compor contemporaneamente a equação que regula o consumidor/obra consumida. Quando o discurso destina-se ao chamado grande público da cultura de massa, “deve conter elementos de sedução que mantém o vínculo consumidor/obra consumida, sem os quais não se sobrevive na indústria de comunicação de massa, portanto uma indústria calcada em pressupostos ideológicos (Kreinz,1999, p. 15).

    fonte: http://www.jornalismocientifico.com.br/revista/05/artigos/artigo_antonio-heberle_e_sadi-sapper.pdf