SóProvas


ID
1894906
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Rosana - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia a crônica Caso de polícia, de Ivan Angelo, e responda à questão.

      Desde que viu pela primeira vez um filme policial, o rapaz quis ser um homem da lei. Sonhava viver aventuras, do lado do bem. Botar algemas nos pulsos de um criminoso e dizer, como nos livros: “Vai mofar na cadeia, espertinho”.

      Estudou Direito com o objetivo de ser delegado de polícia. No início do curso, até pensou em tornar-se um grande advogado criminal, daqueles que desmontam um por um os argumentos do nobre colega, mas a partir do segundo ano percebeu que seu negócio eram mesmo as algemas. Assim que se formou, inscreveu-se no primeiro concurso público para delegado. Fez aulas de defesa pessoal e tiro. Estudou tanto que passou em primeiro lugar e logo saiu a nomeação para uma delegacia em bairro de classe média, Vila Mariana.

      No dia de assumir o cargo, acordou cedo, fez a barba, tomou uma longa ducha, reforçou o desodorante para o caso de algum embate prolongado, vestiu o melhor terno, caprichou na gravata e olhou-se no espelho satisfeito. Encenou um sorriso cínico imitando Sean Connery e falou:

      – Meu nome é Bond. James Bond.

      Na delegacia, percorreu as dependências, conheceu a equipe, conferiu as armas, as viaturas, e sentou-se à mesa, à espera do primeiro caso. Não demorou: levaram até ele uma senhora idosa e enfezada.

      – Doutor, estão atirando pedras no meu varal!

      Adeus 007. O delegado-calouro caiu na besteira de dizer à queixosa que aquilo não era crime.

      – Não é crime? Quer dizer que podem jogar pedras no meu varal?

      – Eu não posso prender ninguém por isso.

      – Ah, é? Então a polícia vai permitir que continuem a jogar pedras no meu varal? A sujar minha roupa?

      James Bond não tinha respostas. Procurou saber quem jogava as pedras. A velha senhora não sabia, mas suspeitava de alguém da casa ao lado. O delegado mandou “convidarem” o vizinho para uma conversa e pediu que trancassem a senhora numa sala.

      – Ai, meu Deus, só falta ser um velhinho, para completar! – murmurou o desanimado Bond.

      Era um velhinho que confessou tudo dando risadinhas travessas. Repreendeu-o com tom paterno:

      – O senhor não pode fazer uma coisa dessas. Por que isso, aborrecer as pessoas?

      – É para passar o tempo. Vivo sozinho, e com isso eu me divirto um pouco, né?

      O moço delegado cruzou as mãos atrás da cabeça, fechou os olhos e meditou sobre os próximos trinta anos. Pensou também na vida, na solidão e em arranjar uma namorada. Abriu os olhos e lá estava o velhinho.

      – Pois eu vou contar uma coisa. A sua vizinha, essa do varal, está interessadíssima no senhor, gamadona.

      O velho subiu nas nuvens, encantado. Recusou-se a dar mais detalhes, mandou-o para casa, e chamou a senhora:

      – Ele esteve aqui. É um senhor de idade. Bonitão, viu? Confessou que fez tudo por amor, para chamar a sua atenção. Percebeu que uma chama romântica brilhou nos olhos dela.

      Caso encerrado.

                             (Humberto Werneck, Org. Coleção melhores crônicas

                                                          Ivan Angelo. Global, 2007. Adaptado)

Considere os trechos destacados na frase a seguir.

Na delegacia, vagarosamente percorreu as dependências, cumprimentou todos da equipe, decidiu conferir as armas e as viaturas e sentou-se à mesa, onde aguardou o seu primeiro caso.

Assinale a alternativa em que os pronomes estão adequadamente colocados na frase e substituem, correta, respectivamente e de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as expressões destacadas.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito A.  Questão capciosa!  PESTANA (2012): 

    locação Pronominal
    Também chamada de Topologia ou Sínclise Pronominal, é o nome que se dá à parte da Gramática que trata, basicamente, da adequada posição dos pronomes oblíquos átonos (POA) junto aos verbos: próclise (POA antes do verbo), ênclise (POA depois do verbo) e mesóclise (POA no meio do verbo).
    Saiba que este assunto é extremamente recorrente em provas! E gerador de polêmicas às vezes...
    Relembrando os pronomes oblíquos átonos (POAs):

    • O, a, os, as (que viram -lo, -la, -los, -las diante de verbos terminados em -r, -s e-z ou viram -no, -na, -nos, -nas diante de verbos terminados em ditongo nasal (exceto os verbos no futuro do indicativo).
    Ex.: Comprei uma casa. (Comprei-a.) / Vou comprar uma casa (Vou comprá-la.) / Eles compraram uma casa. (Eles compraram-na.) / Eles comprarão a casa. (Eles comprarão-na. – INADEQUADO).

    Você vai entender daqui a pouco por que está INADEQUADA esta última forma! Além desses, há: me, te, se, nos, vos, lhe(s).
    Relembrados os POAs, vamos às regras?
    Próclise
    É o nome que se dá à colocação pronominal antes do verbo. É usada nestes casos:
    1) Palavra de sentido negativo antes do verbo*
    – Não se esqueça de mim.
    * não, nunca, nada, ninguém, nem, jamais, tampouco, sequer etc.
    Obs.: Após pausa (vírgula, ponto e vírgula... entre qualquer palavra atrativa e o verbo), usa-se ênclise: Não; esqueça-se de mim!
    2) Advérbio ou palavra denotativa antes do verbo*
    – Agora se negam a depor.
    * já, talvez, só, somente, apenas, ainda, sempre, talvez, também, até, inclusive, mesmo, exclusive, aqui, hoje, provavelmente, por que, onde, como, quando etc.
    Obs.: Se houver pausa (vírgula, ponto e vírgula...) após o advérbio, usa-se a ênclise: “Agora, negam-se a depor”. Segundo o gramático Rocha Lima, se houver repetição de pronomes átonos após pausas, em estrutura de coordenação, pode-se usar a próclise (ou a ênclise): “Ele se ajeitou, se concentrou, se arrumou e se despediu.” Quando o pronome tem funções sintáticas diferentes ou quando se quer dar ênfase, a repetição é obrigatória: “Eu o examinei e lhe receitei um remédio.”
    3) Conjunções e locuções subordinativas antes do verbo*
    – Soube que me negariam.
    * que, se, como, quando, assim que, para que, à medida que, já que, embora, consoante etc.

  •  - vagarosamente as percorreu : O advérvio "vagarosamente" obriga a prôclise;

    - cumprimentou - os : Cumprimentou é verbo transitivo direto e por isso exige OD;

    - conferi - las : Quando o verbo termina por R, S ou Z, tira-se a respectiva letra e coloca-se LO,LA,LOS,LAS;

    - onde o aguardou: O pronome relativo "onde" obriga a prôclise;

  • Questão Hard!

  • Gente antes eu fazia questões de PT e errava muito ai vi um video de 3 minutos do Pablo Jamilk onde ele dizia "Estudar por questões não é você encontrar as questões certas, mas sim encontrar os erros das questões. Meu rendimento melhorou muito com isso, sempre eu identifico os erros e venho aqui nos comentários saber para ver se vocês encontraram o mesmo erro que eu.