SóProvas


ID
1908841
Banca
FUNCAB
Órgão
Prefeitura de Rio Branco - AC
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    A mulher do vizinho


      Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército morava (ou mora) também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.

      O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia. O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo à ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado tinha a dizer-lhe o seguinte:

      - O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: dura lex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor.

      Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio:

      - Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?

      O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

      - Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general, ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?

      Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente:

      - Da ativa, minha senhora? 

      E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado:

      - Da ativa, Motinha! Sai dessa...


(Texto extraído do livro “Fernando Sabino - Obra Reunida - vol.01”, Editora Nova Aguiar-Rio de Janeiro, 1996, p.872.) 

Assinale a única opção correta quanto à concordância verbal.

Alternativas
Comentários
  • fonte :   http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint55.php

    1) O Verbo e a Palavra "SE"

    Dentre as diversas funções  exercidas pelo "se", há duas de particular interesse para a concordância verbal:

    a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
    b) quando é partícula apassivadora.

     

    Quando índice de indeterminação do sujeito, o "se" acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na terceira pessoa do singular.

    Exemplos:

    Necessitam-se de músicos experientes.

    Precisa-se de governantes interessados em civilizar o país.
    Confia-se em teses absurdas.
    Era-se mais feliz no passado.

     

    Quando  pronome apassivador, o "se" acompanha verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.

    Exemplos:

    Construiu-se um posto de saúde.
    Construíram-se novos postos de saúde.
    Não se pouparam esforços para despoluir o rio.
    Não se devem poupar esforços para despoluir o rio.

  • NECESSITA-SE DE MÚSICOS EXPERIÊNTES.

  • GABARITO:B

  • a) Havia muitas pessoas na delegacia.

    b) Existem várias maneiras de dizer a mesma coisa.

    c) Começaram ontem as férias.

    d) É uma hora e ele não chegou ainda.

    e) Necessita-se de músicos experientes.

  • a) Haviam muitas pessoas na delegacia. HAVER no sentido de tempo decorrido, existir, acontecer, ou ocorrer é IMPESSOAL

    b) Existem várias maneiras de dizer a mesma coisa. CORRETA

    c) Começou ontem as férias. O verbo deve concordar com o sujeito posposto. Quem começaram ontem? As férias!

    d) São uma hora e ele não chegou ainda. O verbo SER, quando indicar tempo, deve concordar com o numeral: É uma hora. São duas horas.

    e) Necessitam-se de músicos experientes. VI, VL e VTI acompanhados do índice "se" são impessoais (não possuem sujeito) e, portanto, ficam na 3ª pessoa do singular.

  • Sem entrar em pormenores, a concordância verbal diz respeito à correta flexão do verbo a fim de concordar com o sujeito, ao passo que a nominal se refere à adequada flexão entre substantivo e seus modificadores (pronome, numeral, adjetivo) em matéria de gênero (masculino e feminino) e/ou número (plural e singular). Trata-se aqui de concordância verbal e pede-se a correta flexão do verbo.

    a) Haviam muitas pessoas na delegacia.

    Incorreto. Quando principal e no sentido de existência, esse verbo não varia. Correção: "havia";

    b) Existem várias maneiras de dizer a mesma coisa.

    Correto. O verbo "existir" concorda corretamente com o núcleo do sujeito "maneiras";

    c) Começou ontem as férias.

    Incorreto. O verbo "começar" deveria concordar com o núcleo, "férias". Correção: "começaram";

    d) São uma hora e ele não chegou ainda.

    Incorreto. O verbo "ser" concorda com o numeral indicativo de hora. Correção: "é uma hora";

    e) Necessitam-se de músicos experientes.

    Incorreto. São invariáveis construções como "precisa-se de", "necessita-se de", uma vez que não há referência a sujeito algum.

    Letra B