SóProvas


ID
1921882
Banca
Gestão Concurso
Órgão
Prefeitura de Belo Horizonte - MG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                   Cidade Maravilhosa?

      Os camelôs são pais de famílias bem pobres, e, então, merecem nossa simpatia e nosso carinho; logo eles se multiplicam por 1000. Aqui em frente à minha casa, na Praça General Osório, existe há muito tempo a feira hippie. Artistas e artesãos expõem ali aos domingos e vendem suas coisas. Uma feira um tanto organizada demais: sempre os mesmos artistas mostrando coisas quase sempre sem interesse. Sempre achei que deveria haver um canto em que qualquer artista pudesse vender um quadro; qualquer artista ou mesmo qualquer pessoa, sem alvarás nem licenças. Enfim, o fato é que a feira funcionava, muita gente comprava coisas – tudo bem. Pois de repente, de um lado e outro, na Rua Visconde de Pirajá, apareceram barracas atravancando as calçadas, vendendo de tudo - roupas, louças, frutas, miudezas, brinquedos, objetos usados, ampolas de óleo de bronzear, passarinhos, pipocas, aspirinas, sorvetes, canivetes. E as praias foram invadidas por 1000 vendedores. Na rua e na areia, uma orgia de cães. Nunca vi tantos cães no Rio, e presumo que muita gente anda com eles para se defender de assaltantes. O resultado é uma sujeira múltipla, que exige cuidado do pedestre para não pisar naquelas coisas. E aquelas coisas secam, viram poeira, unem-se a cascas de frutas podres e dejetos de toda ordem, e restos de peixes da feira das terças, e folhas, e cusparadas, e jornais velhos; uma poeira dos três reinos da natureza e de todas as servidões humanas.

      Ah, se venta um pouco o noroeste, logo ela vai-se elevar, essa poeira, girando no ar, entrar em nosso pulmão numa lufada de ar quente. Antigamente a gente fugia para a praia, para o mar. Agora há gente demais, a praia está excessivamente cheia. Está bem, está bem, o mar, o mar é do povo, como a praça é do condor – mas podia haver menos cães e bolas e pranchas e barcos e camelôs e ratos de praia e assaltantes que trabalham até dentro d’água, com um canivete na barriga alheia, e sujeitos que carregam caixas de isopor e anunciam sorvetes e, quando o inocente cidadão pede picolé de manga, eis que ele abre a caixa e de lá puxa a arma. Cada dia inventam um golpe novo: a juventude é muito criativa, e os assaltantes são quase sempre muito jovens.

                                                                                                               Rubem Braga 

Em relação a esse texto, é CORRETO afirmar:

Alternativas
Comentários
  • Resposta B.

    a) A tipologia textual predominante é a dissertativa ( Descritivo), pois há uma evidente defesa de ponto de vista sobre problemas no Rio de Janeiro. 

    b) O autor utiliza elementos característicos do gênero textual crônica para evidenciar uma situação social no Rio de Janeiro. 

    c) O autor, ao trazer o título “Cidade Maravilhosa?”, vale-se de uma paráfrase ( Perífrase)conhecida para designar o Rio de Janeiro e, por meio da pergunta, questiona o leitor sobre a veracidade dessa designação. 

    d) O objetivo central do autor é fazer o leitor refletir sobre as difíceis condições de trabalho dos ambulantes no Rio de Janeiro. ( grande violência )

  •  a) A tipologia textual predominante é a dissertativa, pois há uma evidente defesa de ponto de vista sobre problemas no Rio de Janeiro. INCORRETA! Por ser uma crônica, é narrativa.

     

     b) O autor utiliza elementos característicos do gênero textual crônica para evidenciar uma situação social no Rio de Janeiro. CORRETA!

     

     c) O autor, ao trazer o título “Cidade Maravilhosa?”, vale-se de uma paráfrase conhecida para designar o Rio de Janeiro e, por meio da pergunta, questiona o leitor sobre a veracidade dessa designação. INCORRETA! Vale-se de uma perífrase.

     

     d) O objetivo central do autor é fazer o leitor refletir sobre as difíceis condições de trabalho dos ambulantes no Rio de Janeiro. INCORRETA! Não, é refletir sobre os problemas sociais.

  • Crônica é um tipo de texto narrativo curto, geralmente produzido para meios de comunicação, por exemplo, jornais, revistas, etc. Além de ser um texto curto, possui uma "vida curta", ou seja, as crônicas tratam de acontecimentos corriqueiros do cotidiano.

    Crônica: características, tipos e exemplo - Toda Matéria

    https://www.todamateria.com.br/cronica/

  • Crônica é um tipo de texto narrativo curto, geralmente produzido para meios de comunicação, por exemplo, jornais, revistas, etc. Além de ser um texto curto, possui uma "vida curta", ou seja, as crônicas tratam de acontecimentos corriqueiros do cotidiano.

    Crônica: características, tipos e exemplo - Toda Matéria

    https://www.todamateria.com.br/cronica/

  • paráfase é um tipo de intertextualidade, né? tipo Epigrafe, citação... essas coisas! correto seria perífrase.

    Cidade maravilhosa

    cidade Luz

    País do Futebol

  • Acho que Léo Mendes esta equivocado. Crônica é considerado um gênero da tipologia Narrativo.

    Crônica, piada, fábula, notícia, conto, parábola, romance, novela, reportagem, tirinha. Tudo isso é Narração!

  • Pessoal vcs têm que prestar atenção na bibliografia da banca. Há varios autores que divergem entre si. Se eu não me engano esta banca usa o livro do Koch. Para ele existem dois tipos de Crônicas:

     

    Crônica que pertence ao gênero NARRATIVO e

    Crônica-argumentativa que pentence ao gênero DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

     

    Cuidado pessoal, parem de tirar coisas da internet e vão procurar o livro no qual sua banca se baseia.