Basicamente, existem quatro formas de E. coli que causam
doenças gastrointestinais: enteropatogénica, enterotoxigénica,
enterohemorrágica e enteroinvasiva.
● E.coli enterotoxigénica: é capaz de se fixar à mucosa do
intestino e produzir toxinas, que resulta em uma diarreia
aquosa, chamada de diarreia do viajante. Febre baixa, cólicas
abdominais, náuseas e fadiga são outros sintomas, que podem
durar de três a dezenove dias.
● E. coli enteroinvasiva: quando células dessa estirpe são
fagocitadas por um enterócito (célula da mucosa do intestino),
elas se multiplicam e invadem outros enterócitos, levando a morte
das células. Os sintomas apresentados são: arrepios, febre, fezes
com sangue e dores abdominais e de cabeça. O quadro
sintomático pode iniciar de 8 a 24 horas após o consumo de
alimento contaminado e pode durar alguns dias ou até semanas.
● E. coli enteropatogénica: está associada à diarreia de recémnascidos.
Esta bactéria causa lesões nas microvilosidades
intestinais, levando à uma diarreia aquosa e dificulta a absorção
de nutrientes. Outros sintomas são febre, arrepio, dores
abdominais, vômito e náuseas.
● E. coli enterohemorrágica: a toxina verotoxina produzida por
essas estirpes causa a morte de células do intestino grosso,
produzindo diarreias sanguinolentas. O período de incubação é de
3 a 9 dias e apresenta outros sintomas, como vômito e cólicas.
Cerca de 5 a 10% dos indivíduos afetados por essas estirpes
desenvolvem o Síndrome Hemolítico-Urémico e a Púrpura
Trombocitopénica Trombótica, doenças que causam insuficiência
renal aguda e fenômenos de trombose, respectivamente.
Texto preparado por Marco Aurélio F. M. de Oliveira, estudante de
Ciências Biológicas, do Instituto de Biociências, UNESP, SP, Brasil.
Texto Consultado
Alves, A. R. F. Doenças alimentares de origem bacteriana. 87f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Farmacêuticas). Faculdade de Ciências da Saúde,
Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2012.
EPEC ("Enteropathogenic E.coli" ; E.coli Enteropatogênica): causam diarreias não sanguinolentas epidêmicas em crianças, especialmente em países pobres. Têm um fator de adesão aos enterócitos, não produzem nenhuma enterotoxina, mas que causam a lesão histopatológica , resultando em destruição dos vilos do intestino delgado, com má absorção dos nutrientes e consequente diarreia osmótica. Há também febre, náuseas e vômitos. A EPEC foi a primeira categoria de E. Coli diarreiogênica identificada. Os primeiros estudos epidemiológicos relacionando EPEC com diarreia humana foram publicados na Alemanha nas décadas de 1920 e 1930.
ETEC ("Enterotoxic E.coli" ; E.coli Enterotoxinogênica): são a causa mais comum de diarreia do turista, sendo ingeridas em grandes números em comida mal cozida ou água contaminada com detritos fecais. Resolve com imunidade durante vários meses, logo o turista normalmente só é apanhado uma vez. Infectam principalmente o intestino delgado. Sintomas adicionais são dores violentas abdominais, vômitos, náuseas e febre baixa. Produzem enterotoxinas semelhantes à toxina da cólera, com atividade de adenilato ciclase. O aumento do GMPc (um mediador) dentro do enterócito causa aumento da secreção de electrólitos como cloro e sódio para o lúmen intestinal, seguidos de água por osmose. O resultado é diarreia profusa aquosa, tipo água de arroz, sem sangue. A bactéria tem fímbrias que lhe permite aderir fortemente ao epitélio e não ser completamente arrastada pela diarreia volumosa. A doença é perigosa para crianças pequenas devido à desidratação. Deve lhes ser administrada bastante água (mais é melhor que menos) com um pouco de sal e açúcar.