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ID
193288
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
MS
Ano
2010
Provas
Disciplina
Nutrição
Assuntos

Considerando que os microrganismos enterotoxigênicos são
capazes de produzir uma toxina termoestável ou termolábil que
é a causa principal da diarreia infantil em muitos países, julgue os
itens a seguir, referentes a toxinfecções alimentares, higiene e
tecnologia de alimentos.

Enquanto a Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC), um dos tipos de E. coli patogênica transmitida por alimentos, localiza-se especificamente no intestino delgado, a E. coli enteropatogênica (EPEC) habita a totalidade do intestino.

Alternativas
Comentários
  • Basicamente, existem quatro formas de E. coli que causam doenças gastrointestinais: enteropatogénica, enterotoxigénica, enterohemorrágica e enteroinvasiva. 

    ● E.coli enterotoxigénica: é capaz de se fixar à mucosa do intestino e produzir toxinas, que resulta em uma diarreia aquosa, chamada de diarreia do viajante. Febre baixa, cólicas abdominais, náuseas e fadiga são outros sintomas, que podem durar de três a dezenove dias. 

    ● E. coli enteroinvasiva: quando células dessa estirpe são fagocitadas por um enterócito (célula da mucosa do intestino), elas se multiplicam e invadem outros enterócitos, levando a morte das células. Os sintomas apresentados são: arrepios, febre, fezes com sangue e dores abdominais e de cabeça. O quadro sintomático pode iniciar de 8 a 24 horas após o consumo de alimento contaminado e pode durar alguns dias ou até semanas. 

    ● E. coli enteropatogénica: está associada à diarreia de recémnascidos. Esta bactéria causa lesões nas microvilosidades intestinais, levando à uma diarreia aquosa e dificulta a absorção de nutrientes. Outros sintomas são febre, arrepio, dores abdominais, vômito e náuseas. 

    ● E. coli enterohemorrágica: a toxina verotoxina produzida por essas estirpes causa a morte de células do intestino grosso, produzindo diarreias sanguinolentas. O período de incubação é de 3 a 9 dias e apresenta outros sintomas, como vômito e cólicas. Cerca de 5 a 10% dos indivíduos afetados por essas estirpes desenvolvem o Síndrome Hemolítico-Urémico e a Púrpura Trombocitopénica Trombótica, doenças que causam insuficiência renal aguda e fenômenos de trombose, respectivamente.  

    Texto preparado por Marco Aurélio F. M. de Oliveira, estudante de Ciências Biológicas, do Instituto de Biociências, UNESP, SP, Brasil. Texto Consultado Alves, A. R. F. Doenças alimentares de origem bacteriana. 87f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas). Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2012.

  • EPEC ("Enteropathogenic E.coli" ; E.coli Enteropatogênica): causam diarreias não sanguinolentas epidêmicas em crianças, especialmente em países pobres. Têm um fator de adesão aos enterócitos, não produzem nenhuma enterotoxina, mas que causam a lesão histopatológica , resultando em destruição dos vilos do intestino delgado, com má absorção dos nutrientes e consequente diarreia osmótica. Há também febre, náuseas e vômitos. A EPEC foi a primeira categoria de E. Coli diarreiogênica identificada. Os primeiros estudos epidemiológicos relacionando EPEC com diarreia humana foram publicados na Alemanha nas décadas de 1920 e 1930.

    ETEC ("Enterotoxic E.coli" ; E.coli Enterotoxinogênica): são a causa mais comum de diarreia do turista, sendo ingeridas em grandes números em comida mal cozida ou água contaminada com detritos fecais. Resolve com imunidade durante vários meses, logo o turista normalmente só é apanhado uma vez. Infectam principalmente o intestino delgado. Sintomas adicionais são dores violentas abdominais, vômitos, náuseas e febre baixa. Produzem enterotoxinas semelhantes à toxina da cólera, com atividade de adenilato ciclase. O aumento do GMPc (um mediador) dentro do enterócito causa aumento da secreção de electrólitos como cloro e sódio para o lúmen intestinal, seguidos de água por osmose. O resultado é diarreia profusa aquosa, tipo água de arroz, sem sangue. A bactéria tem fímbrias que lhe permite aderir fortemente ao epitélio e não ser completamente arrastada pela diarreia volumosa. A doença é perigosa para crianças pequenas devido à desidratação. Deve lhes ser administrada bastante água (mais é melhor que menos) com um pouco de sal e açúcar.