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ID
1943908
Banca
UFCG
Órgão
UFCG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos


Os zigue-zagues do conforto 


     Hoje, a ideologia do conforto varreu nossa sociedade. É um grande motor da publicidade e do consumismo. Contudo, o avanço não é linear, havendo atrasos técnicos e retrocessos. Em três áreas enguiçadas, o conforto e desconforto se embaralham.
     A primeira é o conforto acústico. Raras salas de aula oferecem um mínimo de condições. Padecem os professores, pois só berrando podem ser ouvidos. Uma conversa tranquila é impossível na maioria dos restaurantes. Em muitos, não pode haver conversa de espécie alguma. O bê-á-bá do tratamento acústico é trivial. Por que temos de ser torturados por tantos decibéis malvados?
     A segunda é o conforto térmico. Quem gosta de sentir frio ou calor? Na verdade, não se trata de gostar, mas de ser atropelado por imperativos culturais. Por não precisarem se impor pela vestimenta, oficiais britânicos usavam bermudas e camisas de mangas curtas nos trópicos. Mas no Rio de Janeiro, a aristocracia do Segundo Império não saía de casa sem terno, colete e sobrecasaca, todos de espessa casimira inglesa. E mais: gravata, camisa de peito duro, cartola e luvas. E se assim fazia a nobreza, o povaréu tentava imitar. Até o meio século passado, as elegantes usavam casaco de pele na capital. Hoje, a moda deu cambalhota, o chique é sentir frio. Quanto mais importante, mais gélido será o gabinete da autoridade. Mas a maneira de conquistar esse conforto térmico tende a ser equivocada.
     Estive em um hotel do Nordeste amplamente servido pela agradável brisa do mar e cuja propaganda é ser “ecológico”. No entanto, é ar condicionado dia e noite, pois a arquitetura não permite a circulação natural do ar. Pior, como na maioria das nossas edificações, o isolamento é péssimo. Um minuto desligado, e quase sufocamos de calor. Uma parede comum de alvenaria tem um décimo da resistência térmica recomendada pela Comunidade Europeia. E do excesso de vidros, nem falar!
     A terceira é uma birra pessoal, já que minha profissão me leva a falar em público.  Os arquitetos não descobriram que o PowerPoint requer uma sala que escureça e uma iluminação que não vaze na tela. Sem isso, ou a projeção fica esmaecida ou, se é apagada a luz, do professor só se vê o vulto. A solução é ridiculamente simples: um spot no conferencista.
     E assim vamos, aos encontrões com o desconforto, em recorrente zigue-zague.
                                                                                                   
                                                                                                                         (CASTRO, Cláudio de Moura. Veja, 11/02/2015,p.18,fragmento)

O fragmento Mas no Rio de Janeiro, a aristocracia do Segundo Império não saía de casa sem terno, colete e sobrecasaca, todos de espessa casimira inglesa (3º §) estabelece, com o segmento anterior do texto, a relação sintático-semântica de:

Alternativas
Comentários
  • Mas no Rio de Janeiro, a aristocracia (...)

    GABARITO: B

  • Gbarito B

    Contraposição: Ação ou efeito de se contrapor, posição ou disposição em sentido contrário

  • oficiais britânicos usavam bermudas e camisas de mangas curtas nos trópicos.

     

    contraposição a frase anterior

     

    Mas no Rio de Janeiro, a aristocracia do Segundo Império não saía de casa sem terno, colete e sobrecasaca, todos de espessa casimira inglesa. E mais: gravata, camisa de peito duro, cartola e luvas.

  • b-

    Há a ideia de contraste com a ideia da passagem anterior, algo reforçado pelo uso da conjunção coordenada adversativa 'mas'

  • O segmento inicia com uma conjunção subordinativa adversativa (ideia de oposição).

    A UFCG gostou desse termo "disjunção". Já vi outras vezes em prova

  • Quanto:

    aos  oficiais britânicos usarem bermudas e camisas de mangas curtas nos trópicos (frio) e no RJ (quente) a nobreza usar milhares de peças de roupas é CONTRADITÓRIO