Em pacientes com funcionamento em nível psicótico, são frequentes as produções bizarras, com distorções importantes, que resultam no aparecimento de figuras ilógicas e irrealísticas. Pacientes esquizofrênicos (com exceção de alguns casos paranóides bem integrados) são os que apresentam o HTP mais comprometido.
No desenho da casa, observam-se:
a) ausência de partes essenciais (portas, janelas), sugerindo inacessibilidade ou mau contato com o ambiente;
b) representação ilógica, pela presença de transparências;
c) representação sincrética, em que o telhado substitui a casa total, refletindo a exacerbação da fantasia;
d) problemas de perspectiva, com a representação simultânea de três lados da casa, ou com a parede extrema desproporcionalmente maior que a parede principal, mesmo em casos com bom nível intelectual;
f) paredes com a extremidade fendida, denunciando quebra dos laços com a realidade.
No desenho da árvore, notam-se:
a) tronco fendido, compatível com desorganização de personalidade;
b) copa com tamanho mínimo, revelando mau contato ou tendências de se afastar do ambiente.
No desenho da pessoa, são as seguintes as características:
a) ausência de partes essenciais (olhos, mãos, braços, tórax, cabeça, etc.), sugerindo a falta de percepção do corpo como totalidade ou “incapacidade para lidar com os problemas da vida” (p.175);
b) representação ilógica, com transparências, observando-se órgãos internos, através do vestuário;
c) ambivalência no perfil, com corpo e cabeça em direções opostas;
d) omissão da roupa ou ênfase nos órgãos sexuais, como desconsideração de normas sociais ou, ainda, sugerindo aspectos agressivos;
e) superacentuação de olhos ou de orelhas, denunciando hipervigilância paranóide ou subentendendo componentes alucinatórios;
f) perfil típico esquizofrênico: “sem cabelo, um rosto parecido com máscara e um físico magro, rígido, desvirilizado” (p.174).
página 524, JUREMA ALCIDES CUNHA - Psicodiagnóstico V