SóProvas


ID
1986472
Banca
Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ
Órgão
Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto: Quem é carioca

    Claro que não é preciso nascer no Rio de Janeiro para ser genuinamente carioca, ainda que haja nisto um absurdo etimológico. É notório que há cariocas vindos de toda parte, do Brasil e até fora do Brasil. Ainda há pouco tempo chamei Armando Nogueira de carioca do Acre, nascido na remota e florestal cidade de Chapuri. Armando conserva, de resto, a marca acriana num resíduo de sotaque nortista, cuja aspereza nada tem a ver com a fala carioca, que não cospe as palavras, mas antes as agasalha carinhosamente na boca. Mas não é a maneira de falar, ou apenas ela, que caracteriza o carioca. Há sujeitos nascidos, criados e vividos no Rio – poucos, é verdade – que falam cariocamente e não têm, no entanto, nem uma pequena parcela de alma carioca. Agora mesmo estou me lembrando de um, sujeito ranheta, que em tudo que faz ou diz põe aquela eructação subjacente que advém de sua azia espiritual. Este, ainda que o prove com certidão de nascimento, não é carioca nem aqui nem na China. E assim, sem querer, já me comprometi com uma certa definição do carioca, que começa por ser não propriamente, ou não apenas um ser bemhumorado, mas essencialmente um ser de paz com a vida. Por isso mesmo, o carioca, pouco importa sua condição social, é um coração sem ressentimento. Nisto, como noutras dominantes da biotipologia do carioca, há de influir fundamentalmente a paisagem, ou melhor, a natureza desta mui leal cidade do Rio de Janeiro.

      Aqui, mais do que em qualquer outro lugar, é impossível a gente não sofrer um certo aperfeiçoamento imposto pela natureza. A paisagem, de qualquer lado que o olhar se vire, se oferece com a exuberância e a falta de modos de um camelô. O carioca sabe que não é preciso subir ao Corcovado ou ao Pão de Açúcar para ser atropelado por um belo panorama (belo panorama, aliás, é um troço horrível). Por isso mesmo, nunca um só carioca foi assaltado no Mirante Dona Marta, que está armadinho lá em cima à espera dos otários, isto é, dos turistas.

       Pois o que o carioca não é, o que ele menos é – é turista. O que caracteriza o carioca é exatamente uma intimidade com a paisagem, que o dispensa de encarar, por exemplo, a praia de Copacabana com um olhar que não seja o rigorosamente familiar. O carioca não visita coisa nenhuma, muito menos a sua cidade, entendida aqui como entidade global e abstratamente concreta. Ele convive com o Rio de igual para igual e nesta relação só uma lei existe, que é a da cordialidade. O carioca está na sua cidade como o peixe no mar.

      Por tudo isso, qualquer sujeito que não esteja perfeita e estritamente casado com a paisagem ou, mais que isto, com a cidade, não é carioca – é um intruso, um corpo estranho. E é isto o que transparece à primeira vista, não adianta disfarçar. O carioca autêntico, o genuíno mesmo, esse que chegou ao extremo de nascer no Rio, esse não engana ninguém e nunca dá um único fora – sua conduta é cem por cento carioca sem o menor esforço. O carioca é um ser espontâneo, cuja virtude máxima é a naturalidade. Não tem dobras na alma, nem bolor, nem reservas. Também pudera, sua formação, desde o primeiro vagido, foi feita sob o signo desta cidade superlativa, onde o mar e a mata – verde e azul – são um permanente convite para que todo mundo saia de si mesmo, evite a própria má companhia - comunique-se. Sobre esse verde e esse azul, imagine-se ainda o esplendor de um sol que entra pela noite adentro – um sol que se apaga, mas não se ausenta. Diante disto e de mais tudo aquilo que faz a singularidade da beleza do Rio, como não ser carioca?

     Apesar de tudo, há gente que consegue viver no Rio anos a fio sem assimilar a cidade e sem ser por ela assimilada. Gente que nunca será carioca, como são, por exemplo, Dom Pedro II e Vinícius de Morais, autênticos cariocas de todos os tempos, segundo Afonso Arinos. A verdade é que nem todo mundo consegue a taxa máxima de “cariocidade”, que tem, por exemplo, um Aloysio Salles. No extremo oposto, está aquele homem público eminente que vi passeando outro dia em Copacabana.Ia de braço com a mulher e, da cabeça aos sapatos, como dizia Eça de Queiroz, proclamava a sua falta de identificação com o que se pode chamar “carioca way of living”. Sapatos, aliás, que não eram esporte, ao contrário da camisa desfraldada. Esse é um que não precisa abrir a boca, já se viu que está no Rio como uma barata está numa sopa de batata, no mínimo, por simples erro de revisão.

Otto Lara Resende. In: Antologia de crônicas: 80 crônicas exemplares / organizada por Herberto Sales. 3 ed. São Paulo: Ediouro, 2010. Páginas 197 - 199

Segundo o Novo Acordo Ortográfico, emprega-se o hífen em “bem-humorado”. O hífen também está corretamente empregado em:

Alternativas
Comentários
  • Segundo  o livro - Nossa Gramatica Completa - 30 ed - Sacconi - 2010:

    Capítulo 3 - Fonologia 2:

    Os prefixos ou pseudoprefixos só exigem hífen se a palavra começa por h ou se começa pela mesma letra que encerra tais prefixos ou pseudoprefixos:

    Exemplos:

    Ante-histórico

    Eletro-óptica

    Extra-abdominal

    Infra-assinado

    anti-inflacionário

     

     

     

  • Letras dobradas quando vogal + palavra iniciada por R ou S:
    extrassensorial

  • I- I- separa com hífen
    vogais e consoantes iguaus separa com hífen (ex:micro-ondas)

    R e S-> dobra a letra antirrábica- antessala - ultrassonografia

  • Gabarito: Letra D

    a) autoestima: Prefixo em regra aglutina, exceto quando o segundo elemento começar com H ou mesma vogal, casos em que receberá hífen

    b) infraestrutura: Prefixo em regra aglutina, exceto quando o segundo elemento começar com H ou mesma vogal, casos em que receberá hífen

    c) extrasensorial: Prefixo em regra aglutina, exceto quando o segundo elemento começar com H ou mesma vogal, casos em que receberá hífen

    d) anti-inflacionário: Prefixo em regra aglutina, exceto quando o segundo elemento começar com H ou mesma vogal, casos em que receberá hífen

  • extrassensorial : primeiro termo termina com vogal + segundo termo começa com R ou S  dobra a consoante.

  • .....

    LETRA D  – CORRETA – Segundo o professor Fernando Pestana ( in Serie Provas e Concursos. A Gramática para concursos públicos. Pág. 72)

     

    “Prefixo terminado em vogal

     

    Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo…

     

    Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo…

     

    Sem hífen diante de r e s, dobram-se essas letras: corréu, antirracismo, contrarreforma, antissocial, ultrassom, pseudossábio…

     

    Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas, ultra-aquecido, semi-inconsciência…” (Grifamos)

     

  • VOGAL+VOGAL separa.

    ARQUI - INIMIGO

    SUPRA -AURICULAR.

    SEMI - INTERINO.

  • Isaias Silva 

    Comentário como o seu não agregam em nada. E sim, desmotiva quem erra. Mais educação com os demais colegas, obrigado.

  • kkk esse Isaias só coloca o grosso da resposta e some, quem é burro continua burro, quem é experto continua expertoo... kk

  • Prefixos terminados em vogal:

    - SEM hífen diante de vogal diferente: aeroespacial, autoescola, infraestrutura  

    - COM hífen diante de vogal igual: quando existe redobro -> micro-ondas, anti-inflacionário (exceto Prefixo CO -> coordenar, cooperar , sempre aglutinar)

  • EMPREGO DO HÍFEN

     

    1) Encadeamento, sentido particular,  não composto: Ponte Rio-Niterói,  Eixo Rio-São Paulo,  Percurso casa-trabalho, ...

     

    2) Após prefixos Recém, além, aquém, sem, pós, pre, ex, vice.

     

    3) Prefixo antes de palavra com H.

     

    4) Após prefixos Pro, Pre, Pos.

     

    5) Sub /  Sob  +  R/B: sub-região,  sub-raça, sub-reitor, sub-reptício, ...

     

    6) Circum / PAN + Vogal: Pan-americano, Pan-europeu, circum-adjacente, circum-navegação, ...

     

    7)  Bem + Vogal / Consoante: bem-aventurado, bem-criado, bem-estar, bem-visto, bem-ditoso, ...

     

    Obs.1: Exceto se palavra seguinte derivar de querer / fazer:  benquerer, benfeito, benquisto, benquisto, benquerido, ...

     

    Obs.2: Bem – feito/ Benfeito / Bem feito:

     

    --- > “Benfeito” = substantivo: “O benfeito dele foi de grande valor para o país”.

     

    --- > “Bem-feito” = adjetivo: “Achei o serviço muito bem-feito”.

     

    --- > “Bem feito” = quando “bem” é advérbio e não está agregado a “feito”: “O serviço foi [bem] feito por Mariana”; e quando é uma expressão interjetiva: “Ele escorregou na gramática. Bem feito!”

     

    8)  Mal + Vogal: mal-educado, mal-humorado, mal-afortunado, mal-estar, ...

     

    Obs.1: Exceto se palavra seguinte derivar de querer / fazer: malquerer, malfeito, malquisto, ...

     

    Obs.2: Se palavra seguinte iniciar com consoante: malnascido, malvisto, malfeito, malcriado, malditoso, ...

     

    9)Emprega – se o hífen:  à queima – roupa, a deus – dará.

     

    10) Emprega-se o hífen, nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma letra com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, auto-observação, sub-bairro, ad-digital, circum-navegação, hiper-realista, pan-negritude, anti-inflamatório, micro-ondas, micro-organismo...

  • NÃO SE EMPREGA O HÍFEN.

     

    1)  p/ unir Vogais Diferentes: agroindustrial, autoestrada, anteontem, extraoficial, videoaulas, coautor, infraestrutura, ...

     

    Obs.1: Prefixo CO não tem hífen, mesmo que a próxima letra seja igual:  cooperativa,  coobrigado, coeducação, coobrigação, coocupante, ...

     

    Obs.2: Prefixo RE se junta aos nomes ordinariamente, sem restrições: reabastecer, reentrância, reimprimir, ...

     

    2)  p/ unir consoantes Diferentes: hipermercado, superbactéria, intermunicipal, ...

     

    3)  p/ unir consoante com vogal: interescolar, supereconômico, interação, ...

     

    Obs.: se consoante for S / R duplica: contrarregra, contrarrazões, contrassenso, ultrassom, antissocial, antirracismo, antirrugas, ...

     

    4) após "quase"  e "não": não agressão, não comuns, não essencial, não padrão, não conforme, não beligerante, não fumante, não violência, quase delito, quase morte, ...

     

    5) entre palavras com elemento de ligação: mão de obra, café com leite, pé de moleque, cara de pau, camisa de força, cão de guarda

     

    Obs.: Se NÃO há elemento de ligação haverá hífen: vaga-lume, porta-malas, boa-fé, guarda-chuva, bate-boca, pega-pega, pingue-pongue, ...

     

    Obs.2: Exceções: Palavras com Elemento de ligação mas que tenha

     

    --- > sentido composto: pé-de-meia, gota-d´água, cor-de-rosa, água-de-colônia, ...

     

    --- > nomes botânicos ou científicos: pimenta-do-reino, bico-de-papagaio, cravo-da-índia, ...

     

    --- > vocábulos que perderam noção de composição perderam o hífen:   paraquedas, mandachuva, ...

     

    6) entre palavras repetidas: dia a dia, corpo a corpo, face a face, porta em porta, ....

     

    Obs.: Se não houver elemento de ligação,  háverá emprego do hífen: corre-corre,  pega-pega, cri-cri, ...

     

    7)  girassol, mandachuva, paraqueda, aguardente, varapau, ...

     

    8) Demais / De mais.

     

    De mais: Separado, é uma locução adjetiva que acompanha substantivos, corresponde a “a mais” e seu oposto é de “de menos”. Exemplo: Problemas de mais, dinheiro de menos.

     

    Demais: A palavra pode ser um advérbio (adjetivando um verbo), indicando excesso.

     

    O garoto perdeu a hora da prova do Enem e gritou demais (gritou muito).

     

    Em sua apresentação o orador utilizou palavras demais (muitas palavras) na apresentação.

     

    Adorava o ator, achava-o demais (o máximo)!

  • GABARITO D

     

     

    Uma das principais regrinhas:

     

    Os opostos se atraem --> autoestima, infraestrutura, extrassensorial

    Os iguais se repelem --> anti-inflacionário, auto-observação, micro-ondas.

     

     

    bons estudos

  • anti-inflacionário

  • Com a regrinha dos opostos se atraem dá pra matar essa!