SóProvas


ID
1999429
Banca
AOCP
Órgão
Sercomtel S.A Telecomunicações
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                            A arte perdida de ler um texto até o fim

                A internet é um banquete de informações, mas só aguentamos as primeiras garfadas

                                                                                                                                   Danilo Venticinque

   Abandonar um texto logo nas primeiras linhas é um direito inalienável de qualquer leitor. Talvez você nem esteja lendo esta linha: ao ver que a primeira frase deste texto era uma obviedade, nada mais natural do que clicar em outra aba do navegador e conferir a tabela da copa. Ou talvez você tenha perseverado e seguido até aqui. Mesmo assim eu não comemoraria. É muito provável que você desista agora. A passagem para o segundo parágrafo é o que separa os fortes dos fracos.

   A internet é um enorme banquete de informações, mas estamos todos fartos. Não aguentamos mais do que as duas ou três primeiras garfadas de cada prato. Ler um texto até as últimas linhas é uma arte perdida. No passado, quem desejasse esconder um segredo num texto precisava criar códigos sofisticados de linguagem para que só os iniciados decifrassem o enigma. Hoje a vida ficou mais fácil. Quer preservar um segredo? Esconda-o na última frase de um texto – esse território selvagem, raramente explorado.

   Lembro-me que, no Enem do ano retrasado, um aluno escreveu um trecho do hino de seu time favorito no meio da redação. Tirou a nota 500 (de 1000), foi descoberto pela imprensa e virou motivo de chacota nacional. Era um mau aluno, claro. Se fosse mais estudioso, teria aprendido que o fim da redação é o melhor lugar para escrever impunemente uma frase de um hino de futebol. Se fizesse isso, provavelmente tiraria a nota máxima e jamais seria descoberto.

   Agora que perdi a atenção da enorme maioria dos leitores à exceção de amigos muito próximos e parentes de primeiro grau, posso ir direto ao que interessa. Quem acompanhou as redes sociais na semana passada deve ter notado uma enorme confusão causada pelo hábito de abandonar um texto antes do fim. Resumindo a história: um jornalista publicou uma coluna em que narrava uma longa entrevista com Felipão num avião. A notícia repercutiu e virou manchete em outros sites, até que alguém notou que o entrevistado não era Felipão, mas sim um sósia dele. Os sites divulgaram erratas e a história virou piada. No meio de todo o barulho, porém, alguns abnegados decidiram ler o texto com atenção até o fim. Encontraram lá um parágrafo enigmático. Ao final da entrevista, o suposto Felipão entregava ao jornalista um cartão de visitas. No cartão estavam os dizeres “Vladimir Palomo – Sósia de Felipão – Eventos”. A multidão que ria do engano do jornalista o fazia sem ler esse trecho.

   Teria sido tudo uma sacada genial do jornalista, que conseguiu pregar uma peça em seus colegas e em milhares de leitores que não leram seu texto até o fim? Estaria ele rindo sozinho, em silêncio, de todos aqueles que não entenderam sua piada?

   A explicação, infelizmente, era mais simples. Numa entrevista, o jornalista confirmou que acreditava mesmo ter entrevistado o verdadeiro Felipão, e que o cartão de visitas do sósia tinha sido apenas uma brincadeira do original.

   A polêmica estava resolvida. Mas, se eu pudesse escolher, preferiria não ler essa história até o fim. Inventaria outro desenlace para ela. Trocaria o inexplicável mal-entendido da realidade por uma ficção em que um autor maquiavélico consegue enganar uma multidão de leitores desatentos. Ou por outra ficção, ainda mais insólita, em que o texto revelava que o entrevistado era um sósia, mas o autor não saberia disso porque não teria lido a própria obra até o final. Seria um obituário perfeito para a leitura em tempos de déficit de atenção.

   Se você chegou ao último parágrafo deste texto, você é uma aberração estatística. Estudos sobre hábitos de leitura demonstram claramente que até meus pais teriam desistido de ler há pelo menos dois parágrafos. Estamos sozinhos agora, eu e você. Talvez você se considere um ser fora de moda. Na era de distração generalizada, é preciso ser um pouco antiquado para perseverar na leitura. Imagino que você já tenha pensado em desistir desse estranho hábito e começar a ler apenas as primeiras linhas, como fazem as pessoas ao seu redor. O tempo economizado seria devidamente investido em atividades mais saudáveis, como o Facebook ou games para celular. Aproveito estas últimas linhas, que só você está lendo, para tentar te convencer do contrário. Esqueça a modernidade. Quando o assunto é leitura, não há nada melhor do que estar fora de moda. A história está repleta de textos cheios de sabedoria, que merecem ser lidos do começo ao fim. Este, evidentemente, não é um deles. Mas seu esforço um dia será recompensado. Não desanime, leitor. As tuas glórias vêm do passado.

(http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/danilo-venticinque/noticia/2014/06/arte-perdida-de-bler-um-texto-ate-o-fimb.html)

No trecho “Lembro-me que, no Enem do ano retrasado, um aluno escreveu um trecho do hino de seu time favorito no meio da redação.”, há um erro segundo a gramática normativa, pois

Alternativas
Comentários
  • GABARITO B

     

    Quem Lembra; Lembra de algumas coisa

  • os verbos LEBRAR e ESQUECER quando seguidos de pronome usa-se a preposição, pois são: (VTI).

     

    EX: lembro-ME DE você.

     

    EX:  "João Nogueira lemboru-SE DE que era homem de responsabilidade" ( Graciliano Ramos)

     

    sem o uso do pronome são (VTD). PORTANTO, não se usa preposição.

     

    EX: lembro o fato. esquecemos o mundo. (CERTO)

     

    EX: lembro do fato. esquecemos do mundo. (ERRADO)

     

     

    fonte: A gramática para concursos; 4 edição, Marcelo Rosenthal

  • usa-se virgulas para isolar termos explicativos!

  • Na verdade, o uso da vírgula na assertiva foi necessária porque há um adjunto adverbial de tempo intercalado. 'no ano passado'.

    Caso estivesse na ordem direta da frase, o uso da vírgula poderia ser opcional. No entanto, está intercalado e passa a ser obrigatório, já que se trata de um termo grande.

  • VerBo transitivo indireto. Quem lembra lembra de algo ou alguém.

  • a) Esquecer  seguido de   pr (pronome  oblíquo  átono) ---> VTI --->  pede a   preposção DE

     b) Esquecer  sem o pr  --> VTD -->  sem  preposição

  • Pessoal, alguem poderia explicar porque a palavra “favorito” deveria estar acentuada, por ser uma paroxítona terminada em “o”.? 

  • Daiane, essa alternativa que voçê está falando é incorreta. Não existe esta regra. Foi apenas uma maneira da banca induzir o candidato ao erro.

  • Qual o erro da D? 

  • Eu errei a pergunta por falta de atenção.

    O único item que vai contra a norma realmente é o "b", pq a regência do verbo lembrar, quando pronominal, tem complemento regido por preposição. 

    Todos os outros itens estão corretos. Retrasado é escrito com "S"; escrever, no texto, é um verbo transitivo direto, favorito não é acentuado e o uso das vírgulas está correto, por intercalação de um adjunto adverbial.

  • quem lembra. lembra DE estudar regência.

    ...aliás, não me alembrei...

  • Alguém pode me explicar porque a regência do verbo LEMBRAR seguida pelo pronome oblíquo (ME) exige a preposição (DE), se o verbo sozinho ja faz isso?

  • O verbo LEMBRAR/ESQUECER, podem ser pronominais ou não. 

    Ex. Esqueci=me de passar na faculdade. (Pronomenal) NESSE CASO É UM VTI e necessita de preposição ´´de``

    Ex. Esqueci o terno em cima da mesa. (NÃO Pronomenal). NESSE CASO É UM VTD e não necessita de preprosição

    RESUMINDO. SE TIVER UM PRONOME SERÁ NECESSÁRIO A PREPOSIÇÃO.

     

     

  • O correto seri então: Lembro-me, no Enem do ano retrasado, de (do - um) um aluno que escreveu um trecho do hino de seu time favorito no meio da redação?

     

    Agradeço a resposta.

     

     

  • Não, Thiago Moraes.

    O correto seria: Lembro-me de que, no Enem do ano retrasado, um aluno escreveu... 

     

    Os verbos lembrar e esquecer é tudo ou nada. 

    VTD (sem pronome, sem preposição).

    VTI (com pronome, com preposição).

  • GAB.B

    A regência do verbo “lembrar”, quando seguido de pronome oblíquo, exige o uso da preposição “de”, isto é, “Lembro-me de que”

  • O erro da D, MAyara SAntos, é que não existe essa regra citada. Se fosse óxitona terminado em O, tudo bem, mas paróxitona, NÃO!!!

  • a

    a palavra “retrasado” escreve-se com a letra “z”. - Errada- Não escreve com Z

    b

    a regência do verbo “lembrar”, quando seguido de pronome oblíquo, exige o uso da preposição “de”, isto é, “Lembro-me de que”.- Correta - quem lembra, lembra de alguma coisa. 

    c

     a regência do verbo “escrever” exige um objeto direto e indireto obrigatoriamente, ou seja, quem “escreve”, escreve “algo” “para alguém”, e o autor não mencionou para quem foi escrito o trecho do hino. - Errada - (poderá ser VI, VTD ou VTI, VTDI, dependendo do contexto)

    d

    a palavra “favorito” deveria estar acentuada, por ser uma paroxítona terminada em “o”. - Errada - A palavra não deve ser acentuda.

     

    o uso das vírgulas está incorreto, já que está separando o sujeito do predicado. - Errada - Uso das virgulas está correto, intercalam termo explicativo.

  • Gabarito B

     

    Confira os erros gramátivais mais cometidos.

    https://goo.gl/HauV9G

  • quem lembra, lembra alguma coisa (qnd n pronominais) ou de alma coisa ( qnd pronominais).

    nesse caso tendo o pronome me...

    é obrigatório que TENHA PREPOSIÇÃO

     

    LETRA B

  • Quem LEMBRA, LEMBRA ALGO

    Quem SE LEMBRA, LEMBRA-SE DE ALGO

  •  

    Eu me lembro disto, era o hino do Palmeiras kkkkk 

    Eu lembro isso, era o hino do Palmeiras kkkkkkk

  •  b)

    a regência do verbo “lembrar”, quando seguido de pronome oblíquo, exige o uso da preposição “de”, isto é, “Lembro-me de que”.

    Lembro-me de que, no Enem do ano retrasado, um aluno escreveu um trecho do hino de seu time favorito no meio da redação.

    Quem lembra, lembra de alguma coisa. A regência pede a preposição.

  • Lembrar é verbo transitivo indireto, logo, exige a preposição segundo a norma culta.

  • Quem lembra, lembra DE algo ou DE alguma coisa, logo verbo transitivo indireto e exige preposição.

  • Quem lembra,  lembra algo OU se lembra de algo

  • lembro e esqueço algo

    lembro-me e esqueço-me de algo

  • Gente, CUIDADO Lembrar NÃO É VTI, ele é bitransitivo. Lembre da regrinha tudo/nada. Tudo: Se tiver pronome exige preposição Nada: Sem pronome não exige
  • sempre que fico em duvida entre duas alternantivas escolho a errada CACETE

  • SEM DÚVIDAS, O PROFESSOR ALEXANDRE SOARES REVOLUCIONOU MEUS ESTUDOS EM LÍNGUA PORTUGUESA!

    SEMPRE FUI BOM EM PORTUGUÊS, MAS SEMPRE IA FAZER QUESTÕES E ERRAVA ALGO, POIS ESSE ALGO EU NUNCA TINHA ESTUDADO, E ESSE ALGO ALEXANDRE SOAREZ ME ENSINOU E NENHUM OUTRO PROFESSOR ME ENSINOU.

  • Essa foi minha análise, corrijam caso contenha algum erro.

    A) a palavra “retrasado” escreve-se com a letra “z”. ERRADO

    B) a regência do verbo “lembrar”, quando seguido de pronome oblíquo, exige o uso da preposição “de”, isto é, “Lembro-me de que”. CORRETO

    Quem lembra - lembra algo / Quem lembra-se : lembra-se DE algo : verbos Lembrar e esquecer quando vêm junto com pronome, exigem preposição.

    Portanto o correto é: "Lembro-me de que, no Enem do ano retrasado, um aluno..."

    C) a regência do verbo “escrever” exige um objeto direto e indireto obrigatoriamente, ou seja, quem “escreve”, escreve “algo” “para alguém”, e o autor não mencionou para quem foi escrito o trecho do hino. ERRADO

    Só lembrar que: "quem define a transitividade é a presença do complemento" (Prof. Elias Santana)

    Exemplo: Ele bebe suco - bebe é VTD, pois há relação do que é bebido com o que se bebe.

    Ele bebe muito - bebe é VTI, pois não há relação do que é bebido, mas há um adjunto adverbial modificando o verbo.

    Portando, no período: " um aluno escreveu um trecho do hino..." VTD, pois quem escreve, escreve algo - presença de OD.

    D) a palavra “favorito” deveria estar acentuada, por ser uma paroxítona terminada em “o”. ERRADO

    Fa-vo-ri-ta é paroxítona terminada em A, e a regra é: Não se acentuam paroxítonas terminadas em A, E, O e EM.

    E) o uso das vírgulas está incorreto, já que está separando o sujeito do predicado.

    No período: Lembro-me que, no Enem do ano retrasado, um aluno escreveu um trecho... ERRADO

    "Me" - sujeito

    predicado - "um aluno escreveu..."

    que- conjunção que inicia uma oração subordinada substantiva.

    No Enem do ano retrasado, é um adjunto adverbial deslocado e longo, por isso o uso das vírgulas é obrigatório.

  • As alternativas erradas gritaram tão alto, mas o silêncio da correta (letra b) foi ensurdercedor!