No dia 8 de agosto, um banal cargueiro chinês de 19 mil toneladas saiu de Dalian, no Nordeste da China, em direção ao maior porto europeu, Roterdã, na Holanda, onde deve chegar no dia 11 de setembro. Muitos navios cruzam os oceanos entre os portos chineses e Roterdã todo ano. Mas a viagem desse cargueiro chinês, o Yong Sheng, que está levando equipamento pesado e aço para a Europa, tem um grande significado histórico.
Em vez de tomar a rota tradicional, passando pelo sul da China, o Oceano Índico e o Canal de Suez, o Yong Sheng vai pelo norte, cortando pelos mares gelados do Oceano Ártico. Tomando pela primeira vez um atalho que reduz a viagem de 48 dias para 35 dias, o cargueiro deslanchou uma revolução no transporte e na geopolítica global.
http://noticias.uol.com.br/blogs-e-colunas/coluna/luiz-felipe-alencastro/2013/08/19/nova-rota-maritima-pelo-artico-pode-alterar-comercio-exterior-brasileiro.htm
O interesse no Ártico como via de transporte surgiu especialmente por conta do degelo permanente detectado na área. O governo chinês tem conhecimento dessas mudanças no clima e no meio ambiente do Ártico. O grupo Cosco (China Ocean Shipping Company), uma das maiores empresas de transporte global, fez grandes investimentos para estudar todas as oportunidades de aumentar a presença de transporte chinês na rota do Norte. Ao mesmo tempo, a indústria naval chinesa intensificou a construção de quebra-gelos.
Em 1993, a China que presta atenção em tudo, comprou o quebra-gelo mais poderoso da época da Ucrânia, o Xuelong (Dragão de Neve) e agora está construindo uma frota de quebra-gelos. Pequim tem ambições fortes no Ártico e junto com a empresa finlandesa Aker Arctic Technology esteve construindo inteiramente seu primeiro quebra-gelo de produção própria em um estaleiro chinês, em Xangai, Xuelong 2 (Dragão de Neve-2) que deverá entrar em operação ainda este ano (2019).
A embarcação está equipada com diversos instrumentos científicos e deverá ser usada tanto em expedições à Antártida quanto ao Oceano Ártico.