SóProvas


ID
20200
Banca
FCC
Órgão
Banco do Brasil
Ano
2006
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se à
crônica abaixo.
Facultativo
Estatuto dos Funcionários, artigo 240: "O dia 28 de
outubro será consagrado ao Servidor Público" (com
maiúsculas).
Então é feriado, raciocina o escriturário que, justamente,
tem um "programa" na pauta para essas emergências. Não,
responde-lhe o Governo, que tem o programa de trabalhar; é
consagrado, mas não é feriado.
É, não é, e o dia se passou na dureza, sem ponto
facultativo. Saberão os groenlandeses o que seja ponto
facultativo? (Os brasileiros sabem) É descanso obrigatório no
duro. João Brandão, o de alma virginal, não entendia assim, e lá
um dia em que o Departamento Meteorológico anunciava: "céu
azul, praia, ponto facultativo", não lhe apetecendo a casa nem
as atividades lúdicas, deliberou usar de sua "faculdade" de
assinar o ponto no Instituto Nacional da Goiaba, que, como é do
domínio público, estuda as causas da inexistência dessa
matéria-prima na composição das goiabadas.
Encontrou cerradas as grandes portas de bronze, ouro e
pórfiro
(*), e nenhum sinal de vida nos arredores. (...) Tentou
forçar as portas, mas as portas mantiveram-se surdas e nada
facultativas.
(...) João decidiu-se a penetrar no edifício,
galgando-lhe a fachada e utilizando a vidraça que os serventes
sempre deixam aberta. E começava a fazê-lo com a teimosia
calma dos Brandões quando um vigia brotou da grama e puxouo
pela perna.
- Desce daí, moço. Então não está vendo que é dia de
descansar?
(...) Então não sabe o que quer dizer facultativo?
João pensava saber, mas nesse momento teve a
intuição de que o verdadeiro sentido das palavras não está no
dicionário; está na vida, no uso que delas fazemos. Pensou na
Constituição e nos milhares de leis que declaram obrigatórias
milhares de coisas, e essas coisas, na prática, são facultativas
ou inexistentes. Retirou-se, digno, e foi decifrar palavras
cruzadas.
(*) Pórfiro = tipo de rocha; pedra cristalina.
(Carlos Drummond de Andrade, Obra completa. Rio de
Janeiro: Aguilar, 1967, pp. 758-759)

Está inteiramente correta a pontuação da seguinte frase:

Alternativas
Comentários
  • Na minha opinião a correta pontuação seria:

    d) Note-se que há na crônica, aqui e ali, algumas belas expressões, como: as portas mantiveram-se surdas - por exemplo - que denunciam o poeta que há dentro do cronista.
  • a) O erro da alternativa está na vírgula depois de "Brandão" e na falta de vírgula antes de "sim""Não conhecendo João Brandão, o sentido corrente da expressão ponto facultativo, imaginou que poderia sim, ir trabalhar." Nossa... essa frase tá uma bagunça. Eu entendi e organizei da seguinte forma: Imaginou que poderia, sim, ir trabalhar, porque não conhecia João Brandão o sentido corrente da expressão "ponto facultativo"."Não conhecendo João Brandão o sentido da expressão 'ponto facultativo'" - É uma Oração Subordinada Adverbial Causal Reduzida de Gerúndio. A estrutura da oração é: sujeito + verbo + complemento verbal (objetos direto e indireto) + adjunto adverbial. Desses elementos, o único que vai aparecer isolado por vírgula caso se desloque na oração é o Adjunto Adverbial. Sendo assim, como "João Brandão" é o sujeito, não é marcado por vírgula. "(...) o sentido corrente da expressão ponto facultativo" é o objeto direto e seu complemento, faz parte da estrutura da oração, por isso não é virgulado. A FALTA DE ASPAS em "ponto facultativo" também está deixando a oração incorreta, pois aspas são sinal de pontuação e, como se trata de uma expressão, devem ser usadas."imaginou que poderia, sim, ir trabalhar." - são outras duas orações, uma principal e outra Subordinada Substantiva (que é introduzida pelo "que" substituível por "isso", o qual é conjunção integrante). A vírgula antes de "imaginou" separa orações, e a oração iniciada no "que" não recebe vírgula antecedente porque orações substantivas não são separadas de suas principais. O "sim" deve ser virgulado por tratar-se de adjunto adverbial deslocado.
  • b) O erro da alternativa está na vírgula depois do "que" (não é cabível), na falta de vírgula antes de "para" e no ponto e vírgula onde deveria haver uma vírgula, pois a oração subordinada adjetiva explicativa introduzida pelo pronome relativo "cujo" não traz uma ideia contrária ao que foi dito antes (caso em que se usaria o ponto e vírgula)"Foi tão rápida a aparição do vigia que, o autor para bem representar essa cena, se valeu da expressão brotou da grama; cujo sentido obviamente não é literal"O certo seria:"Foi tão rápida a aparição do vigia que, para bem representar essa cena, se valeu da expressão "brotou da grama", cujo sentido, obviamente, não é literal."", para bem representar essa cena," - é aposto, um termo acessório da oração."'brotou da grama'" - é uma expressão, deve vir entre aspas ou qualquer outra forma de destaque (negrito, itálico... na alternativa está em itálico)", obviamente," - Adjunto adverbial deslocado.c) Os erros são: A vírgula antes de "de que alguém...", pois trata-se de oração subordinada substantiva (pode-se substituir tudo que vem depois do "de" por "isso") / a vírgula antes do "de que era ele...", pelo mesmo motivo da primeira vírgula / a vírgula antes de "que o ignorava", pois se trata de oração subord. adjetiva restritiva, introduzida pelo "que" que é pronome relativo que pode ser substituído por "o qual"."Admirou-se o vigia, de que alguém não soubesse o sentido de facultativo, sequer desconfiando, de que era ele e não João Brandão, que o ignorava."O certo seria:"Admirou-se o vigia de que alguém não soubesse o sentido de facultativo, sequer desconfiando de que era ele e não João Brandão que o ignorava."A vírgula antes de "sequer" separa orações.
  • d) Está correta.Note-se que há na crônica, aqui e ali, algumas belas expressões, como as portas mantiveram-se surdas, por exemplo, que denunciam o poeta que há dentro do cronista.", aqui e ali," - deslocamento de adjunto adverbial de lugar", como as portas..." - Oração Subord. Adv. Comparativa. Todas* as Adverbiais são precedidades de vírgula *menos as comparativas e as consecutivas que tiverem locuções conjuntivas, como:Ela é MENOS carinhosa DO QUE a irmã. (COMPARATIVA)TAL era sua paixão QUE vendeu a casa. (CONSECUTIVA", por exemplo," - expressão explicativa ou retificativa sempre é isolada por vírgulas (aliás, isto é, a saber, ou seja...)", que denunciam o poeta que há dentro do cronista." - esta vírgula que coincide com a vírgula necessária depois de "por exemplo" tem então dois motivos. O segundo motivo dessa vírgula é separar uma Or. Subord. Adjetiva Explicativa, introduzida pelo pronome relativo "que" (que pode ser substituído por "o qual")e) "Diverte-se o cronista com esse hábito tão brasileiro, de não levar as palavras a sério; e que certamente confundiria, um groenlandês que, por aqui, passasse." ERRADOO certo seria:"Diverte-se o cronista com esse hábito, tão brasileiro, de não levar as palavras a sério, e que, certamente, confundiria um groenlandês que, por aqui, passasse." ", tão brasileiro," - Aposto, é um comentário sem verbo. A propósito, as vírgulas que isolam aposto, oração intercalada ou or. subord. adjetiva explicativa podem ser tranquilamente trocadas por travessões ou parênteses, mas trocando por parênteses altera a coerência, pois parênteses caracteriza linguagem conotativa.", e que" - O nexo "e", quando une orações de sujeitos diferentes, é precedido de vírgula.", certamente," - adjunto adverbial deslocado", por aqui," - adjunto adverbial deslocado
  • d) Note-se que há na crônica, aqui e ali, algumas belas expressões, como as portas mantiveram-se surdas, por exemplo, que denunciam o poeta que há dentro do cronista
    AS VIRGULAS NESSE CONTEXTO SERVEM PARA ISOLAR TERMOS EXPLICATIVOS E PODE SER INSERIDO ANTES DO PRONOME RELATIVO QUE.

    VEJA A EXPRESSÃO REESCRITA SEM OS TERMOS EXPLICATIVOS ISOLADOS ENTRE VÍRGULAS:

    Note-se que há na crônica algumas belas expressões, que (AS QUAIS) denunciam o poeta que há dentro do cronista
  • Note-se que há na crônica, aqui e ali, algumas belas expressões, como as portas mantiveram-se surdas, por exemplo, que denunciam o poeta que há dentro do cronista.

    Note-se que há na crônica, algumas belas expressões, como as portas mantiveram-se surdas, por exemplo, que denunciam o poeta que há dentro do cronista.

    Nota-se que ao retirar os termos que estavam entre vírgulas, a frase mantém seu sentido, está correta.