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ID
2037736
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
TCE-PA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Adulto, Luís sofreu um grave acidente automobilístico e teve de amputar o braço esquerdo. Um mês após a amputação e a alta médica, ele foi levado ao hospital por ter sofrido um colapso: isolado da família, havia passado dias bebendo, sem se alimentar adequadamente, e com comportamento violento. Na semana anterior ao colapso, Luís havia se queixado de forte dor no membro amputado, tendo-a descrito como paralisante, aguda e ardente. Como Luís sentia fortes dores no braço desde a infância, em decorrência de outro acidente, e como estava constantemente embriagado desde a amputação, sua família não deu importância a sua queixa, tendo acreditado que ela poderia ser uma memória do acidente ocorrido na infância.

Considerando as teorias do manejo e enfrentamento da dor e do estresse, julgue o item a seguir, acerca da situação hipotética apresentada.

É possível que Luís esteja vivenciando a terceira etapa da síndrome geral de adaptação. Essa etapa é denominada reação de alarme e ocorre quando as reservas de energia do corpo já estão exauridas.

Alternativas
Comentários
  • A reação de alarme é a primeira e não a terceira etapa da SGA

  • Um dos primeiros estudos sobre estresse foi realizado em 1936, pelo pesquisador canadense Hans Selye. Ele submeteu cobaias a estímulos estressores e observou um padrão específico na resposta comportamental e física dos animais. Selye descreveu os sintomas do estresse como a Síndrome Geral de Adaptação, composto de três fases sucessivas: alerta, resistência e exaustão, de acordo com Rocha (2000).

    Fase de alerta 

    Ocorre quando o indivíduo entra em contato com o agente estressor e o seu corpo perde o seu equilíbrio. Têm-se os seguintes sintomas, conforme Rocha (2000):

    1. Mãos e/ou pés frios; 
    2. Boca seca; 
    3. Dor no estômago; 
    4. Aumento de sudorese; 
    5. Tensão e dor muscular, por exemplo, na região dos ombros;
    6. Aperto na manidíbula/ranger os dentes ou roer unhas/ponta da caneta;
    7. Diarréia passageira;
    8. Insônia;
    9. Taquicardia;
    10. Respiração ofegante;
    11. Hipertensão súbita e passageira;
    12. Mudança de apetite;
    13. Agitação;
    14. Entusiasmo súbito.

    Fase da resistência 

    O corpo tenta voltar ao seu equilíbrio, por isso o organismo pode se adaptar ao problema ou eliminá-lo. Têm-se os seguintes sintomas, ainda de acordo com Rocha (2000):

    1. Problemas com a memória; 
    2. Mal-estar generalizado; 
    3. Formigamento nas extremidades;
    4. Sensação de desgaste físico constante; 
    5. Mudança de apetite; 
    6. Aparecimento de problemas dermatológicos; 
    7. Hipertensão arterial; 
    8. Cansaço constante;
    9. Gastrite prolongada; 
    10. Tontura; 
    11. Sensibilidade emotiva excessiva; 
    12. Obsessão com o agente estressor; 
    13. Irritabilidade excessiva; 
    14. Desejo sexual diminuído. 
     

    Fase da Exaustão 

    Pode haver diversos comprometimentos físicos em forma de doença. Conforme Rocha (2000), os sintomas são: 

    1. Diarréias freqüentes; 
    2. Dificuldades sexuais; 
    3. Formigamentos nas extremidades; 
    4. Insônia; 
    5. Tiques nervosos; 
    6. Hipertensão arterial confirmada; 
    7. Problemas dermatológicos prolongados; 
    8. Mudança extrema de apetite; 
    9. Taquicardia; 
    10. Tontura freqüente; 
    11. Úlcera; 
    12. Impossibilidade de trabalhar; 
    13. Pesadelos; 
    14. Apatia; 
    15. Cansaço excessivo; 
    16. Irritabilidade; 
    17. Angústia; 
    18. Hipersensibilidade emotiva; 
    19. Perda do senso de humor. 

  • 5.2) Síndrome da Adaptação Geral (SAG)

    Fases, características e o desencadeamento fisiológico

    A Síndrome de Adaptação Geral (SAG) constitui um conjunto de reações não específicas desencadeadas quando o organismo é exposto a um estímulo ameaçador à manutenção da homeostase. Segundo Selye (1959), essa manifestação constituiu-se de três fases:

    1 - Fase de Alarme : durante esta fase, que corresponde ao estresse agudo, a medula da supra renal secreta hormônios na corrente sangüínea, Ad e Nad, em consequência da ativação do eixo hipotálamo-hipófise-supra renal, liberando ACTH , que se for muito intensa estimula a secreção de glicocorticóides pelo córtex da supra renal. Entretanto, antes que isto ocorra pode haver tendências ao equilíbrio pela ação de "feed-back" negativo do ACTH no hipotálamo. Parte dessa fase assemelha-se à Reação de Emergência de Cannon (Rodrigues, 1989, Pontes, 1987), desencadeadas pela descarga de catecolaminas e glicocorticóides. Há também estimulação do sistema autônomo simpático, podendo exaurir as catecolaminas e levar à fadiga em caso crônico.

    2 - Fase de Resistência : essa fase corresponde ao estresse crônico e o principal gerador de respostas é a glândula adrenal, que secreta permanentemente os glicocorticóides. Há aumento da atividade do córtex da supra renal, com tendências de atrofia do baço, de estruturas linfáticas, leucocitose, diminuição de eosinófilos e ulcerações. Nessa fase a produção de respostas é mais localizada, ocorrendo reações às agressões, como perda de encapsulamento e inflamações. Caso o agente estressor permaneça, a fase também permanece, embora modificada, e o mecanismo de defesa pode falhar levando o indivíduo a entrar numa terceira fase.

    3 - Fase de Exaustão : praticamente há um retorno à fase de alarme e as reações disseminam-se novamente, sendo que seu caráter inicial protetor pode ir além das necessidades causando efeitos indesejáveis, como doenças e até a morte. A reação psicossomática ao estresse pode ser considerada uma falha na defesa e o alerta é traduzido em sistemas somáticos provocando alterações nos tecidos do corpo.