Questão Q687439

Texto I

Rito de Passagem

Um dia seu filho se aproxima e diz, assim como quem não quer nada: “Pai, fiz a barba”. E, a menos que se trate de um pai desnaturado ou de um barbeiro cansado da profissão, a emoção do pai será inevitável. E será uma complexa emoção essa, um misto de assombro, de orgulho, mas também de melancolia. O seu filho, o filhinho que o pai carregou nos braços, é um homem. O tempo passou.

Barba é importante. Sempre foi. Patriarca bíblico que se prezasse usava barba. Rei também. E um fio de barba, ou de bigode, tradicionalmente se constitui numa garantia de honra, talvez não aceita pelos cartórios, mas prezada como tal. Fazer a barba é um rito de passagem.

Como rito de passagem, ele não dura muito. Fazer a barba. No início, é uma revelação; logo passa à condição de rotina, e às vezes de rotina aborrecida. Muitos, aliás, deixam crescer a barba por causa disto, para se ver livre do barbeador ou da lâmina de barbear. Mas, quando seu filho se olha no espelho, e constata que uns poucos e esparsos pelos exigem - ou permitem - o ato de barbear-se, ele seguramente vibra de satisfação.

Nenhum de nós, ao fazer a barba pela primeira vez, pensa que a infância ficou pra trás. E, no entanto, é exatamente isto: o rosto que nos mira do espelho já não é mais o rosto da criança que fomos. É o rosto do adulto que seremos. E os pelos que a água carrega para o ralo da pia levam consigo sonhos e fantasias que não mais voltarão.

É bom ter barba? Essa pergunta não tem resposta. Esta pergunta é como a própria barba: surge implacavelmente, cresce não importa o que façamos. Cresce mesmo depois que expiramos. E muitos de nós expiramos lembrando certamente o rosto da criança que, do fundo do espelho, nos olha sem entender.

(SCLIAR, Moacyr et al. Histórias de grandeza e de miséria. Porto Alegre: L&PM, 2003)

Na frase “Nenhum de nós, ao fazer a barba pela primeira vez, pensa que a infância ficou pra trás.”, a concordância do verbo em destaque justifica-se pela mesma regra aplicada em:

Alternativas

Ninguém chegou.

Qual de nós nunca errou?

A maioria das pessoas chegaram tarde.

Houve muitos problemas.

Mais de um carro se chocaram.

Comentários

Regra:Pronome indefinido ou interrogativo no SINGULAR não se aplica dupla concordância.

Regra:Nenhum(a) de/dos/das no sujeito...verbo ficará na terceira pessoa do singular
Gabarito B

a) Ninguém chegou.

Pronome indefinido = verbo fica no singular, concorda com o aposto.

c) A maioria das pessoas chegaram tarde / A maioria das pessoas chegou tarde.

Chegaram concorda com das pessoas.

Chegou concorda com a maioria.

d) Houve muitos problemas / Existia muitos problemas.

Haver no sentido de existir não varia.

e) Mais de um carro se chocou.

Mais de um = verbo no singular.

Mais de dois = verbo no plural.

b) Qual de nós nunca errou?

Nenhum de nós, ao fazer a barba pela primeira vez, pensa que a infância ficou pra trás.

Pronome indefinido + de + pronome = verbo no singular.

http://www.portuguesnarede.com/2013/03/concordancia-nenhuma-das-pecas.html

Se estiver equivocada, por favor, corrijam-me.
REGRA

1. Pronome (Plural) + Pronome (plural) = tanto faz (singular ou plural)

Ex.: Quais de nós farão / faremos. (Pronome interrogativo plural + Pronome pessoal singular)

Ex.: Muitos de vós farão / fareis.

2. Pronome (singular) + Pronome (plural) = verbo no SINGULAR!!!

Ex.: Qual de nós fará? (Um dos pronomes no singular > obrigatório verbo no SINGULAR!

Ex.: Qual de vós fará?
“Nenhum de nós, ao fazer a barba pela primeira vez, pensa que a infância ficou pra trás.”

“Nenhum de nós, ao fazer a barba pela primeira vez, pensamos que a infância ficou pra trás.”
Mais de um carro se chocaram.

Está correta, pois é uma ação recíproca, para se chocar é necessário mais de um carro.

Ação reflexiva: Mais de um aluno compareceu à escola.

Mais de dois deputados analisaram.

A mesma regra está presente na alternativa B
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no singular:

- Qual de nós é capaz?
GABARITO: B

O verbo “pensa” tem como sujeito a expressão “Nenhum de nós”.

Na regra de concordância, sabemos que, quando o sujeito for constituído de pronome indefinido ou interrogativo plural seguido de “de vós” ou “de nós”, o verbo pode concordar com o pronome ou com a expressão preposicionada.

Quais de nós nunca erraram? / Quais de nós nunca erramos?

Porém, quando o pronome interrogativo ou indefinido for singular, o verbo deve concordar apenas com o pronome. Este é o caso da frase desta questão, pois o sujeito é constituído do pronome indefinido “Nenhum” e da expressão “de nós”. Assim, o verbo deve concordar obrigatoriamente com o núcleo do sujeito.

O mesmo ocorre com a alternativa (B), haja vista que “Qual” é pronome interrogativo singular, seguido de “de nós”.

A alternativa (A) apresenta como sujeito apenas o pronome indefinido “ninguém”.
A alternativa (C) apresenta como sujeito a expressão partitiva “A maioria das pessoas”.
A alternativa (D) não apresenta sujeito, pois o verbo “houve” encontra-se no sentido de existir.
A alternativa (E) apresenta como sujeito a expressão “mais de um”.

Prof. Décio Terror
tem que decorar isso!
B
GAB: B
#PMSE
PRONOMES INTERROGATIVOS OU INDEFINIDOS

Qual de nós conhece a lei

Quais de nós -conhem/conhecemos

-Usa-se o conhecem quando o falante exclui-se na sentença

-Usa-se o conhecemos quando o falante inclui-se na sentença

Nenhum de nós (pronome indefinido, logo adentra nessa regra)
Gabarito B
Ninguém chegou - Sujeito Simples
Qual de nós nunca errou? - Há um todo de onde ele tira 1 item/pessoa/elemento levando o verbo para o singular.
A maioria das pessoas chegaram tarde - Expressão Partitiva
Houve muitos problemas - Haver com sentido de existir é impessoal
Mais de um carro se chocaram - Um grupo ele 2 ou mais elementos (leva o verbo ao plural), + de 1 é = 2 ou +
Tranquilo!
Letra B
Com os pronomes interrogativos ou indefinidos no singular, o verbo concorda com eles em pessoa e número

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