SóProvas


ID
207961
Banca
FCC
Órgão
TRF - 4ª REGIÃO
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A mulher pobre que chega ao caixa de um banco e não
consegue fazer entender sua situação - ela deve pagar uma
fatura de cartão de crédito que lhe foi enviado sem que pedisse,
e que jamais utilizou - é um exemplo corriqueiro do poder das
palavras e da fragilidade de quem não as domina. A mulher
acabará sendo despachada, sem resolver seu problema, pela
impaciência do bancário e de todos os que estão na fila. Duas
carências na mesma pessoa: a de recursos econômicos e a de
linguagem. Nem o conforto de um status prestigiado, nem a
desenvoltura argumentativa de um discurso.
Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a
fundo dessa questão: suas personagens, desamparados retirantes
nordestinos, lutam contra as privações básicas: a de água, a
de comida... e a de linguagem. O narrador desse romance é um
escritor ultraconsciente de seu ofício: sabe que muito da nossa
identidade profunda e da nossa identificação social guarda uma
relação direta com o domínio que temos ou deixamos de ter das
palavras. Não há, para Graciliano, neutralidade em qualquer
discurso: um falante carrega consigo o prestígio ou a humilhação
do que é ou não é capaz de articular.
Nas escolas, o ensino da língua não pode deixar de
considerar essa intersecção entre linguagem e poder. O professor,
bem armado com sua refinada metalinguagem, pode,
evidentemente, reconhecer que há uma específica suficiência
na comunicação que os alunos já trazem consigo; mas terá ele
o direito de não prepará-los para um máximo de competência,
que inclui não apenas uma plena exploração funcional da
língua, mas também o acesso à sua mais alta representação,
que está na literatura?
(Juvenal Mesquita, inédito)

O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do singular para preencher corretamente a lacuna da frase:

Alternativas
Comentários
  • a) Em meio às carências, acaba faltando às personagens de Vidas Secas até mesmo o que as palavras trariam como consolo.

    b) Não costumam suceder a um aluno de escola particular os mesmos embaraços de linguagem de que é tomado o da pública.

    c) Sempre haverão de ocorrer, para uma pessoa como aquela senhora no banco, tão impiedosos constrangimentos?

    d) Jamais faltam a um escritor como Graciliano Ramos, de reconhecido rigor ético, convicções quanto ao poder das palavras.

    e) A falta ou a precariedade da linguagem estão entre as carências que a ninguém devem tomar de assalto.

  •  Mudando a ordem da frase, a concordância fica  clara:

     

    a)  o que as palavras trariam como consolo acaba faltando às personagens de Vidas Secas.

    b) os mesmos embaraços de linguagem de que é tomado o da pública não costumam suceder a um aluno de escola particular .

    c) Sempre haverão de ocorrer tão impiedosos constrangimentos 

    d) Jamais faltam convicções quanto ao poder das palavras.

    e)a ninguém devem tomar de assalto a falta ou a precariedade da linguagem 

  • Certo que é a letra a)

    Sobre a LETRA E)

    Segundo os colegas "DEVER" deve concordar com o sujeito composto "A falta ou a precariedade".
    Quando o sujeito composto é ligado por "OU":

    a)  quando os elementos forem sinônimos = verbo no singular.

    b) quando a ação verbal se aplicar a um dos elementos, com exclusão dos demais = verbo no singular.

    c) numa retificação = verbo concorda com o último elemento.

    d) quando a ação verbal se referir a todos os elementos do sujeto = verbo no plural.


    Porém me veio um dúvida:
    Não estaria o verbo "DEVER" concordando com "as carências" ?

    A falta ou a precariedade da linguagem estão entre as carências que a ninguém ...... (dever) tomar de assalto.

    O "que" seria um Pronome Relativo fazendo referência a "carências"
    AS CARÊNCIAS AS QUAIS/QUE [A NIGUÉM] DEVEM TOMAR DE ASSALTO.
    A NINGUÉM AS CARÊNCIAS DEVEM TOMAR DE ASSALTO

    O que vocês acham?

    De qualquer modo, o verbo ficaria no plural.
    ;-)
  • a questão pede FORMA SINGULAR.  - RESPOSTA - LETRA A. 

    a) Em meio às carências, ...... (acabar) faltando às personagens de Vidas secas até mesmo o que as palavras trariam como consolo.

     o que acaba faltando às personagens? até mesmo o que as palavras trariam como consolo (sujeito oracional) 

    ISSO ACABA FALTANDO (sujeito oracional) - CORRETO 

      b) Não ...... (costumar) suceder a um aluno de escola particular os mesmos embaraços de linguagem de que é tomado o da pública.

    COSTUMAR (verbo auxiliar da locução) irá se flexionar  caso o sujeito esteja no plural. 

    Os mesmos embaraços... não COSTUMAM suceder (locução verbal). 

      c) Sempre ...... (haver) de ocorrer, para uma pessoa como aquela senhora no banco, tão impiedosos constrangimentos?

    verbo haver como auxiliar de uma locução verbas- seguirá o verbo principal- .seria sem locução=.. constrangimentos ocorrerão , assim será: Tão impiedosos constrangimentos HAVERÃO de ocorrer ...

      d) Jamais ...... (faltar) a um escritor como Graciliano Ramos, de reconhecido rigor ético, convicções quanto ao poder das palavras.

    ORDEM DIRETA: Convicções... jamais FALTAM a um escritor...

      e) A falta ou a precariedade da linguagem estão entre as carências que a ninguém ...... (dever) tomar de assalto.

    ou = inclusivo (fica no plural) A FALTA OU A PRECARIEDADE da linguagem.... DEVEM 

  • Gab. A


    a) Em meio às carências, ...acaba... (acabar) faltando às personagens de Vidas secas até mesmo o que as palavras trariam como consolo.

     

    b) Não ...costumam... (costumar) suceder a um aluno de escola particular os mesmos embaraços de linguagem de que é tomado o da pública.

     

    c) Sempre ...hão... (haver) de ocorrer, para uma pessoa como aquela senhora no banco, tão impiedosos constrangimentos?

     

    d) Jamais ...faltam... (faltar) a um escritor como Graciliano Ramos, de reconhecido rigor ético, convicções quanto ao poder das palavras.

     

    e) A falta ou a precariedade da linguagem estão entre as carências que a ninguém ...devem... (dever) tomar de assalto.