SóProvas


ID
2099329
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
IFN-MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.

A rara síndrome que faz homem pensar que está morto

— Bom dia, Martin. Como você está?

— Da mesma forma, eu suponho. Morto.

— O que te faz pensar que está morto?

— E você, doutor? O que te faz pensar que está vivo?

O médico é Paul Broks, neuropsicólogo clínico, que estuda a relação entre a mente, o corpo e o comportamento. O caso de Martin é muito raro, segundo Broks.

— Tenho certeza absoluta que estou vivo, pois estou sentado aqui, conversando com você. Estou respirando, posso ver coisas. Creio que você também faz o mesmo e, por isso, também tenho certeza que você está vivo.

— Não sinto nada. Nada disso é real.

— Você não se sente como antes, ou se sente um pouco deprimido, talvez?

— Nada disso. Não sinto absolutamente nada. Meu cérebro apodreceu, nada mais resta em mim. É hora de me enterrar.

O paciente realmente pensava estar morto ou era uma metáfora? “Ele, literalmente, achava que estava morto”, conta Broks.

— Mas você está pensando nisso. Se está pensando, deve estar vivo. Se não é você, quem estaria pensando?

— Não são pensamentos reais. São somente palavras.

Martin sofria da síndrome de Cotard – também conhecida como delírio de negação ou delírio niilista – uma doença mental que faz a pessoa crer que está morta, que não existe, que está se decompondo ou que perdeu sangue e órgãos internos. A doença mexe com nossa intuição mais básica: a consciência de que existimos.

Todos temos um forte sentido de identidade, uma pequena pessoa que parece viver em algum lugar atrás de nossos olhos e nos faz sentir esse “eu” que cada um de nós somos. O que acontece com Martin, agora que ele não tem esse “homenzinho” na cabeça? Agora que ele pensa que não existe? Há um filósofo que tem a resposta, segundo Broks.

“Descartes dizia que era possível que nosso corpo e nosso cérebro fossem ilusões, mas que não era possível duvidar de que temos uma mente e de que existimos, pois se estamos pensando, existimos”, diz o neuropsicólogo. O paradoxo aqui é que os pacientes de Cotard não conseguem entender o “eu”.

Adam Zeman, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, acredita que o “eu” está representado em diversos lugares do cérebro. “Creio que está representado inúmeras vezes. Está em todas as partes e em nenhuma”, explica Zeman à BBC. Zeman esclarece que, entre essas representações, está a do corpo (o “eu” físico), o “eu” como sujeito de experiências, e nosso “eu” como entidade que se move no tempo e no espaço. “Estamos conscientes de nosso passado e podemos projetar nosso futuro. Então, temos o ‘eu’ corporal, o ‘eu’ subjetivo e o ‘eu’ temporal”, diz Zeman. “Isso é a consciência estendida, o ‘eu’ autobiográfico, o que nos leva ao caso de Graham, um outro paciente com síndrome de Cotard”, diz Broks.

“Ele tentou se suicidar ao jogar um aquecedor elétrico ligado, na água da banheira, mas não sofreu nenhum dano físico sério”, lembra Zeman, que tratou do caso. “Mas estava convencido de que seu cérebro já não estava mais vivo. Quando o questionava, dava uma versão muito persuasiva de sua experiência”, acrescenta.

“Dizia que já não tinha mais necessidade de comer e beber. A maioria de nós alguma vez já se sentiu horrível e se expressou dizendo ‘estar morto’. Mas com Graham era como se ele tivesse sido invadido por essa metáfora”. A maneira como Graham descrevia sua experiência era tão intrigante que neurologistas decidiram observar como seu cérebro se comportava. Zeman estudou o caso com seu colega Steve Laureys, da Universidade de Liége, na Bélgica.

“Para nossa surpresa, o teste de ressonância mostrou que Graham estava dando uma descrição apropriada do estado de seu cérebro, pois a atividade era marcadamente baixa em várias áreas associadas com a experiência do ‘eu’”, conta Zeman. “Analisei exames durante 16 anos e nunca tinha visto um resultado tão anormal de alguém que se mantinha de pé e que se relacionava com outras pessoas. A atividade cerebral de Graham se assemelha a de alguém anestesiado ou dormindo. Ver esse padrão em alguém acordado, até onde sei, é algo muito raro”, completa Laureys. “Ele mesmo dizia que se sentia um morto-vivo. E que passava tempo em um cemitério, pois sentia que tinha mais em comum com os que estavam enterrados”, lembra Zeman.

“Se colocamos alguém em uma máquina de ressonância magnética e pedimos que relaxe, esses são os conjuntos de regiões cerebrais que permanecem mais ativos. São essas regiões que estão ligadas a nossa habilidade de recordar o passado e projetarmos o futuro, a pensar em si e nos outros, bem como às decisões morais”, completa. “Todas essas funções estão associadas ao ‘eu’.” 

No caso de Graham, essa rede não funcionava apropriadamente.

De certa maneira, ele estava morto.

JENKINS, Jolyon. A rara síndrome que faz homem pensar que está morto. Jul. 2016. BBC. Disponível em: . Acesso em: 18 dez. 2016 (Adaptação)

Releia o trecho a seguir.
“São essas regiões que estão ligadas a nossa habilidade de recordar o passado e projetarmos o futuro, a pensar em si e nos outros, bem como às decisões morais”[...]
Em relação ao acento indicador de crase, de acordo com a norma padrão, assinale a alternativa CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito ( C )

    Antes de pronome  possessivo, por exemplo: nossa, minha. A crase é facultativa!

  • No primeiro caso, a crase é facultativa. Os casos onde a crase é facultativa são os seguintes:

     

     - Depois da preposição ATÉ

     

    Antes de pronomes possessivos femininos adjetivos no singular.

     

    - Antes de nomes próprios femininos.

     

    BIZU PARA DECORAR: ATÉ MINHA MARIA

     

     

    No segundo caso, a palavra destaca está ligada ao verbo ligar, pois, quem está ligado, está ligado A, preposição esta que se juntará ao artigo definido AS, ficando como ÀS.

     

     

    Portanto, alternativa correta é a C.

  • Gabarito >>> C

     

    Fala, concurseiraiada!

     

    Como o assunto já foi bem tratado, gostaria de contribuir com uma musiquinha que fiz para não esquecer dos casos facultativos de crase.

    Aliás, sempre dará muito certo fazer musiquinhas.

     

    ♪♩♪♩

    Depois de preposição não há crase não,

    fique ligado aí, mané... que a exceção é da preposição "até",

    muita atenção no que eu digo, o acento grave nesse caso é facultativo,

    também é facultativo antes de pronome possessivo feminino,

    minha, tua, sua, nossa, vossa...você precisa decorar é o que importa,

    e pra terminar, pra ficar granfino, é opcional antes de nome próprio feminino.

                                                                                                               ♪♩♪♩

     

     

    É isso, aí! O bom de fazer as musiquinhas é que você pode errar à vontade, basta dizer que você goza de "licensa poética", rS.

     

    "O sucesso exige sacrifício, se está fácil para você isso quer dizer que ainda não é o suficiente"   Marcos V. Romeiro

  • Ok, antes de pronome possessivo feminino SINGULAR a crase é facultativa, MAS o termo "NOSSA" é um pronome possessivo feminino no PLURAL. Nesse caso a crase deixar de ser facultativa?

  • "Nossa" não é pronome possessivo no plural. "Nossas" é o plural. Caso fosse "nossas", a crase seria obrigatória.

  • Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA

    - Diante de nomes próprios femininos:

    Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:

    Paula é muito bonita.Laura é minha amiga.

    A Paula é muito bonita.A Laura é minha amiga.

    Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

    Entreguei o cartão Paula.Entreguei o cartão Roberto.

    Entreguei o cartão à Paula.Entreguei o cartão ao Roberto.

    Contei Laura o que havia ocorrido na noite passada.Contei a Pedro o que havia ocorrido na noite passada.

    Contei à Laura o que havia ocorrido na noite passada.Contei ao Pedro o que havia ocorrido na noite passada.

    - Diante de pronome possessivo feminino:

    Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:

    Minha avó tem setenta anos.Minha irmã está esperando por você.

    A minha avó tem setenta anos.A minha irmã está esperando por você.

    Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

    Cedi o lugar minha avó.Cedi o lugar meu avô.

    Cedi o lugar à minha avó.Cedi o lugar ao meu avô.

    Diga a sua irmã que estou esperando por ela.Diga a seu irmão que estou esperando por ele.

    Diga à sua irmã que estou esperando por ela.Diga ao seu irmão que estou esperando por ele.

    - Depois da preposição até:

    Fui até a praia.ouFui até à praia.

    Acompanhe-o até porta.ouAcompanhe-o até à porta.

    A palestra vai até as cinco horas da tarde.ouA palestra vai até às cinco horas da tarde.

    Fonte : www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint81.php

    GABA C

     

  • Quando houver pronome possessivo feminino no singular, a crase é facultativa. minha/sua/tua/nossa/vossa

  • Demorei um pouquinho nessa questão mais deu certo.

          

    c) As duas palavras destacadas (“a” e “às”) são regidas pelo verbo “ligar”, porém, no primeiro caso, o acento indicativo de crase é facultativo, no segundo, obrigatório. São ambas regidas sim pelo verbo ligar, pois quem lia, liga a algo ou a alguma coisa. Mas como no primeiro caso há um pronome possessivo a crase é facultativa. Mas no segundo é obrigatório. Decisões substantivo feminino substituíndo por decisões por uma substantivo masculino como aos acerto morais. Com a ocorrência do ao, a crase é obrigatória.

  • São essas regiões que estão ligadas a nossa habilidade[...] Nossa é pronome possessivo feminino, portanto é facultativo o uso da crase.
    [...]bem como às decisões morais. Ligadas é VTI, necessita preposição, portanto é obrigatório o uso de crase.

  • ligadas é verbo na frase? Não seria um predicativo?

  • Letra C: em ambos, a regência é do VERBO ligar (ligada a), porém, no primeiro caso, a crase é facultativa, pois trata-se de um caso de pronome possessivo feminino (NOSSA) ---> antes de pronome possessivo feminino a crase é facultativa: "ligadas a NOSSA habilidade". Já no segundo caso, também regida pelo verbo LIGAR, a crase é obrigatório (quem liga, liga PARA alguém... A alguém), trata-se de VTI + artigo feminino A (decisões - nome feminino)

  • GABARITO C

     

    CASOS FACULTATIVO DE CRASE

    - Diante de nomes próprios femininos:

    Entreguei o cartão Paula.
    Entreguei o cartão à Paula.

    - Diante de pronome possessivo feminino:

    Cedi o lugar minha avó.
    Cedi o lugar à minha avó.

    - Depois da preposição até:

    Fui até a praia.
    Fui até à praia.

     

  • Aprendi crase, não decorei nenhuma regra e nunca mais errei. Segue o vídeo:

    https://www.youtube.com/watch?v=R3QIPDyIFWI&t=

  • Fala galera, venho trazer uma informação. Pode ser que alguém tenha dúvida quanto ao termo regente e ao termo regido. Saber isso poderia facilitar bastante a resolver a questão.

    Havia qualquer problema com a tomada a que ligaram o aparelho. 

    ...[termo regente: ligar a]

    ...[termo regido: (a) tomada]

  • ligadas a nossa -> facultativo

  • GABARITO: LETRA C

    ACRESCENTANDO:

    Tudo o que você precisa para acertar qualquer questão de CRASE:

    I - CASOS PROIBIDOS: (são 15)

    1→ Antes de palavra masculina

    2→ Antes artigo indefinido (Um(ns)/Uma(s))

    3→ Entre expressões c/ palavras repetidas

    4→ Antes de verbos

    5→ Prep. + Palavra plural

    6→ Antes de numeral cardinal (*horas)

    7→ Nome feminino completo

    8→ Antes de Prep. (*Até)

    9→ Em sujeito

    10→ Obj. Direito

    11→ Antes de Dona + Nome próprio (*posse/*figurado)

    12→ Antes pronome pessoalmente

    13→ Antes pronome de tratamento (*senhora/senhorita/própria/outra)

    14→ Antes pronome indefinido

    15→ Antes Pronome demonstrativo(*Aquele/aquela/aquilo)

    II - CASOS ESPECIAIS: (são7)

    1→ Casa/Terra/Distância – C/ especificador – Crase

    2→ Antes de QUE e DE → qnd “A” = Aquela ou Palavra Feminina

    3→ à qual/ às quais → Consequente → Prep. (a)

    4→ Topônimos (gosto de/da_____)

    a) Feminino – C/ crase

    b) Neutro – S/ Crase

    c) Neutro Especificado – C/ Crase

    5→ Paralelismo

    6→ Mudança de sentido (saiu a(`) francesa)

    7→ Loc. Adverbiais de Instrumento (em geral c/ crase)

    III – CASOS FACULTATIVOS (são 3):

    1→ Pron. Possessivo Feminino Sing. + Ñ subentender/substituir palavra feminina

    2→ Após Até

    3→ Antes de nome feminino s/ especificador

    IV – CASOS OBRIGATÓRIOS (são 5):

    1→ Prep. “A” + Artigo “a”

    2→ Prep. + Aquele/Aquela/Aquilo

    3→ Loc. Adverbiais Feminina

    4→ Antes de horas (pode está subentendida)

    5→ A moda de / A maneira de (pode está subentendida)

    FONTE: Português Descomplicado. Professora Flávia Rita