Bo@ t@rde, coleguinha@s!
O novo desenvolvimentismo tem uma curta e recente história na América Latina. Surge no início do século XXI — mais precisamente no Brasil com os escritos de Luiz Carlos Bresser Pereira e alguns documentos do empresariado nacional — como uma suposta alternativa à crise do neoliberalismo. Nasce, portanto, como uma tentativa das classes dominantes e seus ideólogos orgânicos de traçar uma terceira via de desenvolvi- mento, criticando tanto o neoliberalismo do Consenso de Washington quanto o socialismo do século XXI.
Rapidamente grupos ligados à social- -democracia brasileira, que então passaram a ocupar palácios, parlamentos e conselhos de administração de estatais e do grande capital, juntaram-se ao novo desenvolvimentismo e passaram a disputá-lo, visando dar um caráter "social", "estatista" e "nacionalista" à nova ideologia. Criaram uma falsa disputa entre burguesia produtiva e burguesia rentista, Estado e mercado, nacional e estrangeiro, intervencionistas e privatistas, e foram pautados, política e ideologicamente, pelos antigos neoliberais. Continuaram hegemonizados pelas antigas frações dominantes do bloco de poder e passaram a ser linha auxiliar do status quo, influenciando aqui e acolá decisões do governo sem, no entanto, mudar o essencial. Diante dos recentes protestos populares, perderam toda a credibilidade que porventura acumularam nos últimos tempos e hoje buscam se endireitar. Mas ainda deverão permanecer no poder, por conta de ausência de alternativas concretas tanto pela direita quanto pela esquerda.
Como principais propostas, o novo desenvolvimentismo defende: 1) complementariedade da atuação de um Estado forte nas falhas de mercado, com o objetivo de fortalecê-lo, leia-se fortalecer o atual padrão de reprodução do capital imposto desde os anos 1980/90 e aprofundá-lo e consolidá-lo no século XXI; 2) na política econômica: responsabilidade fiscal, superávit primário, metas inflacionárias, câmbio flutuante e tributação regressiva, com intervenções pontuais no câmbio e nos juros; 3) incentivos fiscais, tributários e subsídios para conglomerados do capital monopolista aumentarem suas taxas de lucro, sob o manto de uma política industrial e de inovação tecnológica, a chamada política de "campeãs nacionais"; 4) aumento da massa salarial e do crédito para ampliação do consumo do mercado interno e; 5) nas expressões mais agudas da "questão social", a política social de transferência de renda de larga abrangência e focalizada nas camadas mais miseráveis da nossa sociedade.
http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n119/a09n119.pdf
Gabarito C
Entrevistadora ( Raquel Raichelis ) – Para começar, seria oportuno que você explicitasse o que é o “novo desenvolvimentismo” e por que ele surge na América Latina no final do séculopassado e ganha foros de um novo projeto de desenvolvimento para os países da periferia capitalista, inclusive no Brasil?
Como se vê, o questionamento da entrevistadora é afirmativo, querendo apenas a explicação do entrevistado, em sua visão. o examinador usou o termo Neodesenvolvimentismo, neo é o mesmo que novo.
Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n119/a09n119.pdf >