SóProvas


ID
2112778
Banca
FUNCAB
Órgão
IF-AM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

     São os meios de comunicação, em especial a televisão, que divulgam, em escala mundial, informações (fragmentadas) hoje tomadas como conhecimento, construindo, desse modo, o mundo que conhecemos. Trata-se, na verdade, de processo metonímico – a parte escolhida para ser divulgada, para ser conhecida, vale pelo todo. É como se “o mundo todo” fosse constituído apenas por aqueles fatos/notícias que chegam até nós.

    Informação, porém, não é conhecimento, podendo até ser um passo importante. O conhecimento implica crítica. Ele se baseia na inter-relação e não na fragmentação. Todos temos observado que essa troca do conhecimento pela informação tem resultado na diminuição da criticidade.

    O conhecimento é um processo que prevê a condição de reelaborar o que vem como um “dado”, possibilitando que não sejamos meros reprodutores; inclui a capacidade de elaborações novas, permitindo reconhecer, trazer à superfície o que ainda é virtual, o que, na sociedade, está ainda mal desenhado, com contornos borrados. Para tanto, o conhecimento prevê a construção de uma visão que totalize os fatos, inter-relacionando todas as esferas da sociedade, percebendo que o que está acontecendo em cada uma delas é resultado da dinâmica que faz com que todas interajam, de acordo com as possibilidades daquela formação social, naquele momento histórico; permite perceber, enfim, que os diversos fenômenos da vida social estabelecem suas relações tendo como referência a sociedade como um todo. Para tanto, podemos perceber, as informações – fragmentadas – não são suficientes.

    Os meios de comunicação, sobretudo a televisão, ao produzirem essas informações, transformam em verdadeiros espetáculos os acontecimentos selecionados para se tornar notícias. Já na década de 1960, Guy Debord percebia “na vida contemporânea uma ‘sociedade de espetáculo’, em que a forma mais desenvolvida de mercadoria era antes a imagem que o produto material concreto”, e que “na segunda metade do século XX, a imagem substituiria a estrada de ferro e o automóvel como força motriz da economia”.

    Por sua condição de “espetáculo”, parece que o mais importante na informação passa a ser aquilo que ela tem de atração, de entretenimento. Não podemos nos esquecer, porém, de que as coisas se passam desse modo exatamente para que o conhecimento – e, portanto, a crítica – da realidade fique bastante embaçada ou simplesmente não se dê.

    O conhecimento continua a ser condição indispensável para a crítica. A informação, que parece ocupar o lugar desse conhecimento, tornou-se, ela própria, a base para a reprodução do sistema, uma mercadoria a mais em circulação nessa totalidade.

    A confusão entre conhecimento e informação, entre totalidade e fragmentação, leva à concepção de que a informação veiculada pelos meios é suficiente para a formação do cidadão, de que há um pressuposto de interação entre os meios e os cidadãos e de que todas as vozes circulam igualmente na sociedade.

    É a chamada posição liberal, a qual parece esquecer-se de que ideias, para circular, precisam de instrumentos, de suportes – rádio, televisão, jornal etc. – que custam caro e que, por isso, estão nas mãos daqueles que detêm o capital. [...]

BACCEGA. Maria Aparecida. In: A TV aos 50 – Criticando a televisão brasileira no seu cinquentenário. São Paulo: PerseuAbramo, 2000, p. 106-7.

A gramática normativa censura, no português padrão, a mudança de posição do pronome átono proposta em:

Alternativas
Comentários
  • A letra correta seria a letra b pois não tem palavra atrativa  .Portanto a resposta do gabarito está incorreta.

  • d (o que atrai)

  • Justificativa para D:

    "Não se pospõe pronome átono a verbo flexionado em oração subordinada". Evanildo Bechara.

  • Maurício, você está certo, mas não está começando a oração não: A informação se tornou... quem se tornou? A informação, logo ela é o sujeito; facultando a colocação do pronome

  • Gab D - "de que as coisas se passam desse modo...” (§ 5) / passam-se .

    O pronome RELATIVO "QUE" atrai próclise, mesmo tendo palavras depois dele (...as coisas...) .

  • Mauricio a letra E esta correta por que o sujeito esta explícito e nao há nenhuma palavra atrativa, portanto o emprego do pronome antes ou depois do verbo é facultativa.

    Benânia, a questa quer a incorreta e nao a correta, por isso o gab é a letra D pois o QUE é palavra atrativa exigindo-se o emprego de próclise.

  • Letra E, mas a banca deu como gabarito a D.

  • NA LETRA D "QUE" NÃO É PRONOME RELATIVO. "QUE" É CONJUNÇÃO INTEGRANTE... POR ISSO ATRAI O PRONOME ÁTONO. É UM CASO DE PRÓCLISE OBRIGATÓRIA.