SóProvas


ID
2115571
Banca
INAZ do Pará
Órgão
CRO - RJ
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os netos de Lennon 

Nada como umas boas férias para sofrer uma crise histérica com as crianças. Não com todas, é claro. Refiro-me a um tipo especial de anjinho, cada vez mais frequente na cidade. Seus pais, tios e avós amavam os Beatles e os Rolling Stones. Frutos de uma omelete de teorias libertárias, as gracinhas podem tudo – e atormentam a todos. Há três semanas, um casal foi almoçar lá em casa, com a filha. Servi macarrão com molho al pesto. 

A sinhazinha, do alto dos seus 7 anos, experimentou, torceu o nariz e declarou aos gritos: 

– Está horrível, horrível!

Disfarcei achando que a mãe devia estar morta de vergonha. Coisa nenhuma. Estava feliz, até orgulhosa:

– Minha filha é muito autêntica.

A autêntica começou a bater a colher no prato, espalhando o molho verde pela toalha de renda. Arreganhei os lábios, tenso. O pai sorriu:

– Acho que você não foi muito feliz no cardápio. Ela prefere sundae. Tem mania de misturar sorvete com bacon.

Prometi intimamente servir dobradinha com açúcar queimado se alguma vez os encontrasse de novo pela frente. Quando eu era pequeno, minha mãe me obrigava a comer um pouco e fingir que gostava.

Agora, devo continuar gentil enquanto a jovem gourmande atira um fiapo de espaguete nos meus óculos.

Recentemente, em uma livraria, vi um menino agarrar o rolo de papel da máquina de calcular da caixa. Enquanto a pobre moça tentava salvar suas contas, a mãe assistia à cena placidamente. Conheço outro garoto que, mal chegado à casa alheia, atira-se com os sapatos sujos sobre o sofá, pula nas almofadas e agarra os cinzeiros de vidro sem ouvir um ah! Da mãe, que mantêm a expressão extasiada porque ele "é muito esperto". Estive próximo de um ataque cardíaco certa vez em que decidi levá-lo a passear no shopping. Correr atrás dele pelas lojas equivaleu a um treino para disputar as olimpíadas. Ele simplesmente parecia incapaz de perceber o sentido da palavra "não". Para os espíritos aventureiros, o ideal é ir no fim de semana a algum shopping da moda e conviver com a nova geração de superliberados. São centenas de crianças agitadas como abelhas e propensas a trombar nas pernas alheias, como se os adultos fossem um trambolho incômodo. Pior: O espírito antirrepressor da educação parece resultar em pequenas personalidades autoritárias

: – Pai, eu quero pizza já!

– Mas...

– Já, pai, agora mesmo!

Muitas têm mania que me surpreendem. Levei um susto no restaurante japonês. A menina, de uns 8 anos, chegou com os pais. Pediu, sofisticada:

– Sushi. Mas só de atum, com pouca mostarda. Cuidado, da outra vez você exagerou. Rápido, estou com fome.

O sushiman ficou olhando chocado, com a faca erguida. Fechei os olhos. Quando abri, ela comia agilmente, com os palitinhos nipônicos. Já vi cenas semelhantes em lojas.

Um garoto:

– Este tênis, nunca, nunca!

O pai, tímido:

– Mas é igual ao outro, e mais barato, filho.

– Eu só uso da minha marca!

Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria tem um pé na computação, nenhuma resiste a um videogame. Fazem os pais comprar o que querem e, por isso, os lojistas as recepcionam com sorrisos e suspiros. Perdi uma grande amiga por causa do rebento. Resisti a tudo: mordidas nas almofadas, livros rasgados. Até o dia em que esqueci a parta aberta e ele se pendurou no murinho da varanda do 6° andar, onde vivo. Gritei, assustado:

– Sai daí, você vai cair.

O anjinho sorriu, uma das pernas balançando no espaço. Olhei para o lado: a mãe folheava uma revista calmamente. Eu me senti o próprio Indiana Jones. Dei três saltos, mergulhei de cabeça e o atirei ao chão. A mãe veio, furiosa:

– Você não tinha o direito. Deixou o menino fora de si. Impediu que tivesse a experiência integralmente. Como é que a cabecinha dele vai reagir?

– cair do 6° andar é uma experiência integral?

Muitas vezes, minha vontade é dar um belo beliscão à antiga em algum desses netos de Lennon. Mas me contenho. A culpa afinal não é deles, mas de uma geração de pais com horror à palavra não. E um bom não, sinceramente, não faz mal a ninguém.

CARRASCO, Walcyr. Os netos de Lennon: In: _______O golpe do aniversariante. São Paulo: Ática, 2003, p. 20 -22.

Sobre a concordância verbal destacada em “Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria tem um pé na computação, nenhuma resiste a um videogame.”, é correto afirmar: 

Alternativas
Comentários
  • Questão clássica de concordância verbal

     

    Coletivos partitivos (metade, a maior parte, maioria, etc.) – o verbo fica no singular ou vai para o plural.

     

    Letra B

    Fonte: http://portugues.uol.com.br/gramatica/concordancia-verbal-.html

  • Partitivos e coletivos

    No início era o verbo.

    Depois vieram o nome, a oração...

    E as dúvidas: Uma série de irregularidades foi cometida ou foram cometidas? Um total de 55 questões foi respondido ou foram respondidas? A maioria dos estudantes foi ou foram ao parque?

     

    Quando os primeiros gramáticos estabeleceram os princípios lógicos que norteariam a sintaxe (as relações entre as palavras nas orações), sabiamente determinaram que o verbo concordaria com a parte central do sujeito, isto é, o NÚCLEO.

    Contudo, a língua é um organismo vivo, não é estática, modifica-se ao longo do tempo.

    A concordância dos sujeitos partitivos e coletivos é uma amostra dessa mudança.

    Inicialmente, a concordância era apenas com o núcleo.

    Com o passar do tempo, de tanto as pessoas fazerem a concordância com o adjunto plural em vez do núcleo, como em “Um grupo de dez estudantes foram ao parque”, os gramáticos cederam e passaram a aceitar também a concordância com o adjunto, no caso exclusivo dos nomes coletivos e partitivos.

    Não gostamos dessa concordância porque há substantivos coletivos que repelem a concordância com o adjunto.

    “Equipe” é um deles.

    Fica estranho, por exemplo, “Uma equipe de médicos operaram o paciente no Hospital das Clínicas”.

    É por isso que preferimos a concordância tradicional, que, além de ter melhor sonoridade,  é sempre certa: “Uma série de irregularidades foi cometida”; “Um total de 55 questões foi respondido”; “A maioria dos estudantes foi ao parque”; “Uma equipe de médicos operou o paciente no Hospital das Clínicas”.

    fonte: http://www.portuguesnarede.com/2008/12/partitivos-e-coletivos.html

  • fiquei meio em duvida da alternativa B. 

    EXEMPLO NO MEU ENTENDIMENTO: 

    A maioria das pessoas faltaram (o verbo concorda com "pessoas")

    A maioria das pessoas faltou à reunião (nesse caso sim o verbo concorda com "maioria")

    alternativa E (para mim seria a mais correta)

    Mais da metade dos candidatos não fez a prova

    Mais da metade dos candidatos não fizeram a prova
     

  • Pra mim, a questão foi mal formulada, porque a maioria dos concurseiros sabem/sabe que as expressões partitivas mais determinates, por exemplo, a maioria, a minoria, uma grande parte, uma pequena parte, parte de, metade de, um grande número, um pequeno número, podem tanto o singular quanto o plural. A banca apenas colocou "a maioria tem um pé na computação". Se analisarmos a oração, a concordâcia só será aceita no singular. Porém, pela resposta da banca, ela subentende o determinante anteriormete citado, que é crianças. Portanto, a oração que a banca quer que analisemos é: "A maioria das crianças tem um pé na computação". 

  • Discordo do gabarito. Pois a letra E també está CORRETA...

     

     Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural.

     

    Por Exemplo:

     

    A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.


    Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram nenhuma proposta interessante.

     

    fonte:http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php

     

    Espero ter ajudado.

  • 1) Sujeito formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de,
    a maioria de, a maior parte de, grande parte de... ) seguida de um substantivo ou pronome no plural:
    o verbo pode ficar no singular ou no plural.
    ˃˃ A maioria dos entrevistados concordou / concordaram com a ideia.

     

    2) Sujeito formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos
    de, perto de... ) seguida de numeral e substantivo: o verbo concorda com o substantivo.

    ˃˃ Mais de um aluno conseguiu a média.

    ˃˃ Perto de duzentos políticos compareceram à solenidade.

     

    são regras diferentes por isso que não é a letra E!

  • A alternativa E está incorreta porque trata de um coletivo determinado:  “Mais da metade dos candidatos não fez a prova”

    Nesse caso, o verbo concordará com a palavra coletiva ou com o determinante.

  • CONCORDÂNCIA COM COLETIVOS E PARTITIVOS

     

     

    Está correta a concordância verbal na frase “A maioria dos navios a vela eram feitos de madeira”?

     

     

    Quando o sujeito é um coletivo ou partitivo (exército, alcateia, rebanho, a maior parte de, a maioria dos, a minoria dos etc.), seguido de complemento plural, a concordância verbal pode ser feita com o verbo no singular (concordando com o núcleo do coletivo/partitivo), ou no plural, (concordando com o complemento).

     

    Exemplos:

     

    ·        O exército dos persas atacou/atacaram durante o alvorecer.

    ·        A alcateia de lobos albinos foi/foram derrotada(s) pelos rivais do norte.

    ·        A maioria dos viciados não consegue/conseguem libertar-se da dependência.

    ·        A minoria dos alunos gostava/gostavam daquela professora.

     

    Fonte:Língua Pátria, Pátria Língua.

     

    Gab. B

  • Pessoal....de acordo com a aula da professora de português aqui do QConcursos, a expressão "Metade de" não é partitiva e sim NUMERAL.
    Portanto, na regra de numeral, o verbo concorda com o numeral. No caso de fração, o verbo concordará com o numerador. No caso de decimais, o verbo concordará com o número inteiro. Por isso a letra E está incorreta.

    Ex:
    A metade dos alunos interessou-se pelo assunto (CORRETO).
    A metade dos alunos interessaram-se pelo assunto (ERRADO).

  • Esta questão está incorreta, e cabe anulação pois a palavra maioria (sozinha como exposto na alternativa b, conforme abaixo) somente admite singular, ela não admite plural. Pois o que admitiria plural seria a existência de um substantivo no plural logo após ela, por exemplo: a maioria de crianças.

    Sabemos que o texto, de fato, traz a idéia de que o termo "maioria" esteja se referindo a "crianças". Entretanto: a alternativa está indagando que unicamente a palavra "maioria" admite tanto o singular quanto o plural. Esse é o erro.

    b) Está adequada, pois a expressão ‘a maioria’ admite tanto singular quanto plural.

  • lembrando que  está implícito "crianças". Logo fica: A maioria das crianças tem um pé...

     A maioria deles, a minoria daqueles... A maioria deve está relacionado a algum termo. Assim como como minoria, cerca de...

    Diferente de " multidão" (coletivo) que sozinho fica no singular
    A multidão invadiu o campo

    Amultidão de torcedores invadiu/invadiram o campo

  • Débora Santos, é verdade que na letra E, "Mais da metade" se trata de um NUMERAL e na letra B, "A maioria" se trata de um PARTITIVO, e aí que está o porquê a letra E não pode ser referência para o gabarito B. Um é numeral (admite apenas uma concordância) e o outro é um partitivo (admite 2 concordâncias, a rígida e a atrativa)! Porém, a frase da letra E está correta.

     

    e) “Mais da metade dos candidatos não fez a prova”. (O verbo "fez" no singular concorda com o numeral "metade") CORRETA! 

     

     “Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria tem um pé na computação, nenhuma resiste a um videogame.” (O verbo "ter" no singular (tem) concorda com o partitivo "a maioria" - concordância rígida) CORRETA!

     

     “Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria têm um pé na computação, nenhuma resiste a um videogame.” =

     

    "a maioria (das criançastêm um pé na computação, nenhuma resiste a um videogame.” (O verbo "ter" no plural concorda com o substantivo no plural "crianças" (têm) - concordância atrativa) CORRETA! 

  • O verbo TER  poderá ir para a terceira pessoa do singular ou plural, pois tem expressão coletiva.

     

    A maioria tem um pé na computação, nenhuma resiste a um videogame    OBS. (TEM OU TÊM) caso seja "TEM" concordará com a maioria, ou seja, a expressão coletiva, mas, se for crianças, que está elíptico na frase, será plural "TÊM".

     

    Gabarito: B

     

  • Pq a alternativa E está errada? "mais da metade" não é expressão partitiva? 

  • Questão divia ser anulada. Quando existe termos partitivos, é permitido concordar com o termo partitivo ou com o especificador no plural. Contudo, na questão não existe especificador no plural, logo, o verbo só pode ficar no singular. Ninguém viu isso? Pelo amor de deus!

  • Rafael Salles tem especificador sim, está elíptico: “Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria tem um pé na computação, nenhuma resiste a um videogame.”                    

     

    “[Muitas crianças conhecem grifes, perfumes,] [a maioria (das crianças) tem um pé na computação], [nenhuma (das crianças) resiste a um videogame].”                                                                  ELÍPTICO                                                                ELÍPTICO

  • Tem? o certo não seria tém ou têm? 

  • Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural.

    http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php

    A letra E também está correta. 

  • questão errada... n tem como justificar esse gabarito. A regra de concordâncias das palavras de sentido coletivo é o singular. Somente haverá a concordância facultativa caso esse termo venha especificado por um adjunto adnominal

  • Questão deveria ter sido anulada! Duas alternativas corretas! "B" e "E".

    Mais da metade dos candidatos não fez a prova. = Correto

    Mais da metade dos candidatos não fizeram a prova. = Correto

    A maioria dos candidatos não fez a prova. = Correto

    A maioria dos candidatos não fizeram a prova. = Correto

    Sem contar que "maioria" e "mais da metade" são termos sinônimos.

    Me corrijam se eu estiver equivocado.

  • Em 30/10/2017, às 17:56:32, você respondeu a opção E.Errada!

    Em 04/09/2017, às 22:35:43, você respondeu a opção E.Errada!

     

    Esta eu não vou acertar nunca kk

  • GAB: B

     

    Alternativa E - Os numerais podem ser classificados em:


    a) cardinal: nomeia o número de seres.
    Zero, um, dois, três, quatro...
    Ex.: Há dez vagas para setenta candidatos.

     


    b) ordinal: indica a ordem que o ser ocupa numa série.

    Primeiro, segundo, terceiro, quarto...
    Ex.: Patrícia alugou um apartamento no segundo andar do prédio.

     


    c) multiplicativo: exprime aumentos proporcionais de quantidade, indicando números múltiplos de outros.
    Dobro, triplo, quádruplo...
    Ex.: O jogador ganhou o triplo do valor da aposta.

     


    d) fracionário: indica a diminuição proporcional da quantidade, o seu fracionamento.
    Meio, METADE, terço...
    Ex.: Keilla tomou meio litro de refrigerante.

    Ex.: Comemos a METADE da pizza.

  • 1) Coletivo partitivo: o verbo concorda com a parte ou com o todo.



    Ex. A maioria dos ministros votará a favor.

    Ex. A maioria dos ministros votarão a favor.


    OBS. Só será facultativo (singular ou plural) quando tiver determinante. Ex.: a maioria saiu, só cabe o singular porque não tem determinante.

     

    Fonte: Gran Cursos Online

  • a maioria( DAS CRIANÇAS) tem um pé na computação

     

    CONCORDA TANTO COM MAIORIA QUANTO COM CRIANÇAS.

  • A maioria do meu dinheiro estão perdidos tá beleza, então, né?! 

  • Parecer da Banca: Percebe-se claramente, analisando-se o contexto, que a expressão “das crianças” está implícita após a palavra “maioria”. Apenas uma análise estritamente descontextualizada leva a crer a inexistência de um substantivo no plural. Na alternativa E a regra evidenciada é aquela para sujeito que denota quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de). Conferir página 513 da “Nova Gramática do Português contemporâneo Celso cunha & Lindley Cintra, 6ªed. 2013.”

     

    Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria tem um pé na computação.

    Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria têm um pé na computação.

     

    Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria faz compras.

    Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria fazem compras.

     

    Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria gosta de liberdade.

    Muitas crianças conhecem grifes, perfumes, a maioria gostam de liberdade.

     

    É uma questão de contexto.

    A letra C e E dizem a mesma coisa, logo, não poderia ser uma delas. 

    Na letra D, que foi a que marquei, a palavra multidão é um substantivo coletivo, o verbo deve estar no singular, só deve ficar no plural caso tenha uma especificação e na oração não há, e não há contexto como no enunciado, então não teria como colocar o verbo correr no plural.

    https://portugues.uol.com.br/gramatica/concordancia-verbal-.html

     

    Foi o que consegui interpretar pela justificativa do recurso.

    GAB B

  • INAZ é uma porcaria

  • INAZ é uma porcaria.