Estudos desenvolvidos na Fran- ça p o r Dejours (1987) criticam o modelo taylorista e demonstram que é a organização do trabalho a responsável pelas consequências penosas ou favoráveis para o funcionamento psíquico do trabalhador.
O autor afirma que podem ocor- rer vivências de prazer e/ou de sofrimento n o trabalho, expressas por meio d e sintomas específicos relacionados ao contexto sócio-pro¬ fissional e ã própria estrutura d e personalidade.
"A organização do trabalho exerce sobre o homemuma ação específica, cujo impacto é o aparelho psíquico. E m certas condições emerge um sofrimento que pode ser atri- buído ao choque entre uma história individual, portado- ra de projetos, de esperanças e d e desejos e uma organização do trabalho que os ignora." Dejours (1987)
Os indivíduos reagem de forma diferente às dificuldades das situa- ções de trabalho e chegam a este trabalho com a sua história de vida pessoal. Os problemas, neste contexto, nascem de relações conflituosas. De um lado, encontra-se a pessoa e sua necessidade de prazer; e do outro, a organização, que tende à instituição de um automatismo e à adaptação do trabalhador a um determinado modelo.
A sistematização dos conceitos acima apresentados têm origem na psicopatologia, especificamente na Psicanálise, tendo sido discutidos por Freud nos seus estudos de 1930 no texto "Mal estar da civilização", o que de certa forma dá consistência à proposta da disciplina, denominada pelo próprio Dejours desde 1990 de psicodinâmica do trabalho.
Para Freud, a atividade do homem caminha em duas direções: busca de ausência de sofrimento e desprazer, e de experiência intensa de prazer.
O prazer está relacionado à satisfação de necessidades representadas em alto grau pelo sujeito, tornando-se desta forma, uma manifestação episódica, tendo em vista as contrariedades impostas pela civilização. A esse conceito, acrescenta-se a afirmação de Dejours in Betiol (1994), de que o prazer do trabalhador resulta da descarga de energia psíquica que a tarefa autoriza.