SóProvas


ID
2141983
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Guarulhos - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto “Infância na praia”, de Danuza Leão, para responder à questão.


    Não se pode dar corda à memória: a gente começa brincando, mas ela não faz cerimônia e vai invadindo nossas mentes e nossos corações. Para mim são, ainda e sempre, as recordações da infância na praia muito mais fortes do que eu podia imaginar.

      No terreno das brincadeiras, a mais comum era o caldo: quem não se lembra do terror de levar um? Também se brincava de jogar areia nos outros, aos gritos, para horror dos adultos, e a pior de todas: se deixar ser enterrada ficando só com a cabeça de fora, e todo mundo fingir que ia embora, só de maldade, deixando você sozinha e esquecida.

      No terreno mais leve, a grande proeza era mergulhar e passar por baixo das pernas abertas da prima, lembra? Aliás, essa é uma raça em extinção: as primas. Elas eram muitas, e a convivência, intensa. Hoje, nas cidades grandes, existem poucas tias e pouquíssimas primas.

    As crianças catavam conchas para colar, e era difícil fazer um buraquinho com um prego e um martelinho, sem quebrar a concha, para passar o barbante. As cor-de-rosa eram as mais lindas, e, quando se encontrava um búzio, era uma verdadeira festa. As conchas acabaram; onde terão ido parar?

    No final da tarde, a praia já sem sol, voltavam os barcos de pesca: as pessoas ficavam em volta comprando o peixe nosso de cada dia, que seria feito naquela mesma noite. Naquele tempo não havia nem alface nem tomate nem molho de maracujá, e para dar uma corzinha na comida se usava colorau – já ouviu falar?

    Camarão só às vezes, mas, em compensação, havia cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa. Os peixes eram vendidos por lote, não custavam quase nada, e o que sobrava era distribuído ali mesmo. Mas os fregueses eram honestos, e ninguém deixava de comprar para levar algum de graça, no final das transações.

    Às vezes corria um boato assustador: de que o mar estava cheio de águas-vivas, o que era um acontecimento. Água-viva é uma rodela gelatinosa que, segundo diziam, se encostasse no corpo, queimava como fogo. Ia todo mundo para a beira da água tentando ver alguma, mas ninguém entrava no mar, de medo. No dia seguinte, a areia estava cheia delas, e com uma varinha a gente ficava mexendo, sempre com muito cuidado: afinal, era uma gelatina, mas viva – uma coisa mesmo muito estranha.

    Para evitar queimaduras, se usava óleo Dagele, e se alguém dissesse que anos depois uma massagem de algas, daquelas mesmas algas verdes e marrons com as quais a gente dançava dentro da água, não custaria menos de US$ 100 em Nova York ou Paris, ninguém acreditaria.

    Naquele tempo não havia refrigerantes, não se tomava água gelada, e as crianças rezavam uma ave-maria antes de dormir, sendo que algumas ajoelhadas.

    Não havia abajur nas mesas de cabeceira e na hora de dormir se apagava a luz do teto, com sono ou sem sono, e ficávamos com os pensamentos voando, esperando o sono chegar.

    E ninguém se queixava de nada, até porque não havia do que se queixar, porque era assim e pronto.

(Folha de S.Paulo, 17.04.2005. Adaptado)

Considere a frase do sexto parágrafo:
Camarão só às vezes, mas, em compensação, havia cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.
A frase está reescrita, sem alteração do sentido do texto e de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, em:

Alternativas
Comentários
  •  D, faltavaM  cações

  • Nesta questão foi preciso analisar os conectores. Na frase foi utilizado o conector MAS (ADVERSATIVA => mas, contudo, entretanto, todavia, porém, no entanto, não obstante...)

    Então só restaram duas alternativas, B e D, na D havia erro de ortografia, portanto fiquei a resposta B, é o gabarito da questão. Foi assim que resolvi!!

     

    a)Camarão só às vezes, caso, em compensação, existisse à venda cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa. ( CASO é CONDIÇÃO)

     b)Camarão só às vezes, todavia, em compensação, estavam à disposição cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.( todavia é ADVERSATIVA)

     c)Camarão só às vezes, porque, em compensação, pareciam frescos cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.(PORQUE É EXPLICAÇÃO)

     d)Camarão só às vezes, no entanto, em compensação, não faltavaM cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.(NO ENTANTO É ADVERSATIVA) CONTÉM ERRO DE ORTOGRAFIA

     e)Camarão só às vezes, portanto, em compensação, se vendia a preços módicos cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.(PORTANTO É CONCLUSÃO)

    Espero ter ajudado!!

  • Camarão só às vezes, todavia, em compensação, estavam à disposição cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.

    Gabarito: B

  • Comentário sobre "à disposição" da letra b:

     

    2) Parta-se do princípio de que crase é a fusão de duas vogais idênticas, e o encontro mais corriqueiro dessa natureza é o da preposição "a" com o artigo feminino "a" ou "as", com o resultado de à ou às.

     

    3) Mas não se esqueça que, quando se fala em preposição, pensa-se em uma estrutura sintática, com as partes da oração relacionadas entre si, de modo que, no caso, não é possível responder à indagação tal como formulada, por não se conhecer em que contexto se encontra a expressão discutida.

     

    4) Por isso, para poder responder adequadamente à indagação, formulam-se dois exemplos:

    I) "A disposição dele já não era a mesma...";

    II) "Ele sempre estava a disposição dos companheiros..." (O acento indicativo da crase, em um dos exemplos, foi eliminado de propósito, para efeito de raciocínio).

     

    5) Ora, na prática, quando se quer saber se há crase antes de um substantivo comum feminino (como é o vocábulo disposição no caso da consulta), o melhor é substituir mentalmente tal substantivo feminino por um correspondente masculino, como, por exemplo:

    I) "O entusiasmo dele já não era o mesmo...";

    II) "Ele sempre estava ao dispor dos companheiros..."

     

    6) Feito esse raciocínio simples, então se aplica a seguinte regra geral de crase: se, com a substituição, aparece ao ou aos no masculino, há crase no feminino.

     

    7) E se conclui para o caso da consulta:

    I) "A disposição dele já não era a mesma...";

    II) "Ele sempre estava à disposição dos companheiros..."

  • "Camarão só às vezes, mas (adversativa), em compensação, havia cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa."

     

    a) Camarão só às vezes, caso, em compensação, existisse à venda cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.

        Camarão só às vezes, caso (condicional) , em compensação, existissem à venda cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.                                                                                        

     

     b) Camarão só às vezes, todavia (adversativa), em compensação, estavam à disposição cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa. CORRETA!

        

     c) Camarão só às vezes, porque, em compensação, pareciam frescos cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.

        Camarão só às vezes, porque (explicativa), em compensação, pareciam frescos cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.

     

     d) Camarão só às vezes, no entanto, em compensação, não faltava cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.

        Camarão só às vezes, no entanto (adversativa), em compensação, não faltavam cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.

     

     e) Camarão só às vezes, portanto, em compensação, se vendia a preços módicos cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.

         Camarão só às vezes, portanto (conclusiva), em compensação, se vendia a preços módicos cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.   

  • Mata essa só no todavia : Mas, porém, contudo, TODAVIA, estretanto, no entanto, senão, ao passo que, antes (pelo contrário), já, não obstante, em todo caso.
  • As conjunções adversativas são aquelas que indicam oposição e contraste dentro de uma mesma oração. A classificação das conjunções ocorre com base no seu emprego nas frases porque elas não desempenham função sintática na oração.

    Lista de Conjunções Adversativas

    Mas, porém, contudo, todavia, no entanto, se não, não obstante, ainda assim, apesar disso, mesmo assim, de outra sorte, ao passo que.

    Não  é a  CONJUNÇÃO TODAVIA que mata a questão, e sim a concordância "NÃO FALTAVAM" .

    GABARITO B

  • Primeiro, devemos notar que a conjunção “mas” tem valor adversativo e não pode ser substituída por “caso”, “porque” e “portanto”. Assim, podemos excluir as alternativas (A), (C) e (E).

    A alternativa (D) deve ser excluída porque o verbo “faltava” deve concordar com o sujeito “cações”.

    Assim, a alternativa (B) é a correta. Compare o trecho original com esta alternativa:


    Camar o s às vezes, mas, em compensa o, havia ca es com a carne ri a, que davam uma moqueca muito boa.

    Camarão só às vezes, todavia, em compensação, estavam à disposição cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa.