SóProvas


ID
2141986
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Guarulhos - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto “Infância na praia”, de Danuza Leão, para responder à questão.


    Não se pode dar corda à memória: a gente começa brincando, mas ela não faz cerimônia e vai invadindo nossas mentes e nossos corações. Para mim são, ainda e sempre, as recordações da infância na praia muito mais fortes do que eu podia imaginar.

      No terreno das brincadeiras, a mais comum era o caldo: quem não se lembra do terror de levar um? Também se brincava de jogar areia nos outros, aos gritos, para horror dos adultos, e a pior de todas: se deixar ser enterrada ficando só com a cabeça de fora, e todo mundo fingir que ia embora, só de maldade, deixando você sozinha e esquecida.

      No terreno mais leve, a grande proeza era mergulhar e passar por baixo das pernas abertas da prima, lembra? Aliás, essa é uma raça em extinção: as primas. Elas eram muitas, e a convivência, intensa. Hoje, nas cidades grandes, existem poucas tias e pouquíssimas primas.

    As crianças catavam conchas para colar, e era difícil fazer um buraquinho com um prego e um martelinho, sem quebrar a concha, para passar o barbante. As cor-de-rosa eram as mais lindas, e, quando se encontrava um búzio, era uma verdadeira festa. As conchas acabaram; onde terão ido parar?

    No final da tarde, a praia já sem sol, voltavam os barcos de pesca: as pessoas ficavam em volta comprando o peixe nosso de cada dia, que seria feito naquela mesma noite. Naquele tempo não havia nem alface nem tomate nem molho de maracujá, e para dar uma corzinha na comida se usava colorau – já ouviu falar?

    Camarão só às vezes, mas, em compensação, havia cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa. Os peixes eram vendidos por lote, não custavam quase nada, e o que sobrava era distribuído ali mesmo. Mas os fregueses eram honestos, e ninguém deixava de comprar para levar algum de graça, no final das transações.

    Às vezes corria um boato assustador: de que o mar estava cheio de águas-vivas, o que era um acontecimento. Água-viva é uma rodela gelatinosa que, segundo diziam, se encostasse no corpo, queimava como fogo. Ia todo mundo para a beira da água tentando ver alguma, mas ninguém entrava no mar, de medo. No dia seguinte, a areia estava cheia delas, e com uma varinha a gente ficava mexendo, sempre com muito cuidado: afinal, era uma gelatina, mas viva – uma coisa mesmo muito estranha.

    Para evitar queimaduras, se usava óleo Dagele, e se alguém dissesse que anos depois uma massagem de algas, daquelas mesmas algas verdes e marrons com as quais a gente dançava dentro da água, não custaria menos de US$ 100 em Nova York ou Paris, ninguém acreditaria.

    Naquele tempo não havia refrigerantes, não se tomava água gelada, e as crianças rezavam uma ave-maria antes de dormir, sendo que algumas ajoelhadas.

    Não havia abajur nas mesas de cabeceira e na hora de dormir se apagava a luz do teto, com sono ou sem sono, e ficávamos com os pensamentos voando, esperando o sono chegar.

    E ninguém se queixava de nada, até porque não havia do que se queixar, porque era assim e pronto.

(Folha de S.Paulo, 17.04.2005. Adaptado)

Leia a frase do quarto parágrafo.
As crianças catavam conchas para colar, e era difícil fazer um buraquinho com um prego e um martelinho, sem quebrar a concha, para passar o barbante.
As expressões destacadas na frase podem ser substituí- das corretamente por:

Alternativas
Comentários
  • ''cantavam''

    Após as formas verbais com ditongo nasal final ''ão'', ''õe'', e ''m'' usamos  ''no'', ''na'', ''nos'' ou ''nas''

    Portanto, cantavam-nas.

     

     

    ''fazer um barquinho''

    Após verbos terminados em: ''r'', ''s'', ''z'' usamos ''lo'', ''la'', ''los'' ou ''las''.

    Portanto, fazê-lo.

     

     

    ''quebrar a concha''

    Após verbos terminados em: ''r'', ''s'', ''z'' usamos ''lo'', ''la'', ''los'' ou ''las''.

    Portanto, quebrá-la.

     

    Gabarito A

     

  • Complementando o comentário do colega, o pronome oblíquo LHE substitui complemento verbal( VTI)

  • catavam-nas - OD

    fazê-lo - OD

    quebrá-la - OD

  • a)  catavam-nas / fazê-lo / quebrá-la.   (CORRETO) OBS. Catavam-nas,    Terminada em som nasal ficará NO(S) ou NA(S).  "fazê-lo e  quebrá-la"   Terminada  EM   R, S e Z retira a letra e coloca LO(S) O LA(S) 

     

     

    b) catavam-nas / fazê-lo / quebrar-lhe.    (ERRADA)   OBS.  Quando terminada  EM   R, S e Z retira a letra e coloca LO(S) O LA(S), logo Lhe é para complemento preposicionado

     

    c) catavam-nas / fazer-lhe / quebrar-lhe. (ERRADA)   OBS.  Quando terminada  EM   R, S e Z retira a letra e coloca LO(S) O LA(S), logo Lhe é para complemento preposicionado

     

    d) catavam-lhes / fazê-lo / quebrá-la.  (ERRADA)   OBS. Terminada em som nasal ficará NO(S) ou NA(S), logo Lhe é para complemento preposicionado

     

    e) catavam-lhes / fazer-lhe / quebrá-la. (ERRADA) OBS. Explicação já comentada nas outras.

  • Catava(m) -> catavam-nas (as conchas)
    Faze(r) -> fazê-lo (barquinhos)
    Qubra(r) -> quebrá-la (conchas)

    "lhe" -> refere-se sempre à pessoa.

    GABARITO -> [A]

  • Sempre pergunte ao verbo : "O que?" Se tiver resposta é Verbo Transitivo Direto + Objeto Direto, logo o OD só aceita os pronomes: o, a, os, as.

    Fazendo essa pergunta para os verbos: catavam, fazer e quebrar, nós teremos respostas, logo são todos VTD. 

    O pronome lhe/lhes só é admitido em Verbo Transitivo Indireto.

  • Quem quebra/ cata/ faz, quebra/cata/faz alguma coisa - VTD -  complementado por: o, a, os, as / no, na, nos, nas (terminação nasal) / lo,la, los, las

    Observação:

    VTI:  lhe, lhes / a ele, a eles / a ela, a elas

    GABARITO A

  • Analisando as alternativas 

     

    Considerando que o pronome LHE retorma pessoas e complementa um VTI,geralmente, todas as alternativas abaixo estão eliminadas porque o LHE foi empregado incorretamente.

     

    b) catavam-nas / fazê-lo / quebrar-lhe.

     c) catavam-nas / fazer-lhe / quebrar-lhe.

     d) catavam-lhes / fazê-lo / quebrá-la.

     e) catavam-lhes / fazer-lhe / quebrá-la.

     

     

     

    a)catavam-nas / fazê-lo / quebrá-la.

    Correta

  • Verbos terminados em som nasal -> no, na , nos, nas
    Verbos terminados em R,S Z -> lo, la, los las

  • GABARITO: A

     

    Acho mais fácil resolver vendo a transitividade do verbo.

    Para objeto direto usamos O, A, OS, AS e para objeto indireto usamos LHE, LHES.

     

     

    Bons estudos.

  • Tenho uma dúvida!

    Em [..] era difícil fazer um buraquinho com um prego e um martelinho [...]

    A palavra "difícil" nesse caso não está empregada como advérbio? Nesse caso o emprego do pronome não seria obrigatoriamente atraído pelo advérbio?

     

  • Milene Milani, boa pergunta..

    Para ser advérbio não pode sofrer flexões.

    Talvez a falta da preposição forçe sua inflexibilidade:

    e eram dificeis de fazer um buraquinho.

  • Com calma e utilizando a eliminação, é possível fazer!