SóProvas


ID
2176957
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Rio Branco - AC
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Diploma não é solução
    Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus “koans”. “Koans” eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certezas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em certezas de
jovens e de velhos...
    Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade digo: “Não vou dar dinheiro. Mas
vou dar um conselho. Sou professor emérito da Unicamp. O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”.Aí o sinal fica verde e eu continuo.
    “Mas que desmancha-prazeres você é!”,
vocês me dirão. É verdade. Desmancha-prazeres.
Prazeres inocentes baseados no engano. Porque
aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles
estão enganados.
    Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do mundo. Acabaram de chegar ao último patamar. As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se
submeter os jovens que passaram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. Assim como os nossos jovens agora podem dizer: “Deixei o cursinho. Estou na universidade”.
    Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como prontos para morrer quando uma destas coisas
acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava diploma.
    O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos rudes e sujas.
    Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos
tinham suas pedras.
    (Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos 45 anos seria general.)
    Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. Profissão honrosa é profissão que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem diploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas
oferecidas pelas universidades.
    [...]
    Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é muitas vezes maior que o número de empregos.
    [...]
    Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu sem explicações. Voltou
com a família para o seu país, os Estados Unidos.
Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei: “Como vai o Fulano?”. Respondeu-me: “Felicíssimo. É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país!”. ALVES, Rubem. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo, 25/05/2004. (Adaptado).

Sobre as formas destacadas e numeradas nos segmentos “eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos (1)DISCÍPULOS”/ “(2)AÍ o sinal fica verde e eu (3)CONTINUO.”/ “As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos (4)INICIÁTICOS” é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • GabaritoE

     

     

     

     

    Comentários:

     

     

             (1) DISCÍPULOS

     

    A regra é de que toda palavra proparoxítona é acentuada. Por isso o acento.

     

     

     

             (2) AÍ 

     

    É acentuado por tal regra abaixo:

     

     

    Regra para acentuação de Hiatos

     

    I e U, sozinhas ou seguidas de S, ocupando a posição de um hiato.

     

     

    Ex.: Atraí, aí, saúva, baú, balaústre, país.

     

     

     


    EXCEÇÕES:

     


    Seguidas de NH

     

    Ex.: Rainha, Bainha, Tainha.

     

     


    Antecedidas de Ditongo

     

    Ex.: Feiura, baiuco;

     

     


    Com o “i” duplicado

     

    Ex.: Xiita, adiice, sucuuba.

     

     

     

             (3) CONTINUO 

     

    Toda paroxítona terminada em ditongo crescente, seguido, ou não, de s recebe acento. Essa regra já existia e foi mantida pelo Novo Acordo Ortográfico.

     

     

    Ditongo crescente é: Semivogal + Vogal​

     

    Ex.: Sábio, róseo, Gávea, régua, contínuo.

     

     

             (4) INICIÁTICOS 

     

    A regra é de que toda palavra proparoxítona é acentuada. Por isso o acento.

     

     

     

     

  • Juan Aguiar, comentário  otimo .Ajudou-me bastante!!

  • Gab (E) ,Certinha

    Quem ja ta aqui nas questoes da IBADE  por causa da PM-RN da um salve!

  • paroxítona terminada em ditongo ORAL crescente, seguido, ou não de s, SEMPRE  recebe acento!!!

    (TAMBÉM CHAMADA DE PROPAROXÍTONA APARENTE)

    Ex.: Sábio, róseo, Gávea, régua, contínuo, ÁGUA

     

    HIATO NÃO LEVA ECNTO SE FOR ANTECEDIDO DE DITONGO

    A BAIUCA DO BOCAIUVA ERA UMA FEIURA!!!

     

    OBS.: NÃO LEVAM ACENTO:

    SAIINHA, XIITA  -    "I"  - REPETIDO!

    Rainha, Bainha, Tainha. - APÓS NH

     

    PERDERAM ACENTO OS DITONGOS ABERTOS (EI, OI) NAS PAROXÍTONAS:

    IDEIA, COLMEIA, COREIA, BOIA, PROSOPOPEIA, ONOMATOPEIA, EUROPEIA, PARANOIA, ASTERIODE, PLATEIA, ASSEMBLEIA, HEROICO, ESTREIA

  • Só um adendo ao comentário do colega Juan Aguiar, em relação ao item 3 CONTINUO no sentido da frase é um verbo (primeira pessoa do indicativo) é uma paroxítona terminado em O por isso não acentuada. Diferentemente da palavra CONTÍNUO (adjetivo no sentido de não interrompido) que é acentuada por ser uma paroxítona terminado em ditongo ( e ainda para algumas baNcas, seguindo o novo dicionário, uma proparoxítona aparente)
  • GABARITO: LETRA E

    ACRESCENTANDO:

    Regra de Acentuação para Monossílabas Tônicas:

    Acentuam-se as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s).

    Ex.: má(s), trás, pé(s), mês, só(s), pôs
    Regra de Acentuação para Oxítonas:

    Acentuam-se as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em(-ens).

    Ex.: so(s), axé(s), bon(s), vintém(éns)...

    Regra de Acentuação para Paroxítonas:

    Acentuam-se as terminadas em ditongo crescente ou decrescente (seguido ou não de s), -ão(s) e -ã(s), tritongo e qualquer outra terminação (l, n, um, r, ns, x, i, is, us, ps), exceto as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em(-ens).

    Ex.: hisria, ries, quei(s); órgão(s), órfã, ímãs; águam; cil, glúten, rum, cater, prótons, rax, ri, pis, rus, fórceps.

    Regra de Acentuação para Proparoxítonas:

    Todas são acentuadas. Ex.: álcool, quiem, máscara, nite, álibi, plêiade, náufrago, duúnviro, seriíssimo...

    Regra de Acentuação para os Hiatos Tônicos (I e U):

    Acentuam-se com acento agudo as vogais I e U tônicas (segunda vogal do hiato!), isoladas ou seguidas de S na mesma sílaba, quando formam hiatos.

    Ex.: sa-ú-de, sa-í-da, ba-la-ús-tre, fa-ís-ca, ba-ú(s), a-ça-í(s)...
    FONTE: A GRAMÁTICA PARA CONCURSOS PÚBLICOS 3ª EDIÇÃO FERNANDO PESTANA.

  • AVANTE !

  • Dúvida se é Hiato ou Ditongo Crescente no final?

    Dica:

    • Na sílaba anterior tem acento?

    - Sim: Não separa = Ditongo Crescente (Ex: Média - Mé / dia)

    - Não tem: Separa = Hiato (Ex: Media - Me / dia / a)