SóProvas


ID
2176978
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Rio Branco - AC
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Diploma não é solução
    Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus “koans”. “Koans” eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certezas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em certezas de
jovens e de velhos...
    Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade digo: “Não vou dar dinheiro. Mas
vou dar um conselho. Sou professor emérito da Unicamp. O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”.Aí o sinal fica verde e eu continuo.
    “Mas que desmancha-prazeres você é!”,
vocês me dirão. É verdade. Desmancha-prazeres.
Prazeres inocentes baseados no engano. Porque
aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles
estão enganados.
    Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do mundo. Acabaram de chegar ao último patamar. As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se
submeter os jovens que passaram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. Assim como os nossos jovens agora podem dizer: “Deixei o cursinho. Estou na universidade”.
    Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como prontos para morrer quando uma destas coisas
acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava diploma.
    O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos rudes e sujas.
    Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos
tinham suas pedras.
    (Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos 45 anos seria general.)
    Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. Profissão honrosa é profissão que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem diploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas
oferecidas pelas universidades.
    [...]
    Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é muitas vezes maior que o número de empregos.
    [...]
    Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu sem explicações. Voltou
com a família para o seu país, os Estados Unidos.
Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei: “Como vai o Fulano?”. Respondeu-me: “Felicíssimo. É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país!”. ALVES, Rubem. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo, 25/05/2004. (Adaptado).

Em “Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas oferecidas pelas universidades.” o SE é:

Alternativas
Comentários
  • A fantasia é criada

     

    O SE é um PRONOME APASSIVADOR

  • NO CONTEXTO, O VERBO CRIAR É VERBO TRANSITIVO DIRETO, SENDO ASSIM A PARTÍCULA "SE" É  APASSIVADORA, CONCORDANDO COM O SUJEITO DA ORAÇÃO  "A FANTASIA".

  • Alternativa: D. Pronome apassivador.        

    Tática de resolução: https://www.youtube.com/watch?v=65_Qj9-cFOU&index=9&list=PL6tFLHDq1B8A_CU6TbWwAzXqccX2fEE9f - Professor Deivid Xavier.

    Bons estudos!

     

  • Fantansia é criada    VTD    =    PA

     

     

    PARTÍCULA APASSIVANTE            PRONOME APASSIVADOR  (PA)      NÃO TEM PREPOSIÇÃO   -      VOZ PASSIVA SINTÉTICA.  SOFRE, RECEBE A AÇÃO VERBAL

    Como pronome apassivador o “SE” serve para indicar que a frase está na voz passiva, ou seja, o sujeito sofre a ação praticada por outro agente. Chamamos de sujeito “paciente”. O pronome apassivador segue um VTD (verbo transitivo direto) que esteja na 3ª (terceira) pessoa.

     

                                   Ex.          A pergunta que se  (PA) acha  (VTD)

                                               A pergunta é achada

     

     

                            VIDE Q202979

            VTD      =                   QUEM COMPARTILHA, COMPARTILHA O QUÊ

                                                     QUEM CELEBRA, CELEBRA ALGO.

     

                                  ATENÇÃO PARA O SEGUNDO VERBO AUXILIAR :      PREVALECE O VTD

     

                                      não se (PA) pode descrever,   DESCREVER O QUÊ?

        

                                

    -         VTDI         =                        QUEM

                   Eles se apiedam dos mais humildes.  DE QUEM

           *****    SEMPRE É POSSÍVEL REESCREVER A FRASE PASSANDO PARA A VOZ PASSIVA ANALÍTICA

     

     

     

    VIDE    Q696658

     

                                                                                  VTD   +   SE         +     SUJ PACIENTE

     

                                                                                  PROCURA   -  SE (PA)   CHUVA

     CHUVA É PROCURADA

                                                                                                 

                                                                                  QUEM PROCURA, PROCURA ALGO...

     

     

                    VOZ PASSIVA SINTÉTICA            CONSTATARAM-SE  (PA)   AS OCORRÊNCIAS.

     

                    VOZ PASSIVA ANALÍTICA            As ocorrências são contatadas...

     

                                                                                  QUEM CONSTATA, CONSTATA ALGO...

                                                                                  SABE-SE     (PA)    que tudo passa.  

                                                                                  QUEM SABE, SABE ALGO

     

    BEBEU-SE DO VINHO

    NÃO SE DÁ VALOR

    A vitória não se (PA) limita à conquista

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    VIDE  Q646900

    a)       SE PENSA EM... PREPOSIÇÃO    PIS

     

    b)        considera o quê?     VTD     PA     O fato é considerado

     

    c)      associar-se   A SI MESMO,

      PRONOME  REFLEXIVO:            “A SI MESMO”             viu-se no espelho, afastou-se do amigo

                           PRONOME REFLEXIVO      TROCA POR     A SI MESMO        A SI PRÓPRIO

     

    d)    um novo paradigma foi definido =   VTD  PA

     

    e)  o que deve ser destacado ?       VTD PA

     

  • A fantasia é criada

  • Alternativa mais correta é a letra D
  • GABARITO: D

    Fica mais evidente tratar-se de particula apassivadora ao transpor a oração para a voz passiva analítica (verbo ser + particípio do verbo).

    Ex.: "Então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas oferecidas pelas universidades é criada".

    Bons estudos, guerreiro(a)!

  • errei de bobeira,

    VTD, VB= P.A

    VTI, VI , VL = I.I.S