a) todo o conhecimento científico-natural é científico-social;
Não há mais sentido a concepção mecanicista que faz distinções entre ciências naturais e ciências sociais, ainda mais que os avanços recentes da física e da biologia rechaçam tal dualismo.
b) todo conhecimento é local e total;
No paradigma emergente, o conhecimento é total e, sendo total, é também local, pois é útil aos indivíduos de determinada comunidade. Sendo local, também é total, porque reconstitui os projetos de conhecimento locais, ou seja, incentiva a emigrarem para outros lugares cognitivos. O conhecimento do paradigma emergente, portanto, ao ser total, não é determinístico e, ao ser local, não é descritivista.
c) todo conhecimento é autoconhecimento;
Não se pode mais tolerar a distinção entre sujeito e objeto feita pela ciência moderna. Desse modo, podemos afirmar que todo o conhecimento, ou seja, todo o ato de conhecer o objeto é autoconhecimento, isto é, forma de o cientista conhecer.
d) todo conhecimento científico visa a se constituir em senso comum
A ciência moderna faz do cientista um ignorante especializado e do cidadão comum um ignorante generalizado. O paradigma emergente, ao contrário, entende que nenhum conhecimento é desprezível, e estimula a interação entre os mesmos. Destarte, não despreza o senso comum, pois entende que, apesar de, sozinho, ser conservador, sua interação com o conhecimento científico é extremamente enriquecedora, e cria uma nova racionalidade, a qual é feita de racionalidades.
Fonte: RESENHA CRÍTICA DA OBRA: “Um Discurso Sobre as Ciências”, de Boaventura de Sousa Santos- Monique Bertotti