Os patrimônios culturais são referências formadoras de identidades que podem ser tomadas e valoradas por diversos ângulos. Por muitos anos a tarefa institucional do Estado brasileiro nessa promoção esteve ligada ao IPHAN, Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que se encarregava de afirmar, a partir de conhecimentos técnicos, o que deveria ser considerado patrimônio e, consequentemente, digno de memória, formador de identidade e projeção de futuro. A partir da Constituição de 1988 (artigos 215 e 216) o Estado brasileiro começa a ser impelido a reconhecer o patrimônio não mais apenas a partir do olhar técnico, em construções, mas também tomando em conta a "referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira", ou seja, manifestações não restritas às construções, mas [re]vividas na prática cotidiana como o samba, a capoeira, o grafismo wajãpi. Essa mudança, iniciada ainda no governo Fernando Henrique Cardoso com decreto assinado em 2002 pelo ministro da cultura Francisco Weffort criando a figura do Patrimônio Imaterial, e aprofundada no governo Lula com a atuação do ministro Gilberto Gil, expandiu o fomento público para grupos que não possuem suas histórias marcadas nas construções de pedra e cal. Essa diversidade no fomento produziu uma gama de dinâmicas relacionais entre diversos grupos sociais e suas manifestações culturais junto ao Estado brasileiro e à sociedade. Tais dinâmicas permitiram que grupos não representados na política de patrimônio vigente até então passassem a ser incluídos, notadamente negros e índios, valorizando as "representações sociais formadoras de identidades coletivas". A resposta é letra B.
Gabarito do professor: Letra B