SóProvas


ID
2252965
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
EBSERH
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                 O que é ética hoje?

            Sem uma discussão lúcida sobre a ética não é possível agir com ética

                                                                                                            Marcia Tiburi

A palavra ética aparece em muitos contextos de nossas vidas. Falamos sobre ética em tom de clamor por salvação. Cheios de esperança, alguns com certa empáfia, exigimos ou reclamamos da falta de ética, mas não sabemos exatamente o que queremos dizer com isso. Há um desejo de ética, mas mesmo em relação a ele não conseguimos avançar com ética. Este é nosso primeiro grande problema.

O que falta na abordagem sobre ética é justamente o que nos levaria a sermos éticos. Falta reflexão, falta pensamento crítico, falta entender “o que é” agir e “como” se deve agir. Com tais perguntas é que a ética inicia. Para que ela inicie é preciso sair da mera indignação moral baseada em emoções passageiras, que tantos acham magnífico expor, e chegar à reflexão ética. Aqueles que expõem suas emoções se mostram como pessoas sensíveis, bondosas, creem-se como antecipadamente éticos porque emotivos. Porém, não basta. As emoções em relação à política, à miséria ou à violência, passam e tudo continua como antes. A passagem das emoções indignadas para a elaboração de uma sensibilidade elaborada que possa sustentar a ação boa e justa - o foco de qualquer ética desde sempre - é o que está em jogo.

Falta, para isso, entendimento. Ou seja, compreensão de um sentido comum na nossa reivindicação pela ética. Falta, para se chegar a isso, que haja diálogo, ou seja, capacidade de expor e de ouvir o que a ética pode ser. Clamamos pela ética, mas não sabemos conversar. E para que haja ética é preciso diálogo. E, por isso, permanecemos num círculo vicioso em que só a inação e a ignorância triunfam.

Na inanição intelectual em voga, esperamos que os cultos, os intelectuais, os professores, os jornalistas, todos os que constroem a opinião pública, tragam respostas. Nem estes podem ajudar muito, pois desconhecem ou evitam a profundidade da questão. Há, neste contexto, quem pense que ser corrupto não exclui a ética. E isso não é opinião de ignorantes que não frequentaram escola alguma, mas de muitos ditos “cultos” e “inteligentes”. Quem hoje se preocupa em entender do que se trata? Quem se preocupa em não cair na contradição entre teoria e prática? Em discutir ética para além dos códigos de ética das profissões pensando-a como princípio que deve reger nossas relações?

Exatamente pela falta de compreensão do seu fundamento, do que significa a ética como elemento estrutural para cada um como pessoa e para a sociedade como um todo, é que perdemos de vista a possibilidade de uma realização da ética. A ética não entra em nossas vidas porque nem bem sabemos o que deveria entrar. Nem sabemos como. Mas quando perguntamos pela ética, em geral, é pelo “como fazemos para sermos éticos” que tudo começa. Aí começa também o erro em relação à ética. Pois ético é o que ultrapassa o mero uso que podemos fazer da própria ética quando se trata de sobreviver. Ética é o que diz respeito ao modo de nos comportamos e decidirmos nosso convívio e o modo como partilhamos valores e a própria liberdade. Ela é o sentido da convivência, mais do que o já tão importante respeito do limite próprio e alheio. Portanto, desde que ela diz respeito à relação entre um “eu” e um “tu”, ela envolve pensar o outro, o seu lugar, sua vida, sua potencialidade, seus direitos, como eu o vejo e como posso defendê-lo.

A Ética permanece, porém, sendo uma palavra vã, que usamos a esmo, sem pensar no conteúdo que ela carrega. Ninguém é ético só porque quer parecer ético. Ninguém é ético porque discorda do que se faz contra a ética. Só é ético aquele que enfrenta o limite da própria ação, da racionalidade que a sustenta e luta pela construção de uma sensibilidade que possa dar sentido à felicidade. Mas esta é mais do que satisfação na vida privada. A felicidade de que se trata é a “felicidade política”, ou seja, a vida justa e boa no universo público. A ética quando surgiu na antiguidade tinha este ideal. A felicidade na vida privada – que hoje também se tornou debate em torno do qual cresce a ignorância - depende disso.

Por isso, antes de mais nada, a urgência que se tornou essencial hoje – e que por isso mesmo, por ser essencial, muitos não percebem – é tratar a ética como um trabalho da lucidez quanto ao que estamos fazendo com nosso presente, mas sobretudo, com o que nele se planta e define o rumo futuro. Para isso é preciso renovar nossa capacidade de diálogo e propor um novo projeto de sociedade no qual o bem de todos esteja realmente em vista.

(http://www.marciatiburi.com.br/textos/somoslivre.htm)

Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • a ) sujeito simples

    b ) aposto resumitivo

    c ) sujeito oculto,desinencial,elíptico

    d )sujeito oculto,desinencial,elíptico

    e )sujeito simples

     

    GABA  A

  • CACCIATORE, sua letra D está equivocada, cuidado!

     

    a) Em “[...] E isso não é opinião de ignorantes [...]”, o sujeito é simples, cujo núcleo é formado pelo pronome “isso”. (CORRETO)

     

    b) Em “[...] esperamos que os cultos, os intelectuais, os professores, os jornalistas, todos os que constroem a opinião pública, tragam respostas [...]”. (APOSTO RESUMITIVO)

     

    c)Em “[...] Falamos sobre ética em tom de clamor por salvação. [...]”. (SUJEITO OCULTO NÓS)

     

    d)Em “[...] evitam a profundidade da questão [...]”, a expressão em destaque é predicativo do sujeito. (OBJETO DIRETO)

     

    e)Em “[...] é preciso diálogo [...]”, o termo “diálogo” é um objeto direto que complementa o termo “preciso”. (Sujeito)

  • a)  Em “[...] E isso não é opinião de ignorantes [...]”, o sujeito é simples, cujo núcleo é formado pelo pronome “isso”.  (CORRETO)

     

    b) Em “[...] esperamos que os cultos, os intelectuais, os professores, os jornalistas, todos os que constroem a opinião pública, tragam respostas [...]”, o termo em destaque é complemento nominal dos elementos que o antecedem.     (ERRADO)  OBS. Nesse caso "TODOS" está exercendo função de Aposto Resumitivo.

     

    c) Em “[...] Falamos sobre ética em tom de clamor por salvação. [...]”, o sujeito é indeterminado.     (ERRADO)  OBS. Sujeito está elíptico ou oculto.  Falamos ou Nós Falamos. Segunda pessoa do plural.

     

    d) Em “[...] evitam a profundidade da questão [...]”, a expressão em destaque é predicativo do sujeito.     (ERRADO)  OBS.  Evitam VTD, logo será OD, ou seja, Objeto Direto.

     

    e) Em “[...] é preciso diálogo [...]”, o termo “diálogo” é um objeto direto que complementa o termo “preciso”.    (ERRADO)  OBS. O que é preciso? Diálogo, logo será o sujeito da lucução verbal.

  •  a) Em “[...] E isso não é opinião de ignorantes [...]”, o sujeito é simples, cujo núcleo é formado pelo pronome “isso”. 

    ANÁLISE SINTÁTICA

    O que é que não é opinião de ignorantes? " ISSO",  Logo: E isso não- é  o SUJEITO DA ORAÇÂO. Qual a palavra  que é um substantivo ou possui o seu valor? Logo, isso é o núcleo

     b) Em “[...] esperamos que os cultos, os intelectuais, os professores, os jornalistas, todos os que constroem a opinião pública, tragam respostas [...]”, o termo em destaque é complemento nominal dos elementos que o antecedem.

    ANÁLISE SINTÁTICA

    O termo TODOS(P. INDEFINIDO e que NORMALMENTE FUNCIONA COMO APOSTO RECAPITULATIVO) retoma professores, jornalista e intelectuais, resumindo-os. 

     c) Em “[...] Falamos sobre ética em tom de clamor por salvação. [...]”, o sujeito é indeterminado.

    ANÁLISE SINTÁTICA

    Quem é que falou sobre ética....? > NÓS FALAMOS, Logo o sujeito é oculto, elípitico ou desinêncial

     d) Em “[...] evitam a profundidade da questão [...]”, a expressão em destaque é predicativo do sujeito.

    ANÁLISE SINTÁTICA

    O que é que é evitado? > A PROFUNDIDADE.... Logo sujeito

     e) Em “[...] é preciso diálogo [...]”, o termo “diálogo” é um objeto direto que complementa o termo “preciso”.

    ANÁLISE SINTÁTICA

    O que é que é preciso? >>>> DIÁLOGO

  • a letra D -  não pode ser sujeito pq o verbo está no plural, ele é OD

    evitam a profundidade da questão

    quem evita? "eles"

    evitam o quê? a profundidade da questão