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ID
2259112
Banca
FCM
Órgão
IFF
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

INSTRUÇÃO: A questão deve ser respondida com base no texto 2 a seguir. Leia-o atentamente, antes de responder a essa questão.

TEXTO 2

O telejornalismo ainda é jornalismo?

Débora Cristine Rocha**

    [1º§] Ligo a televisão e ouço o apresentador do telejornal matutino, da maior rede de televisão brasileira, dizer: “Vocês vão me ajudando aí nos nomes, que eu vou falando errado.” Ele estava se referindo a nomes de times de futebol. Como assim, vão ajudando em nomes errados? Não era para ele trazer a informação correta? Não era para ter treinado antes a locução desses nomes? Em uma hora e meia de jornal televisivo, há muitos momentos como este. Uma coisa é informalidade, tirar a sisudez da bancada clássica. Outra é trazer informação incompleta, mal apurada, justificar a falta de profissionalismo como leveza na linguagem jornalística.

    [2º§] Depois de uma hora e meia, descubro que vi uma porção de piadinhas, brincadeirinhas de todo tipo, gírias que forçam a intimidade com o telespectador. E estou mal informada. Preciso recorrer a outros meios para ter o que o telejornalismo deveria ter me dado: informação de qualidade. O episódio não é isolado e não se restringe à televisão, embora obviamente nela se torne mais visível. Motivos para esse estado de coisas? [...] O jornalismo agora tem a obrigação de ser entretenimento, pois levar informação de modo sério e compenetrado está fora de moda. Pois é, nos dias de hoje, informar tem a sazonalidade da moda.

    [3º§] Uma vez que é preciso prender a atenção do telespectador a todo custo, dados os índices de audiência, o método jornalístico que nos perdoe, mas precisa ser descaracterizado. Levamos dezenas de anos para construir esse método, que foi testado exaustivamente e aprovado pela imprensa mundial no decorrer do tempo, mas agora ele não nos serve mais porque o público brasileiro não quer saber de informação de qualidade. O público brasileiro quer saber de pautas leves e descompromissadas. Será mesmo? Do meu humilde ponto de vista, é subestimar demais as pessoas.

    [4º§] Enfim, quando um jornalista trata o colega como ‘gatão’ no ar e torna-se rotina enviar o público ao site do programa para obter informações básicas, que deveriam ser dadas na matéria, a gente sabe que algo anda estranho. Afinal, e a confiança que o público depositou naquele veículo para receber a melhor informação? Credibilidade é um dos pilares jornalísticos. Quando este pilar é comprometido, a essência do jornalismo desmorona.

    [5º§] Ah, é a concorrência com os telejornais populares. Não vamos restringir a questão. O dito telejornalismo popular explora, na verdade, algo que vai além do popular, explora o sensacionalismo. E o embate entre jornalismo e sensacionalismo é histórico, fundamental. Uma coisa é jornalismo; outra é sensacionalismo. Acontece que a busca pelo entretenimento escancarou as portas para a entrada do sensacionalismo com toda a força. Cuidado com isso porque o sensacionalismo privilegia o que é de interesse do público e não o que é de interesse público. Há diferença. [...]

    [6º] [...] O jornalismo nasceu para criticar o poder, e não para desviar a atenção do público das artimanhas engendradas pelo poder. E o entretenimento na sociedade de consumo, as ciências sociais nos ensinam, tem justamente a missão de desviar o foco do que realmente interessa para o que não interessa. Em outras palavras, com este jeito despojado em excesso, o jornalismo passa a servir ao poder que ele deveria criticar, levando a sociedade à alienação: a falta de consciência de que nos fala Marx.

***Débora Cristine Rocha é jornalista, professora doutora em Comunicação e Semiótica, docente da Universidade Anhembi Morumbi e membro do grupo de pesquisa Espacc (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Fonte: Edição 884 do Observatório da Imprensa, disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/tv-em-questao/o-telejornalismo-ainda-e-jornalismo/>. Acesso em 25/09/2016. Texto adaptado.

No trecho: “Em primeiro lugar, o jornalismo agora tem a obrigação de ser entretenimento, pois levar informação de modo sério e compenetrado está fora de moda. Pois é, nos dias de hoje, informar tem a sazonalidade da moda.”, a palavra negritada/ grifada pode ser substituída, sem perda de sentido, por

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: B

     

    Significado de Sazonal

    adj.Que acontece sempre numa mesma época do ano; relacionado com uma época determinada do ano. [Por Extensão] Que realizam um trabalho sempre na mesma época do ano: os cultivadores de figo tem uma colheita sazonal.

     

    Significado de Efêmero

    adj.Que tem pouca duração; que é breve; temporário: sucesso efêmero.Característica do que é temporário; momentâneo:

     

    Diversidade, regularidade e superficialidade têm significados diferentes, por isso não se encaixa no contexto.

     

     

     

  • Outra questão pela intuição. Quatro palavras conhecidas e uma difícel fora da realidade. Essa banca...

  • efêmero, um termo grego que significa “apenas por um dia”. Refere-se a algo passageiro, transitório, de curta duração. Todas as coisas que são efêmeras têm a característica de não durarem muito, de acabarem passado pouco tempo. Na natureza, existem flores que duram apenas um dia.

  • Sazonal é relativo a certo períodos cuja duração é passageira.
  • Banca péssima para questões da língua portuguesa

  • Significado de Sazonal

    adjetivo

    Característico de uma estação; que faz referência às estações.[Por Extensão] 

    Que acontece sempre numa mesma época do ano; relacionado com uma época determinada do ano: ajuste sazonal de impostos.[Por Extensão] 

    Que realizam um trabalho sempre na mesma época do ano: os cultivadores de figo tem uma colheita sazonal.

  • Resposta não deveria ser efemeridade (curta duração) e sim regularidade = sazonalidade (que acontece periodicamente a intervalos regulares como em "colheita sazonal"). Assim, "informar tem a sazonalidade (modificação regular)  da moda". A meu ver questão passível de anulação. 

  • Efêmero: passageiro

    Sazonal: de tempos em tempos

    Durabilidade: pode ser muita ou pouca

    Acertei a questão mas concordo com o Kadmo: a banca não é boa para questões de língua portuguesa, a diferença entre as alternativas é tênue, sempre parece que há opções corretas e sempre há margem para mais de uma interpretação.