SóProvas


ID
2275081
Banca
FCC
Órgão
AL-RN
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      A Gazeta comentou hoje, com fina malícia, uma publicação do Diário Oficial, contendo a lista de todas as patentes de invenção que caíram em caducidade. É realmente interessante a relação dessas “invenções”, que os inventores, desenganados ou desprotegidos, não quiseram ou não puderam explorar: máquinas de beneficiar café, instrumentos de música, selins, carvão, mobílias, dentaduras, carros, tintas, caixões para defuntos, acendedores instantâneos, e que sei mais? não houve ramo de indústria em que o gênio dos “inventores” não se exercitasse.

      A mania de inventar é uma das mais espalhadas. [...]

      Ah! pobre alma humana, sempre devorada por sonhos torturantes, sempre incendida em desejos e ambições ardentes! “Inventar” é a grande e fúlgida Quimera... Inventar é criar: quem inventa é, mais ou menos, o rival de Deus, o êmulo das forças vivas da natureza. Inventar é reproduzir a aventura arrojada de Prometeu: é roubar ao céu um pouco do seu segredo, é entrar em competência com a Divindade, é afrontar a força criadora e misteriosa que rege o universo ... Ousado e rútilo sonho!...

      Desses pobres inventores, desses infelizes filhos e continuadores do Prometeu antigo, quantos acabam desiludidos ou loucos no catre do hospital ou na cela do manicômio! Mas quem haverá que ouse rir dessa loucura ou dessa miséria? A mania da “invenção” é a prova palpável, a demonstração cabal e irrecusável da força da alma humana – dessa mártir encarcerada que vive a bracejar no duro cárcere, querendo partir os liames que a cativam, querendo libertar-se de sua penúria moral, querendo voar e devassar os segredos da vida. Essa doença é o Ideal!

      Confesso que, lendo a relação de patentes publicada pelo Diário Oficial, não tenho a coragem de sorrir. O sentimento, que essa leitura me inspira, é uma mistura de tristeza e de admiração: tristeza pela inanidade dos nossos sonhos, e admiração pelo incansável aspirar, pela ânsia infinita, pela sagrada e perpétua revolta da alma humana contra a sua miséria, e pelo seu eterno desejo de saber, de compreender, de criar, de caminhar para a luz...

                (Olavo Bilac. Obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 490)

A afirmativa correta, considerando-se o emprego de sinais de pontuação no texto, é:

Alternativas
Comentários
  • O professor poderia explicar esta questão?

    Grata.

  • No caso da C (alternativa correta), de fato, a passagem de uma oração subordinada adjetiva explicativa para restritiva, neste texto, não traria prejuízo para a correção embora houvesse mudança do sentido.

    PAX ET BENE

  • Na letra C, houve mudança de -----> Oração subordinada EXPLICATIVA para -----> Oração subordinada RESTRITIVA ----> mudou o sentido, mas a correção se mantém.

  • Apesar de correta a alternativa C, a banca, ao colocar "...sem prejuízo para a correção", não deixou claro se seria em relação a correção gramatical ou não o que tornou a questão bastante difícil ao meu ver.